Transitoriedade e permanência nos espaços em Wong Kar-Wai (original) (raw)
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Entre Linhas de Fuga: sobre lugaridades nos espaços de passagem
Considerando sob uma perspectiva topológica do espaço este trabalho retoma aspectos do “possível” no urbano, cujo caráter residual e fugídio resiste, vive e se recria no cotidiano como campo ativo e dinâmico das práticas sociais. Ao reconhecer a multiplicidade e o rizomático como condições de (re)produção da cidade contemporânea, o trabalho explora práticas que podem atuar como linhas de fuga e que carregam a capacidade de liberarem-se (ainda que momentaneamente) das relações segmentárias e normativas advindas da linha dura (no sentido Deleuze-Guattariano), que recorta a vida cotidiana em códigos binários como lazer-trabalho e partida-chegada. Para isto, questiona-se os espaços de passagem como mera superfície de deslocamento e sua associação à noção generalista de “não-lugar" de Augé. O trabalho consiste na abordagem desses espaços considerando perspectivas para além de sua condição primária do tráfego, destacando qualidades intermitentes e potenciais definidoras de "lugaridades": como a manifestação de traços, rastros, vestígios de lugar que, no entanto, não se depositam ou se adensam em determinado recorte a ponto de definirem um lugar fixado. Evidenciam-se, assim, práticas que podem ativar tais espaços como linhas não neutras, terrenos possíveis de interações socioespaciais, inscrições e partilhas de significados - espaços da coalisão de temporalidades e espacialidades, formativas do espaço urbano. Algumas questões que motivam este trabalho são: Que “práticas de desvio” são estas, e como reconhecê-las nos espaços de passagens, projetados/pensados para os fluxos? De que modo essas práticas (re)tomam a abordagem do espaço urbano? De que modo as mesmas interrogam os conceitos de "lugar" com os quais tentamos explicar a materialidade e a sensibilidade presentes nas relações socioespaciais, e as diferentes maneiras pelas quais nos apropriamos do meio e de nossas relações?
Deslocamentos e espaços de acolhimento na escrita de uma sobrevivente
Aletria: Revista de Estudos de Literatura
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Transitividade e variação construcional
Revista Odisseia
Neste artigo, tratamos da variação em construções transitivas. Nele, discutimos questões relativas ao uso de padrões distintos de codificação da construção transitiva com praticamente o mesmo significado. Nosso objetivo é identificar motivações funcionais favorecedoras da utilização de um ou de outro padrão disponível considerando a frequência token dos types construcionais. Como orientação teórico-metodológica, adotamos a Linguística Funcional Centrada no Uso de viés construcionista. O estudo é predominantemente qualitativo, apoiando-se em suporte quantitativo como instrumento de balização da análise. Para tanto, utilizamos dados de fala e escrita em variados gêneros de fontes diversas. Os resultados apontam a influência de fatores como analogização, por similaridade em grupos de construções com variantes formal e semanticamente aproximadas, e modalidade de língua, considerando o grau de (in)formalidade do contexto discursivo.
Permanência e movimento na cidade: interseções entre espaço, lugar e afetividade
2018
O presente trabalho propoe o dialogo entre dois estudos empiricos, e problematiza os conceitos de lugar e de afetividade, a fim de compreender as relacoes pessoa-cidade, no âmbito da Psicologia Ambiental. O primeiro estudo investigou o modo como ciclistas sao afetados pelo ambiente urbano e como dele se apropriam durante seus deslocamentos diarios e o segundo procurou compreender a relacao que os habitantes de uma cidade tem com a praca central. Ambos os estudos ancoraram-se no conceito de afetividade na cidade como categoria de analise, entendendo-a como o motor da acao-transformacao das pessoas na relacao com o entorno socio fisico. Embora tenham sido realizadas em contextos distintos, as pesquisas utilizaram a entrevista semi-estruturada como tecnica de producao dos dados. As falas dos participantes foram transcritas na integra e submetidas a analise de conteudo. Neste trabalho foram selecionados os fragmentos de narrativas que pudessem alicercar a discussao acerca de afetividade...
Espaço, Fecundidade e Reprodução entre os Pankararu
2016
Este trabalho vem agregar as reflexões sobre reprodução e território entre populações indígenas de áreas reservadas e faz parte de uma pesquisa sobre saúde reprodutiva, ainda em andamento, portanto este texto ainda tem um caráter exploratório e traz evidências qualitativas sobre a sexualidade entre os Pankararu do sertão pernambucano. Os Pankararu foram reconhecidos oficialmente pelo Estado brasileiro em 1938 e passaram por momentos históricos de dificuldades e conflitos fundiários não diferentes das demais populações indígenas de Pernambuco. Entre os mais recentes pode-se indicar o de 1850 quando da aplicação da Lei de Terras do Império que permitia a incorporação pelo Estado e posteriormente redistribuída, as terras de índios que viviam dispersos e misturados (Cunha, 1992). Essa redistribuição das terras provocou uma dinâmica de reorganização dos espaços territoriais em todo sertão de Pernambuco. Em outras palavras, os aldeamentos indígenas estavam em extinção, dando início a um p...
Passagens Experiências de Liberdade em espaços de transição
Revista del Museu de antropologia, 2019
Resumo Neste trabalho apresentamos 5 fragmentos sobre processos de museologia social em Portugal, que demostram o potencial libertador em espaço urbanos. Nos cinco fragmentos, que usamos recorrendo á inspiração de Walter Benjamim, propomos um reconhecimento do mundo como relevância, refletindo a partir da poética museológica na busca do direito á memória como processo de liberdade e criação de justiça cognitiva em espaços de cidadania. Partimos duma abordagem do potencial transformador da ideia de liminaridade, daqueles que se encontram em espaços de fronteira ou de renovação, em que ainda não sendo o que procuram ser, e já não sendo os seres anteriores, encontram-se num interstício que tudo permite. Daqueles que se encontram num momento de passagem. Depois, analisamos os processo de criação de comunidades sustentáveis a partir da educação patrimonial. Com essas interrogações analisamos cinco casos de processos em Portugal para defendermos que a museologia social se pode constituir como uma ferramenta de transformação social para as comunidades em situações de liminaridade, e que essa transição pode ser libertadora e emancipatória através da exploração do potencial das ferramentas da museologia social, como sejam os inventários participativos, as práticas de educação patrimonial e de co criação. Abstract In this work we present five fragments on social museology processes in Portugal, which demonstrate the liberating potential in urban space. In the five fragments, which we use using the inspiration of Walter Benjamim, we propose a recognition of the world as relevance, reflecting from the museological poetics in search for the right to memory as a process of freedom and creation of cognitive justice in spaces of citizenship. We start from an approach to the transforming potential of the idea of liminality, of those who find themselves in frontier or renewal spaces, where they are not what they seek to be, and are no longer the former beings, they are in an interstice that allows everything. Of those who are in a moment of passage. Then, we analyze the processes of creating sustainable communities from heritage education. With these questions, we have analyzed five cases in Portugal to defend that social museology can be a tool for social transformation for communities in situations of liminality, and that this transition can be liberating and emancipatory by exploiting the potential of social museology, such as participatory inventories, heritage education and co-creation practices. Walter Benjamin não chega a publicar a sua obra "Passagens", quando, na sua fuga mal sucedida da fúria nazi, entrega a sua vida e o seu sofrimento a uma dose letal de morfina. Os caminhos da liberdade são por vezes sinuosos. Escolhemos esta metáfora para pensar os processos de transição que estamos a viver nas nossas cidades, como opção de afirmação da liberdade e do uso da memória para construir justiça cognitiva. No seu capítulo "Fourier ou Passagens" incluído no artigo "Paris capital do Século XIX", Benjamim (Benjamin, 2009) fala sobre o modo como as galerias de luxo da capital francesa, cobertas de ferro e vidro, se estavam a tornar atrações fantasmagórica. Lugares em que os engenheiros sibstituiram os arquitetos. No pensamento benjaminiano, esta é uma crítica à transformação da cidade, enquanto espaço de vida, para espaço de consumo. Na nossa opinião, estas são desafios nas nossas cidades do presente. Estamos a viver um processo de transição no nosso mundo e temos a opção de construir cidades de liberdade como lugares de utopia com base na memória das comunidades, ou manter as cidades mercadoria que nos conduzem à asfixia http://dx.