A credenciação da “vocação” artística - valências da passagem pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (original) (raw)

2017, Educação Superior e Os Desafios no Novo Século: Contextos e Diálogos Brasil – Portugal

Apesar de a sua presença ser, desde há muito, constante na sociedade portuguesa, o poder de intervenção do ensino artístico português, nomeadamente as suas Academias ou Escolas de Belas-Artes, foi sempre diminuto na produção social do artista e de inovação estética ao longo do século XX (França, 2000). No entanto, as escolas jogam um papel cada vez mais importante nos acessos aos mundos das artes e da cultura (Verger, 1982), a montante de instituições de consagração tão importantes como o mercado e os media. Isto na medida em que, actualmente, num contexto de acentuada diversificação e profissionalização das actividades criativas muito além da função de “criador”, instituições de ensino como a FBAUL têm visto reforçado o seu papel de gatekeeper no panorama das profissões criativas em Portugal, protagonizando uma importante chancela intermediária no controlo e certificação dos acessos aos mundos profissionais dos mais diversos domínios de exercício das artes visuais (autorais e não autorais). Tal como já acontece em outros segmentos qualificados do mercado de trabalho português, também a trajectória de qualquer jovem que ambicione um exercício profissional de natureza criativa, parece ter que passar por uma modalidade formativa específica ao sistema de ensino artístico, nomeadamente no seu segmento de ensino superior. Nesta perspectiva, é legítimo perguntar qual o lugar do ensino artístico, nomeadamente do ensino ministrado por uma instituição do ensino superior com as características da FBAUL, no actual panorama cultural português? Como justificar e caracterizar o seu crescimento recente? Que trajectos e projectos trazem para a FBAUL os estudantes que a integraram recentemente? Que vivências e valências essa instituição lhes proporciona à sua passagem?