POR UMA (RE)DIMENSÃO ARTEFATUAL DA "PSIQUE HUMANA" - TEORIA ATOR-REDE E PSICOLOGIA (original) (raw)

O QUE NÓS PSICÓLOGOS PODEMOS APRENDER COM A TEORIA ATOR-REDE

Resumo: O objetivo deste deste artigo é traçar um conjunto de relações possíveis entre a Teoria Ator-Rede, proposta por Bruno Latour e a psicologia. Inicialmente expomos de forma breve alguns conceitos-chave do trabalho de Latour, seguido por suas considerações críticas sobre a psicologia. Na seqüência, inspirados nos conceitos expostos na primeira parte, iremos delinear uma análise das características do saber psicológico em sua singularidade, concluindo na reformulação de alguns conceitos básicos deste saber. Palavras-chave: Psicologia, redes, Latour, sinfgularidade e construção do conhecimento.

SARTRE E A PSICANÁLISE NO ESBOÇO DE UMA TEORIA DAS EMOÇÕES

Resumo: Objetivou-se nesta presente pesquisa analisar a compreensão do filósofo francês Jean Paul-Sartre (1905-1980 acerca da psicanálise no contexto muito específico de sua pequena obra Esboço para uma teoria das emoções (1939). A pesquisa consistiu em investigar a argumentação sartreana na referida obra com a finalidade de compreender como o filósofo francês concebe aí a psicanálise freudiana. Baseando sua compreensão na filosofia fenomenológica, Sartre critica a noção de inconsciente posicionando a invenção de Freud ao lado das psicologias tradicionais. Fundamentalmente, o autor busca romper com o modelo psicológico positivista propondo um novo significado para o inconsciente, um significado propriamente fenomenológico, compreendendo este último como uma espécie de "segunda consciência". Assim, o Esboço antecede, em linhas gerais, a leitura fenomenológica de Sartre a respeito da psicanálise, que encontrará plenitude crítica na famosa quarte parte de seu clássico O ser e o nadaensaio de ontologia fenomenológica (1943). As conclusões da pesquisa apontam para dois aspectos centrais acerca da compreensão sartreana da psicanálise no Esboço: 1) que esta pequena obra de Sartre já contém as linhas fundamentais do que será a sua "leitura fenomenológica" da psicanálise; 2) que justamente a forte influência da fenomenologia na compreensão de Sartre a respeito da psicanálise representa, ao mesmo tempo, a profundidade de sua crítica e os limites epistemológicos de sua compreensão.

A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA: A ORIGEM DA FENOMENOLOGIA POSSUI FUNDAMENTOS NA TEORIA ARISTOTÉLICA?

v. 4 n. 3 (2023): Phenomenology, Humanities and Sciences - Tema: A Fenomenologia de Edmund Husserl, 2023

Resumo: Este trabalho analisará as influências da teoria aristotélica nas origens da fenomenologia, especificamente na investigação de Franz Brentano. Debruçaremos sobre a obra em que Brentano se afirma um aristotélico e compararemos com os seus intentos de destacar a psicologia como ciência juntamente com os fundamentos da fenomenologia. Para tal também desenvolveremos a importante noção de intencionalidade para a fenomenologia. E por fim, mostraremos que Brentano não nos parece tão aristotélico o quanto afirma.

O MITO NA TEORIA E NA PRÁTICA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA

A mitologia tem importância essencial na formulação na teoria da psicologia analítica desde seus inícios. Isso porque toda teoria psicológica tem uma psicopatologia que fundamenta seu construto teórico. Lembrando que a psicanálise tem como a histeria como fundamento psicopatológico de seu construto, embora, é claro, Freud se dedicou ao estudo de diversas psicopatologias, a esquizofrenia é a psicopatologia que dá o fundamento teórico para a psicologia analítica de Jung. E o conteúdo esquizofrênico está profundamente imbricado no mito, como veremos a seguir. Podemos resumidamente fazer um desenho estrutural dos percursos de Freud e Jung na construção de suas teorias, um desenho quase estrutural à la Lévi-Strauss, tal a semelhança dos elementos que constituem os percursos dos dois criadores. Freud vai a Paris, trabalhar com Charcot no Hospital Salpetriére, com pacientes histéricos. No sintoma histérico, formula o conceito do recalque para justificar em sua psicodinâmica a existência do inconsciente pessoal. Chega então ao problema da novela familiar, ao complexo de Édipo e ao incesto como origem de toda neurose. Jung no início de sua carreira médica trabalha com Eugen Bleuler no Hospital Burghölzli, próximo a Zurique. Trabalha com os esquizofrênicos, e nos delírios dos esquizofrênicos descobre os mitologemas, ou mitemas, fragmentos de mitos que apontam para uma origem comum, coletiva, desses conteúdos delirantes. Os mitologemas irão dar a pista Jung para a existência do inconsciente coletivo. Além disso, fornecerão ao psiquiatra suíço uma perspectiva simbólica a partir da qual poderá compreender os delírios como tendo um sentido. O delírio não é, portanto impenetrável, como quer a psiquiatria clássica, sem sentido mas tem um sentido próprio, desde que se parta de um pressuposto simbólico para compreendê-lo. Jung seguiu seu mestre Bleuler procurando sempre o conteúdo simbólico das esquizofrenias e não apenas mantendo uma posição descritiva, diagnóstica. O caso 1 Walter BOECHAT Médico, Diplomado pelo Instituto C.G.Jung, Zurich, Suíça, Doutor, Instituto de Medicina Social,/UERJ, Membro Fundador Associação Junguiana do Brasil-AJB, Especialista em Medicina Psicossomática (IMPSIS/RJ) Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Psicologia Junguiana do IBMR/RJ. Do ponto de vista da consciência, se não partirmos de um pressuposto simbólico ou de associações tal aliteração é totalmente incompreensível. Mas Jung persistiu na convicção que todo delírio teria um núcleo compreensível, desde que partamos de um pressuposto simbólico. Em fase posterior, com ligeira melhora da paciente, com melhor comunicação, ela revelou admirar o poeta Schiller, autor do poema O Sino. Babette, filha de importante família suíça, havia sido abandonada no grande hospital cantonal Bürghozli. Sentia-se sem importância, não valendo nada. Delirava, dizendo: eu sou o sino. Era a forma de seu inconsciente dizer: eu sou importante, eu tenho valor, não sou tão sem importância assim... Jung, no começo de sua carreira profissional formula o importante conceito da compensação, de que o delírio opera compensando a atitude da consciência. Este

ÉTICA E PSICOLOGIA: UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE OS ETHOI DA TERAPIA CENTRADA NA PESSOA

This research aims to identify the alterity pictures that lay in each one of the three phases of person-centered therapy, developed by Carl Rogers. It was based on the premise that ethics constitutes Psychology as an independent knowledge, and, therefore, it matters to analyze the way that such theory deals with the problem of difference. As a methodological perspective, it was adopted the Gadamerian hermeneutics, which assumes that every interpretation is also creation, since it is afusion of horizons between a reader full of preconceptions and authors. Specificaly, this work aimedto make a theorical construction throughout many manifestations of alterity in the different phases of Rogers’s thinking, which are non-directive, reflexive and experiential, through the analysis of classic works of each phase. Even though usually analyzed from a technical point of view, in this research it was understood that each of these phases also imply in ethical changes, so that the way the therapist addresses the client acquires new shapes, with moments of larger or smaller openness to alterity. The notion of alterity adopted in this research was Emmanuel Lévinas’s, who postulates that ethics comes before ontology and that, therefore, each one of us has an untransferable responsability to the alterity. During the non-directive phase, as long as Rogers trusts in the clarity that comes from the insight, and therefore keeps closed to the difference of the other, he also gives us conditions to point the presence of the Other of the ignorance, the Other of the narrative, the Other of affectation and the Other of the refraction. During the reflexive phase, in its turn, Rogers moves away from alterity when he insists to be guided by a naturlistic a vitalist vision of human experience, assuming that it has a natural teleology. However, he gets closer to alterity when the gives us the elements to think about the Other of the experience, the Other of acknowledgement, the Other inverted in His reflection and the Other of the relationship and of the contact. About the experiential phase, Rogers opens a very little space to deal with the difference when he bets on a natural harmony ot the organism and on an education toward this harmony. At the same time, he increases the possibility of manifestation of alterity on the Other of the therapist, the Other of experiencing, the Other of incomprehension and the Other of ex-centric authenticity. It is concluded that the changes that Rogers’s work has been through do not implie in phases that follow each other, but in relational conditions that modify each other aiming the meeting with the experience of the Other, and, therefore, affirms the therapeutic relationship as meeting and presence. From an initial appreciation of acceptance, the theory advances toward an emphasis on understanding and, thus, on genuineness. Therefore, it can be said that the main factor in the alterity pictures and in its synthesis is the availability of both, therapist and client, in order to be in touch with the experience of the present and to be open to have it as the element that modifies their practices and conceptions about themselves and the Other.

ANA AZEVEDO - MITO E PSICANÁLISE

ANA AZEVEDO - MITO E PSICANÁLISE , 2004

Um importante jornal de Brasília publicou, há algum tempo, matéria tratando de responder a uma série de dúvidas que comumente temos sobre saúde, alimentação e esporte (por exemplo, se o ovo aumenta o colesterol; se a margarina é melhor que a manteiga, ou se pintas e sinais podem virar câncer). As respostas, todas bastante assertivas e conclusivas, vinham divididas sob duas categorias, ou melhor, dois veredictos: mito ou verdade. Assim, as perguntas sobre o ovo e a margarina foram classificadas de “mito”, e a questão sobre pintas e sinais, de “verdade”

AUTISMOS: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA SE PENSAR O SUJEITO EM PSICANÁLISE

Revista Inter Ação, 2007

A partir de algumas observações clínicas a respeito de crianças autistas, o presente artigo busca identificar aspectos relevantes para avançar na abordagem psicanalítica da subjetividade, especialmente no que respeita à importância da consideração do campo da linguagem e da função da fala no processo de estruturação. Ressalta-se a condição fundamental do gesto simbólico inaugural do nascimento do sujeito, enlaçando o real do organismo na rede discursiva que implica não apenas os ideais sociais, mas principalmente a incidência de um desejo que não seja anônimo.

A (POUCO CONHECIDA) CONTRIBUIÇÃO DE BRENTANO PARA AS PSICOTERAPIAS HUMANISTAS1

Resumo: Este texto se propõe a discutir, entre aqueles vinculados à fenomenologia, o estranho fato de que, ao contrário do que ocorre em relação a Husserl, Heidegger, Sartre ou Merleau-Ponty, poucos parecem reconhecer a importante contribuição de Franz Brentano para as psicoterapias humanistas. Embora não fosse psicólogo, Brentano se dedicou à Psicologia e, como precursor da fenomenologia, foi um desbravador de questões fundamentais que, atualmente, perpassam as bases epistemológicas e filosóficas das abordagens fenomenológicas e humanistas em psicoterapia. Assim, o texto aborda sua teoria da intencionalidade, a Psicologia do Ato e a Filosofia do Presente como contribuições significativas à prática das psicoterapias humanistas. Palavras-chave: Fenomenologia; Brentano; Psicoterapias humanistas; Psicologia.