A formação do Estado e a Igreja no Rio da Prata : uma combinação de escalas de análise (original) (raw)
Related papers
A Igreja a e construção do Estado no Brasil imperial
Anais do XXVII Simpósio Nacional de História - ANPUH/Natal, 2013
Introdução A construção do Estado Imperial foi e continua sendo objeto de vários estudos e pesquisas. No entanto, um aspecto parece continuar sendo negligenciado. O Império do Brasil era um Estado Confessional, existindo a união entre os poderes secular e espiritual. Surge, então, quase espontânea, a pergunta: qual o papel da Igreja Católica na construção do Estado no Brasil imperial? Esta comunicação não tem a pretensão de elucidar totalmente a questão, mas apenas apresentar alguns resultados e indicar possibilidades de pesquisas que permitam avançar no estudo desta problemática. O texto está organizado em duas partes. Na primeira será feita uma análise geral sobre a importância do corpo burocrático da Igreja na fase de estruturação e legitimação do Império, e uma reflexão sobre a participação do clero nos cargos eletivos e nas revoltas políticas, com seu posterior afastamento. Na segunda parte serão analisados os motivos que levaram o Estado a nomear os bispos de orientação ultramontana 1 a partir da década de 1840, e quais as suas expectativas em relação às suas ações ou em relação à função ordenadora de uma diocese. A burocracia e os funcionários eclesiásticos na construção do Estado No processo de construção e legitimação do Estado brasileiro, visto a partir da sua relação com a Igreja católica, percebe-se claramente que em seu início a administração local se apoiou frequentemente no aparato da burocracia eclesiástica, o único existente a nível capilar em território nacional nos anos imediatamente posteriores à Independência. Para isso foi fundamental a implementação do "Padroado Civil" (principalmente os artigos 5 e 102) pela Constituição de 1824 (ALMEIDA, 1866; NEVES, 1997; SANTIROCCHI, 2010), e a manutenção do regalismo 2 , utilizados para adequar a estrutura eclesiástica a tal situação. Desta forma foi delegada aos párocos uma série de funções civis que praticamente os integraram ao funcionalismo público, ao mesmo tempo em que lhes dava uma considerável influência política sobre as comunidades em que atuavam, devido, principalmente, à importante função que passaram a desempenhar no processo eleitoral. Tal fato levou a uma intensa participação política do clero e a formação de uma espécie de liberalismo eclesiástico, encabeçado pelo padre Feijó. Este grupo foi fortemente combatido pelo arcebispo da Bahia,
Sob o signo da ditadura: Estado, Igrejas e religiosidade no espaço lusófono
Edupe, 2020
GONÇALVES, Leandro Pereira; REZOLA, Maria Inácia. Sob o signo da ditadura: Estado, Igrejas e religiosidade no espaço lusófono. In: GONÇALVES, Leandro Pereira; REZOLA, Maria Inácia. (Org.). Igrejas e Ditaduras no mundo lusófono. 1ed. Recife: Edupe, 2020, v. , p. 13-26.
Igreja e Estado: participação versus instrumentação
Igreja e Estado: participação versus instrumentação, 2022
Este ensaio pretende discutir com base na obra "O contrato social" de Rousseau os prováveis cenários e suas implicações da relação entre Igreja e Estado. Conclui que Rousseau não pôde enxergar no cristianismo da origem, muito menos no cristianismo de seu tempo contribuição relevante para o corpo político da sociedade, a não ser de instrumentação mútua.
A Companhia de Jesus ea formação das elites católicas no sul do Brasil
PLURA, Revista de Estudos de Religião, 2011
The Society of Jesus and the formation of the Catholic elites in southern Brazil Resumo Este trabalho analisa as relações entre a Igreja Católica e a formação das elites brasileiras no século XX. De modo específico, este trabalho dedicou-se a analisar as elites católicas militantes forjadas através dos instrumentos da Ordem dos Jesuítas. Argumenta-se, nesta pesquisa, através de fontes variadas, que nos contextos em que os instrumentos de restauração católica dos jesuítas foram hegemônicos, como no sul do Brasil, a restauração católica foi exitosa uma vez que garantiu a manutenção e a reprodução do pensamento católico conservador.
Igreja Católica e Estado na Argentina e no Brasil. Notas Introdutórias para uma Análise Comparativa
Ciencias Sociales Y Religion Ciencias Sociais E Religiao, 2007
Resumo. O artigo se propõe caracterizar historicamente os traços duradouros que têm definido o modus vivendi entre o campo católico e o campo político na Argentina e no Brasil. Levando em conta que a radicação do catolicismo na região se guiou pelas premissas do regime do padroado e do modelo de cristandade, interessa analisar os processos que geraram tendências divergentes no desenho institucional do catolicismo nos dois países. A especificidade da separação entre Igreja e Estado no Brasil, contrastada com a simbiose experimentada entre as duas esferas na Argentina, e as particularidades na gestação e desenvolvimento das Conferências Episcopais -entrosada na realidade social no caso brasileiro, ensimesmada na própria hierarquia no caso argentino -, erguem-se como momentos históricos significativos que ajudam a explicar os dissímeis caminhos assumidos pelas instituições eclesiásticas de ambos os países. Para além das disparidades enunciadas, o transcorrer histórico da interação Igreja-Estado refletiu um caráter ambíguo e contraditório. Na justaposição entre uma gênese intrinsecamente a-religiosa do Estado e a procura de legitimidades extrapolíticas por parte das classes dirigentes, localizaremos os eixos da trama de conivências e desavenças entre dois campos irredutíveis, porém entrelaçados.