As tessituras de diálogo África-Diáspora na literatura das escritoras negras Noémia de Sousa, Ntozake Shange e Conceição Evaristo (original) (raw)

Narrativas sobre a Diáspora Africana

Fronteiras: Revista Catarinense de História

Este trabalho visa apresentar uma proposta didática resultante da pesquisa intitulada “Narrativas sobre a Diáspora Africana no Ensino de História: trajetórias de africanos em Desterro/SC no século XIX”. O objetivo da mesma era discutir a construção do conhecimento histórico por meio da produção de narrativas sobre populações de origem africana em Desterro/SC no século XIX, possibilitando aos estudantes evidenciarem e conhecerem a agência destes sujeitos ao longo dos processos históricos. Assim, através da análise de documentos históricos do período, aliada a uma ampla discussão bibliográfica atual sobre a temática, foi produzido um site educativo, o “Narrativas sobre a Diáspora Africana” (http://trajetoriasdadiaspora.com.br/). Este artigo apresenta o desenvolvimento do site e suas possibilidades de trabalho em sala de aula.

Diáspora negra: um olhar... "para além da visão idealizada do africano na bibliografia tradicional"

Impossível dissociar a imagem pejorativa do africano, produzida no âmbito da expansão colonial europeia no Novo Mundo, dos processos de racialização iniciados na Era Vitoriana cujos efeitos nefastos ainda produzem desigualdades sociais, econômicas e políticas em expressiva parcela de povos não europeus que construíram com as próprias mãos a modernidade ocidental. Pretende-se abordar neste artigo algumas inovações nas produções acadêmicas que procuram desconstruir tal imagem resgatando, no âmbito da história, a própria cidadania dos afro-americanos na diáspora.

“La Noire de…” tem nome e tem voz. A narrativa de mulheres africanas anglófonas e francófonas para lá da Mãe África, dos nacionalismos anticoloniais e de outras ocupações

e-cadernos CES, 2011

Resumo: O cânone da literatura africana é constituído maioritariamente por homens, o que significa que a representação dominante da mulher africana é uma construção masculina. Este cânone é marcado ainda pelas resistências anticoloniais do período das independências, no qual os projectos nacionalistas, de cunho patriarcal, construíram para as mulheres uma posição subalterna na idealização da Mãe África ou da Mulher como corporização simbólica da Nação. A estas acresce outra ocupação: a do feminismo ocidental, cuja universalização é denunciada como uma prática colonial exercida sobre as mulheres negras do Sul. A literatura de mulheres africanas é um dos lugares onde prossegue o debate sobre os feminismos e sobre o dilema fundamental entre a busca de solidariedades transnacionais e a expressão das experiências concretas de vida das mulheres nestes contextos. Através da análise de algumas das temáticas de narrativas de mulheres anglófonas e francófonas da África subsaariana, dos anos 60 à actualidade, este artigo pretende cartografar, mesmo que sumariamente, alguns destes debates. Palavras-chave: narrativa de mulheres africanas, feminismos africanos, representação da mulher, nação, africanismo. Apesar do reconhecimento alcançado por várias mulheres escritoras de África, o cânone da "literatura africana" e das literaturas nacionais dos diferentes países do continente continua a ser constituído maioritariamente por homens. Este facto tem vindo a ser denunciado pelas próprias mulheres escritoras, bem como pela crítica feminista, especialmente desde os anos 1980, e tem provocado uma reacção no sentido do uso e do reconhecimento da literatura como arma de afirmação das mulheres, uma arma feminista agindo no imaginário, no discurso, nas ideologias (Chukwuma, 2006: 1). A subalternização das mulheres no panorama cultural não é um fenómeno exclusivo do Catarina Martins 120 continente africano, mas revela algumas especificidades que interessa destacar, não tanto no que concerne problemas de ordem social, mas sobretudo na perspectiva cultural e política que diz respeito à construção da noção de "literatura africana", indissociável das representações da própria África, bem como à construção das narrativas nacionais dos diferentes países na pós-colonialidade. É nesta questão que pretendo centrar a minha atenção. Esta temática, em si, também não é nova, surgindo na crítica pelo menos desde os anos 90, através de autoras como, Anne McClintock (1995), Florence Stratton (1994) e Elleke Boehmer (1995 e 2005), incidindo, tanto nas narrativas publicadas nos últimos anos, como em algumas obras que já se podem considerar "clássicas". Todavia, a sua recorrência ao longo de pelo menos duas décadas, acompanhando questões que não deixaram de ser suscitadas, durante este período, pelas próprias mulheres escritoras na respectiva produção literária, torna importante uma síntese que faça compreender a evolução da problemática e as novidades introduzidas pela literatura de mulheres africanas mais recente, das quais se destaca, por exemplo, a relação das escritoras na diáspora com o conceito de nação, verificando-se o prolongamento da importância das narrativas nacionais em contextos de emigração (Coly, 2010). É isso que proponho fazer neste artigo. A CONSTRUÇÃO DA "ÁFRICA", DA LITERATURA "AFRICANA", E A LITERATURA DE MULHERES Um dos factores que explica a exclusão das mulheres do cânone das letras de África é o facto de o próprio conceito de "literatura africana" surgir na (e ser determinado pela) linha de conflito do colonialismo. Ela é desenhada de uma forma simplificada, assente em vectores como raça e classe social, deixando de lado, entre outras, complexidades como a dimensão sexuada (Stratton, 1994: 9). De facto, o nascimento da "literatura africana" e do respectivo cânone é concomitante com uma afirmação anticolonial em que a cultura assume papel de destaque. Esta afirmação pressupõe a construção de uma identidade africana, negra, e de identidades nacionais que, à falta de ou contra o conceito ocidental de nação, assente na homogeneidade linguística e étnica, se associam prioritariamente a projectos políticos protagonizados e moldados à imagem de elites masculinas, tendo como momento originário e definidor (que confere sentido à História anterior e posterior) o próprio início da luta contra o colonizador. Por exemplo, o queniano Ngugi Wa Thiong'o estabelece uma periodização da literatura de África, cujas três fasesluta anticolonial (1950), independências (1960) e neocolonialismo (a partir dos anos 70), colidem quer com a cronologia da produção feminina, quer com temáticas que não têm a ver com o questionamento do colonialismo e da pós-colonialidade (ibidem). Esta construção dos escritores e críticos africanos ressoa, "La Noire de..." tem nome e tem voz

Questões de género e da escrita no feminino na literatura africana contemporânea e da diáspora africana

2013

a copiarem esta tese, no seu todo ou em parte, em resposta a pedidos de investigação individual ou colectiva, para fins de estudo ou investigação privada. ---------------------------------------------------------Data Assinatura iii AGRADECIMENTO v DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que querem a paz; a todos os oprimidos. Quero ainda dedicar este trabalho ao amor, a todos aqueles que renegam ódio e apesar de sofridas humilhações continuam a ser capazes de amar. Com este pensamento homenageio aqui as gerações de mulheres (escravos, de um modo geral) que sofreram sob o peso da colonização e continuam a sofrer em qualquer parte do mundo onde haja vítimas da opressão e injustiças, por razões de género, sob regimes de índole totalitária patriarcal, com procedimentos denotadamente sexistas. Ao povo, em qualquer canto do mundo onde houve vítimas da opressão e injustiças por parte de governos totalitários e indivíduos de má-fé.

" EM DEFESA DE UMA RAÇA " : DIÁSPORA AFRICANA, RELAÇÕES RACIAIS E IDENTIDADE NEGRA

Este trabalho apresenta parte da pesquisa de mestrado “Etymologias, preto: Hemetério José dos Santos e as questões raciais do seu tempo (1888-1920)”. Através da trajetória do intelectual Hemetério dos Santos, maranhense radicado na cidade do Rio de Janeiro desde 1875, discuto alguns aspectos das relações raciais no imediato pós-abolição. A principal marca desse homem negro, professor da Escola Normal e do Colégio Militar, foi a mobilização nas páginas dos jornais e em conferências em torno da positivação e valorização do negro na história do Brasil e do mundo. Nos primeiros anos do Pós-Abolição, Hemetério dos Santos colocava em pauta outras histórias e leituras da diáspora negra.

Ecos Do Movimento Da Negritude Nas Literaturas Africanas De Língua Portuguesa

Lex Cult: Revista do CCJF, 2017

Resumo: Os anos 30 do século XX são marcados pelo surgimento do movimento da Negritude, articulado por estudantes negros, dentro e fora da África, que propunham repensar o lugar e o valor da cultura negra no mundo, através de uma escrita pontualmente crítica de cariz social, filosófico e político. Responsáveis pela publicação das Revistas Légitime Défense (1932), L'Étudiant Noir (1934) e Présence Africaine (1947-1968), esses pensadores "intencionam unir-se pela afirmação da cultura negra, para a conscientização do negro sobre sua própria condição" (SANTILLI, 1985, p. 174). Entre os diversos estudiosos das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, é importante considerar o impacto das novas formas de olhar para o devir histórico e a significação cultural da população negra, na África e na diáspora, que culminaram no Movimento da Negritude francófona e suas releituras, sobre a construção de uma literatura autenticamente africana nas colônias portuguesas. A poesia, sobretudo, a partir do final dos anos 40 do século XX, reclama a possibilidade de trazer para o seu centro tanto o drama do homem negro colonizado quanto a valorização de sua cultura.

Martins, Catarina (2020), "Ser Mulher e Negra nas Áfricas. Combates Feministas nas Literaturas", Mulemba, 12, 22 (2020), 148-163

Mulemba, 2020

A partir de romances de autoria de mulheres africanas de língua portuguesa, inglesa e francesa, interrogase o significado de ser mulher e negra em diferentes contextos das diásporas e de África, em articulação com as identidades nacionais