A África no Cânone na Literatura Lusófona Póscolonial (original) (raw)
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Giochi di specchi. Modelli, tradizioni, contaminazioni e dinamiche interculturali nei e tra i paesi di lingua portoghese, 2016
1. Delimitação e definição do espaço pós-colonial português o conjunto dos actuais países de língua oficial portuguesa, mais ou menos agrupados na cPlP, por um lado não coincide com a totalida-de dos territórios e regiões do mundo que foram " frequentados " pelos portugueses nos cerca de cinco séculos da sua experiência ultramarina, por outro lado, esse conjunto integra países e territórios muito diferen-tes entre si pelo que diz respeito a superfície, população, clima, posi-ção geográfica e " penetração " da própria língua portuguesa no tecido sócio-cultural local. dentro deste " ultramar " lusófono pós-colonial, a primeira distin-ção importante é a que se pode traçar entre três áreas: 1) o Brasil, 2) os países africanos de língua oficial portuguesa e 3) os territórios orientais (Goa, macau e timor leste) 1 ; isto é, entre uma potência regional em desenvolvimento, que sozinha abarca mais do que oitenta por cento dos falantes da língua no globo e dois grupos de países e territórios dispersos entre dois continentes, a África e a Ásia, muitos dos quais estando numa situação económica e de desenvolvimento humano trá-gica e com enormes diferenças dentro do próprio conjunto. além de todas as diferenças geo-políticas actuais, temos que acrescentar que o Brasil " se libertou " da afiliação político-colonial com Portugal na pri-meira metade do século XiX (1822), enquanto todas as outras colónias obtiveram a rescisão dos laços de dependência política de Portugal só na segunda metade do século XX (entre 1961 e 1999, com a maioria dos territórios, os africanos, a obterem a independência entre 1974 e 1975). além disso, se na África há cinco países que têm o português como língua oficial e em que esta língua domina o sistema de ensino, o panorama literário e o uso no dia-a-dia, mesmo que nalguns casos como língua segunda, no oriente temos três reduzidos territórios, dois dos quais são englobados dentro de estados enormes e com o portu-guês num estado de co-oficialidade com outras línguas locais, ou sem oficialidade sequer. quando se fala de espaço pós-colonial português, muitos deixam de fora o Brasil, talvez pelas distinções acima refe-1 esta distinção em três zonas recalca as três " épocas " do colonialismo português, tal como identificadas pelo historiador britânico charles Boxer (1977).
Literaturas africanas, colonialismo e pós-colonialismo
-Repensar o problema da relação: inevitáveis contactos ou dominação cultural? Quando, no dealbar da constituição das novas pátrias africanas, se procurava estudar as literaturas em língua portuguesa dos países emergentes do processo de descolonização, a tendência geral dos investigadores e especialistas, de algum modo comprometidos com os ideais independentistas (desde os inspirados pela democracia liberal até aos de raiz marxista), era a de considerar urgente a delimitação das literaturas nacionais dos novos territórios independentes. Procurava-se fundamentar, de modo forte, com claros delineamentos, o conjunto dos traços que fariam específicas e diferenciadas as novas literaturas emergentes. Visando esse fim, era comum enfatizar o que constituiria a base da diferença entre as produções poéticas ou ficcionais das literaturas africanas (em língua portuguesa -mas, também, generalizando, em língua francesa, ou inglesa; em língua de uma potência colonizadora, enfim) e as equivalentes das metrópoles (pela época histórico-literária, pelos modelos poético-estilísticos, pelos modelos retóricos e/ou pragmáticos dominantes, como Texto apresentado no Colóquio internacional Histórias Literárias Comparadas, realizado na Universidade Católica de Lisboa, publicada em actas, sob o mesmo título, Colibri, Lisboa, 2001
A LITERATURA ENGAJADA NO CONTEXTO PÓS-COLONIAL AFRICANO
2018
Resumo: Este trabalho tem como principal finalidade analisar obras das literaturas africanas com importantes características dialógicas com o engajamento político comum às produções ficcionais pós-coloniais. A partir dos procedimentos metodológicos apresentados por Carvalhal (2006) para fundamentar as discussões teóricas sobre os pressupostos da literatura comparada, buscou-se traçar um panorama analítico entre obras literárias de diferentes países africanas. Desse modo, analisou-se um conjunto de narrativas formado pelos romances: Hibisco roxo (2011) de Chimamanda Adichie da Nigéria, O planalto e a estepe (2009) de Pepetela e Bom dia camaradas (2001) de Ondjaki de Angola, e por fim O último voo do flamingo (2005) de Mia Couto de Moçambique, com o objetivo de apresentar a forma como os elementos políticos foram abordados nessas produções. Palavras-chave: Política. Engajamento. Literaturas Africanas. Literatura Comparada. Abstract: This paper aims to analyze works of African literatures with important dialogical characteristics with the political engagement common to postcolonial fictional productions. Based on the methodological procedures presented by Carvalhal (2006) to base theoretical discussions on the assumptions of comparative literature, we attempted to draw an analytical framework of literary works from different African countries. Thus, a set of narratives formed was analyzed, such as: Purple hibiscus (2011) of Chimamanda Adichie from Nigeria, The plateau and the steppe (2009) of Pepetela and Bom dia camaradas (2001) of Ondjaki from Angola, and finally The last flight of the flamingo (2005) of Mia Couto from Mozambique, with the purpose of presenting the way the political elements were approached in these productions.
Scripta, 2016
Neste artigo reflecte-se sobre a existência, nas literaturas africanas de língua portuguesa, de dois termos que parecem designar uma mesma forma do modo narrativo: estória e conto. Sublinha-se a semelhante natureza retórica dos dois registos narrativos para mostrar que, tanto no contexto colonial a escrita literária demonstra o poder da palavra e do escritor no desenvolvimento das consciências quanto a partir da independência, reconhece a importância estratégica de recuperar as formas da reprimida cultura local por meio de uma "oralidade fingida" que se pode evidenciar como particularidade da dicção literária africana de língua portuguesa. Palavras-chave: Literaturas africanas em português. Estória. Conto. Oralidade.
2020
Este artigo visa apresentar alguns dados sobre a dimensao e a estrutura da traducao de obras de literatura africana do portugues para as principais linguas europeias, para depois problematizar estes resultados a luz de algumas ferramentas teoricas: o conceito-chave de literatura-mundo, assim como enquadrado, por um lado, pelo Warwick Research Collective (Combined and Uneven Development) e, por outro, por Pascale Casanova na Republica Mundial das Letras. Recolhendo tambem a heranca do Cultural Turn dos Estudos de Traducao (Andre Lefevere e Lawrence Venuti), vemos como a troca literaria a partir da Africa de lingua portuguesa segue linhas determinadas por uma reescrita promovida em boa medida por agencias baseadas em Portugal. O que nos leva ao discurso das instituicoes que estabelecem os cânones literarios, tal como enquadradas por Stefan Helgesson e Pieter Vermeulen em Institutions of World-Literature e pelo trabalho de Claire Ducournau sobre a instituicao das literaturas africanas ...
Literatura-Mundo em Português: Encruzilhadas em África
From ideas that destabilize the hegemonic paradigms – "epistemologies of the south" and "provincializing Europe" – this paper reflects on the epistemological dimension of world literature and its contribution to the analysis of the intersections between literatures in Portuguese. By expanding the focus of comparison aspects related to linguistic and cultural transits as well historical and ideological were taken into consideration from theoretical perspectives which unveiled relations between African literatures and their counterparts in Portugal and Brazil, while made them unique as national systems. KEY WORDS: Literature-World - epistemological category - literature in Portuguese - contact zones.
Literaturas africanas e formulações pós coloniais
universo crítico formado no âmbito dos estudos literários, cujo objeto são as literaturas produzidas nos países africanos de língua oficial portuguesa, vem crescendo em consistência e rigor metodológico nas últimas décadas. Cada vez mais os especialistas se valem de um aparato teórico que serve como agente propulsor de suas investigações. Este é o caso de Literaturas Africanas e formulações pós-coloniais de Ana Mafalda Leite que, nascendo já como uma obra clássica, vem juntar-se ao significativo caminho até aqui percorrido pela professora-ensaísta e que tem como paragens obrigatórias: A poética de José Craveirinha (1991), A modalização épica nas literaturas africanas (1995) e Oralidades & escritas nas literaturas africanas (1998), para além de outros ensaios e publicações. A tudo isso se soma ainda a sua produção poética.
Palavras: Escrita Feminina, Lusofonia, Áfricas
Diversidade: Diferentes, não Desiguais, 2019
Elaborado por Maurício Amormino Júnior-CRB6/2422 O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. 2019 Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. www.atenaeditora.com.br APRESENTAÇÃO Em pleno século XXI deveria ser natural vivenciar a diversidade, pois aceitá-la não é apenas conseguir lidar com gêneros, cores ou orientações sexuais distintas, mas principalmente respeitar ideias, culturas e histórias de vida diferentes da sua. A intolerância muitas vezes manifestada em virtude de uma generalização apressada ou imposta por uma sociedade, leva ao preconceito. E, esse preconceito leva as pessoas a fazerem juízo de valor sem conhecer ou dar oportunidade de relacionamento, privando-as de usufruir de um grande benefício: aprender e compartilhar ideias com pessoas diferentes. A partir da discussão de conceitos de cor, raça, gênero, que nada mais é do que um dispositivo cultural, constituído historicamente, que classifica e posiciona o mundo a partir da relação entre o que se entende como feminino e masculino, negro e branco, os autores deste livro nos convidam a pensar nas implicações que esse conceito tem na vida cotidiana e como os arranjos da diversidade podem muitas vezes restringir, excluir e criar desigualdade.
Representações Da África Contemporânea a Partir Da Literatura
2019
Os profissionais do ensino de historia no Brasil, a partir dos anos 90, vem buscando reduzir a distância entre a academia e a pratica em sala de aula. E nesse contexto que um recurso tradicional do curriculo, ganha nova funcao sob a luz da Historia Cultural: a literatura. Longe de se deter somente naquilo que e narrado descritivamente, a Literatura, na aula de Historia nos permite conduzir o aluno pela economia que rodeia o livro: elementos de producao e de apropriacao, como especifica Chartier. Como estudo de caso, utilizaremos titulos da literatura contemporânea africana para trabalharmos questoes como producao cultural, elementos comuns e elementos particulares de diferentes sociedades da Africa contemporânea. Dessa forma, a partir de obras de Pepetela (Angola) e Mia Couto (Mocambique) pretendemos apresentar uma Africa viva, atual, e nao folclorizada. Como fundamento teorico para esta tarefa recorremos a Teoria das Representacoes Sociais de Moscovici.