Forma Substancial Subsistente e Intelectual. A Natureza da Alma Humana em Tomás de Aquino (original) (raw)

Esta dissertação investigará a relação entre a doutrina da subsistência da alma humana e a doutrina da alma humana enquanto ato do corpo nas obras de Tomás de Aquino (1225-1274) com o seguinte objetivo: seria contraditório atribuir um modo de ser subsistente a uma parte de um composto hilemórfico? Em uma caracterização preliminar, a subsistência aplica-se às entidades dotadas de natureza completa, ou seja, às substâncias primeiras. A função de atualizar o corpo, por sua vez, aplica-se às entidades dependentes de um substrato de inerência, ou seja, às formas substanciais materiais. Através dos argumentos da imaterialidade do intelecto, no entanto, Tomás defenderá, em certos momentos, que a alma humana é uma forma substancial que não depende por completo da matéria (uma forma substancial subsistente) e, em outros, que ela é uma entidade subsistente e intelectual que se une ao corpo como sua forma (uma substância intelectual inferior). A presente dissertação demonstrará que esta visão se baseia em quatro teses, a saber: (a) as designações substância e substância intelectual são termos analógicos; (b) a subsistência pode ser atribuída às partes de uma substância primeira, isto é, às partes corpóreas e à forma substancial; (c) a subsistência é um modo de ser que pode ocorrer em formas com essência material ou imaterial; (d) a completude existencial (subsistência) e a completude essencial (natureza completa) podem ocorrer separadas. A título de hipótese, a dissertação propõe que estas quatro ideias, por sua vez, baseiam-se em duas visões implicitamente presentes no pensamento tomista: a primeira afirma que os seres humanos são horizonte/fronteira entre o mundo espiritual e o corpóreo; a segunda afirma que as almas humanas são horizonte/fronteira entre as substâncias intelectuais e as formas substanciais materiais.