"A terra é coberta de cursos de água e o homem, de meridianos": natureza e cura na Medicina Chinesa (original) (raw)
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Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa
br "...pois nenhuma grande descoberta jamais foi aceita de imediato. Pelo contrário, na Medicina, parece que o reverso é verdadeiro, e todos devem passar por um período de aprovação e até censura antes que o que parece ser a verdade óbvia seja reconhecido por todos...Mas essas aceitação tão lenta impede que as descobertas verdadeiras sejam conhecidas e amplamente aceitas mais cedo, e muitas vidas são assim sacrificadas desnecessariamente." Frank Slaughter
Medicina chinesa/acupuntura: apontamentos históricos sobre a colonização de um saber
História, Ciências, Saúde-Manguinhos
Resumo O colonialismo ocidental influenciou, a partir do século XIX, o encontro entre saberes tradicional e moderno, resultando na sobreposição da medicina ocidental como modo privilegiado de conhecimento. Em 1958 oficializou-se, sob o nome de medicina tradicional chinesa, a hibridização entre as medicinas chinesa e ocidental e, por meio do desenvolvimento da pesquisa biomédica sobre a acupuntura, cresceu o distanciamento do saber tradicional. Este ensaio aborda mudanças históricas sofridas pela medicina chinesa/acupuntura e discute, sob a óptica pós-colonial, os efeitos de sua absorção pela racionalidade médica moderna. Concluiu-se que o cientificismo na medicina chinesa não ampliou seu potencial terapêutico e resultou na perda de sua autoridade epistemológica.
A influência da medicina tradicional chinesa na naturologia brasileira
REVER: Revista de Estudos da Religião, 2023
Este artigo explora o impacto da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) na naturologia brasileira nas últimas décadas. Ele avalia a incorporação dos princípios e práticas da MTC nos cursos de naturologia brasileiros, enfatizando os fatores históricos e culturais que influenciaram esse movimento de saúde. O artigo sustenta que a integração da MTC influenciou significativamente o desenvolvimento da naturologia no Brasil, fornecendo percepções essenciais sobre seu progresso. Entretanto, aponta que o treinamento em MTC na naturologia brasileira não atende às recomendações da Organização Mundial da Saúde. O artigo se aprofunda na apropriação do conhecimento da MTC por meio do orientalismo, observando que professores nascidos na China são frequentemente empregados apenas como símbolos para atrair os alunos, em vez de receberem papéis ativos e significativos na sala de aula.
Journal of Nursing and Health
Objetivo: interpretar o uso das plantas medicinais em uma Organização Não Governamental a partir de um dos pilares da medicina tradicional chinesa, o yin-yang. Métodos: estudo de caso de caráter qualitativo, exploratório e analítico. Aprovado pelo comitê de ética da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, sob número 35\2012. As entrevistas semiestruturadas foram coletadas de abril a setembro de 2011. A análise foi baseada na leitura repetida da transcrição das entrevistas, buscando referências sobre as plantas medicinais que poderiam ser interpretadas nos grupos temáticos yin e yang. Resultados: os entrevistados indicaram o uso de 106 plantas medicinais, cuja interpretação a partir do pilar yin-yang permitiu identificar nove plantas correspondentes a yin/anatomia e catorze plantas correspondentes a yang/fisiologia. Considerações Finais: existem diversas formas de utilizar as potencialidades das plantas medicinais, sendo possível uma reinterpretação das plantas me...
Entre os anos de 1817 e 1820 os naturalistas bávaros Karl Friedrich Phillip von Martius e Johann Batist von Spix realizaram uma expedição em terras brasileiras, percorrendo grande parte do território. Aqui, tiveram contato com diversos povos indígenas e, a partir da visita, produziram diversas obras sobre o Brasil e os seus habitantes. A fonte principal desta pesquisa é uma obra produzida por Martius cujo título é "Natureza, doenças, medicina e remédios dos índios brasileiros", publicada na Alemanha, no ano de 1844. Nela, o autor dedica-se ao estudo e descrição da forma como os índios entendiam e lidavam com a doença, como curavam e quais os remédios e práticas curativas eram por eles utilizados. Nosso objetivo é entender como Martius “fez ver” o indígena e suas práticas de cura, isto é, como olhou para o outro, como construiu alteridades e identidades a partir de seus escritos, como traduziu o visto e vivido em terras brasileiras e como avaliou e justificou as semelhanças e diferenças entre a medicina europeia e as artes de curar dos nativos do Brasil. Between the years of 1817 and 1820 the Bavarian naturalists Karl Friedrich Phillip von Martius and Johann Batist von Spix realized an expedition in Brazilian lands, covering a great part of the territory. Here, they had contact with several indigenous peoples and, from the visit, produced several works on Brazil and its inhabitants. The main source of this research is a book produced by Martius whose title is "Nature, diseases, medicine and drugs of the brazilian indians", published in Germany, in the year 1844. In it, the author devotes himself to the study and description of the way in which the indians understood and dealt with the disease, how they healed, and what drugs and practices they used. Our purpose here is to understand how Martius “made his readers see” the indigenous and their healing practices, or, how he looked at the other, how he constructed alterities and identities from his writings, how he translated what he saw and lived among in the Brazilian lands. Ultimately, how he evaluated and justified the similarities and differences between European medicine and the healing arts of Brazilian natives.