Evolução e crise da democracia: o resgate das arenas locais de participação para promoção de uma cultura política transformadora (original) (raw)

O espaço local e o estudo dos ganhos democráticos via participação política online

Revista Teoria & Pesquisa, 2012

O artigo tem como objetivo estudar a participação online da perspectiva da sociedade civil, abordando como os processos participativos na internet podem gerar ganhos democráticos para os envolvidos. O trabalho segue a linha teórica que compreende as conversações civis e trocas comunicativas cotidianas como importantes aspectos para entender o envolvimento político do cidadão nas questões que o cercam. Levando em consideração essas questões, o artigo sistematiza quatro categorias de ganhos a serem analisadas: informação, ação educativa, comunidade e monitoramento do poder. Elas serão discutidas à luz do campo teórico e da exemplificação de casos prospectados. Portanto, o trabalho contribui para entender a efetividade da participação na ponta final do processo, além de buscar subsídios para estabelecer ganhos efetivos para o cidadão que participa.

Dilemas da democracia: a representação política nos novos espaços de participação

Ideas, 2009

Resumo O presente artigo tem como objetivo principal discutir os impasses que surgem quando novos espaços de representação são abertos, como o caso dos diversos conselhos, ou seja, entender a presença da sociedade civil em formas alternativas de participação e representação política. Em última instância, trata-se de entender até que ponto a representação e a participação podem conviver na democracia. Para trabalhar essas questões, são utilizados alguns autores que contribuíram para pensar essa nova forma de participação e representação política, destacando, dentre outros aspectos, o processo de reconfiguração da representação em que os atores sociais constroem uma representatividade de índole política por outros meios que não os eleitorais. Pretende-se, com isso, contribuir para a compreensão e o desenvolvimento das práticas democráticas no Brasil.

Mudanças e permanências na cultura política das metrópoles brasileiras

Dados, 2009

A relação entre as esferas econômica e cultural nas ciências sociais permite uma miríade de abordagens teóricas. Recentemente, vários são os cientistas sociais que vêm apontando mudanças nas atitudes e nos valores que orientavam o comportamento político relacionado à cidadania convencional (Marshall, 1967) nas sociedades mais avançadas do capitalismo como consequência das mudanças estruturais iniciadas na segunda metade da década de 1970, com a reestruturação produtiva e a globalização econômica (ver, entre outros,

Crise e reinvenção dos espaços da política [Juliana Rodrigues e Licio Monteiro] (1)

2020

Crise e reinvenção dos espaços da política foi o título do III CONGEO – Congresso Brasileiro de Geografia Política, Geopolítica e Gestão do Território, realizado em setembro de 2018. Os capítulos deste livro foram escritos pelos/as palestrantes do evento. Os textos nos convidam a uma reflexão geográfica para interpretar o tempo de turbulências que atravessamos. Neste momento de transição e incerteza política no Brasil e no mundo, momento em que diferentes crises se combinam e pautam o debate público e acadêmico, a geografia política traz abordagens que contribuem para um diálogo que pretende ir além das fronteiras disciplinares e dos muros da universidade.

Da democracia participativa à desdemocratização no Brasil: instituições de participação em crise

Research, Society and Development

Objetivou-se com este ensaio teórico analisar a relação da participação social com a democracia brasileira nos últimos anos. Considerando que a democracia brasileira está em crise, questiona-se: “Quais as repercussões que tal cenário traz para a democracia participativa e, mais a fundo, para as instituições de participação?”. O ensaio se beneficiou de levantamento bibliográfico e pesquisa documental, sendo analisados casos antagônicos em que a agenda da participação social esteve compreendida: o Decreto Nº 8.243, de 2014, que fortalecia e articulava os mecanismos e as instâncias democráticas, durante o governo da então Presidenta Dilma Rousseff; e o Decreto Nº 9.759, de 2019, que limitou e extinguiu colegiados, do atual Presidente Jair Messias Bolsonaro. Mediante o marco analítico-conceitual de Charles Tilly verifica-se que as repercussões do Decreto Nº 9.759, de 2019, compreendem cenários que antecedem e indicam movimento de desdemocratização em andamento no governo do Presidente J...

Reexistir: apontamentos da articulação entre cultura e política de periferias

Dossiê Reconexão Periferias - Cultura e reexistência nas periferias, 2018

Neste ensaio, a partir de dilemas da ação política emancipatória e na conjuntura de crise de hegemonia no Brasil, apontamos os denominados coletivos de cultura como um dos principais instrumentos de articulação em periferias, onde organizam narrativas sobre a história, a realidade e novas expectativas de vida. Por meio da música, poesia, literatura, dança, artes visuais, comunicação, teatro, esses grupos elaboram um olhar sobre a conjuntura baseado em suas experiências cotidianas, se posicionam politicamente e têm uma influência significativa entre aqueles/as que vivem em seus contextos de atuação. A intervenção territorial baseada na realidade enfrentada no dia a dia, onde se colocam como autores de si próprios – que continuamente reexistem –, faz com que esses grupos construam contra-narrativas frente às tentativas de avanço do conservadorismo. Nestes contextos as expressões culturais não aparecem dissociadas das agendas emergentes locais, como o enfrentamento da violência (das polícias e do crime), direito à moradia, à cidade, à educação, à saúde, aos bens culturais etc. Desta forma, os coletivos culturais de periferias concentram atores estratégicos para qualificar o debate e disputa política, num diálogo com os termos que estes sujeitos tem expressado. Apresentamos aqui algumas estratégias de leitura contextual desses grupos – destacando também caminhos para um necessário avanço empírico para continuidade da análise –, com o objetivo de buscar uma maior articulação entre atuação, demandas e orientações para a ação política.

Perspectivas e desafios da participação em tempos de crise democrática

NAU Social, 2018

Neste artigo parto do reconhecimento de que a nova situação política engendrada no Brasil pelo golpe de 2016, pede a reconsideração da estação participacionista iniciada desde a década de 90 e seguida, nos governos do PT, a partir da eleição do Presidente Lula. A questão de pesquisa aqui posta é a seguinte: a mudada conjuntura política do Brasil nos pede uma reflexão sobre o desgaste do projeto de democracia participativa desdobrado até aqui, e nos impele a repensar a gramática, as formas e a amplidão das dinâmicas participativas do futuro. O objetivo é entender que novas formas está e ainda pode assumir a participação nesta nova conjuntura política, inclusive trazendo como exemplos algumas experiências de Teias entre sujeitos marginalizados na estação anterior. Metodologicamente o trabalho originou de um ciclo de seminários, e se baseia em pesquisa bibliográfica e observação participante.

Participação, cultura política e cidades

Sociologias, 2012

Este trabalho faz uma apresentação comentada dos cinco artigos que constituem o presente dossiê, à luz de referências teóricas e bibliográficas sobre os temas da participação, da cultura política e das cidades. A intenção é contribuir com o debate acerca da democracia participativa e suas implicações na teoria sociológica atual. A apresentação está estruturada de forma a permitir um encadeamento dos temas tratados pelos artigos, iniciando por um resgate do contexto histórico e das referências teóricas sobre as dimensões envolvidas nos conteúdos que estruturam o dossiê.

Participação democrática em territórios de alta vulnerabilidade social : é possível refletir a partir do que já conhecemos?

Revista Brasileira De Gestao E Desenvolvimento Regional, 2014

Uma preocupação central da Gestão Social é a construção e a reinvenção permanente de relações democráticas e participativas que permitam um fluxo de comunicação aberto entre sujeitos políticos, com vistas a um processo de participação política no âmbito societal. Neste trabalho, queremos particularizar esse problema para as coletividades "pouco ativas e pouco articuladas", que chamaremos de grupos ou territórios em situação de alta vulnerabilidade social. Este artigo tem o objetivo de refletir criticamente a respeito das práticas participativas dos atores sociais de um território com essas características. O estudo foi realizado a partir do diálogo entre dados empíricos, acumuladosa partir de uma pesquisa com traços etnográficos, e alguns conceitos da sociologia de Pierre Bourdieu, diálogo esse que permitiu aos autores uma reflexão sobre as políticas públicas, bem como sobre as próprias práticas acadêmicas no campo da Gestão Social. As conclusões provisórias alcançadas apontam que existe risco de essas políticas e práticas, dadas suas condições de produção etnocêntrica, estarem deslegitimando e violentando as

O papel da cultura política no processo de democratização

Diálogos, 2017

Neste artigo se objetiva discutir e relacionar o papel da cultura política ao processo de democratização. Antes de se persuadir da importância desse campo de estudo, mostra-se que a academia buscou a teoria da modernização e a teoria da escolha racional para explicar a democratização. Embora se compreenda a importância dessas abordagens, defende-se que a cultura política surge como aprofundamento da compreensão da democratização. A mudança dos valores sociais acaba por transformar a cultura, constituindo ela em própria em um instrumento imprescindível não somente para a possibilidade de democratização, mas também para a consolidação do regime e a qualidade da democracia. Palavras-chave: democratização. modernização. escolha racional. cultura política.