Um ambiente chamado escola: Narrativas atravessadas por afetos e encontros (original) (raw)
A presente pesquisa se desenovela por entre os encontros e afetos que ocorrem entre o pesquisador, os funcionários e os estudantes da Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito, localizada em Florianópolis (SC). Tem-se como ponto de partida as brechas numa educação ambiental de viés pastoral, que busca formar consensos e prescrever comportamentos, observando-se nas suas lacunas que outras possibilidades de educações ambientais estão a germinar e proliferar. O cenário de pesquisa escolhido é uma escola com um potente histórico de reinvindicações quanto ao seu caráter público, inclusivo e plural. Ao assinalar uma porosidade de fronteiras entre os termos “ambiente” e “escola”, propõe-se a invenção da palavra “ambiente-escola”, um ambiente escolar que existe na sua diversidade de afetos, encontros e acontecimentos, multiplicando-se numa infinidade de subjetividades, sendo elas humanas ou não. Toma-se como impulso as seguintes questões de pesquisa: quais narrativas e poéticas, sejam estas orais, escritas ou visuais, estão a povoar este ambiente-escola? De que forma estes narrares se relacionam com os sujeitos que o habitam, com suas diferenças e multiplicidades? Como dar vazão às múltiplas potências advindas dos afetos e encontros que perpassam tal ambiente? O objetivo deste trabalho consiste, portanto, em articular encontros inventivos e afetivos entre a educação ambiental, a escola e o campo de estudo das diferenças. Os afetos e os encontros foram compreendidos como os principais disparadores de criação inventiva e cartográfica da pesquisa. Nesta construção, criaram-se narrativas acerca de tal ambiente-escola a partir de alguns dispositivos, dentre eles um diário de campo do próprio pesquisador, o qual dialoga com oficinas realizadas junto aos estudantes de uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental e dez distintos funcionários da Escola Beatriz. Ademais, os conceitos de narrativas em abismo, performance, perambulações e narrativas mínimas movimentaram experimentações diversas com os “ambientes-escolas” que nasceram dos olhares desses distintos sujeitos. Tais formas desestabilizadoras do ato de narrar criaram ranhuras nas normas e convenções de uma educação ambiental prescritiva e fazem um convite de abertura a um ambiente-escola que vibra com as diferenças que o habitam, adentrando nas intricadas tramas de afetos e encontros que o estão a envolver.