A MERCANTILIZAÇÃO DA NATUREZA EM 20 ANOS DE POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO ACRE (1998-2018) (original) (raw)

2018, Revista GeoAamazônia

RESUMO Este artigo é uma reflexão sobre as principais transformações na dinâmica territorial e na produção do espaço econômico vivenciadas no Acre neste período de 20 anos de governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Procura-se colocar no centro do debate os processos de mercantilização da natureza e desterritorialização das populações tradicionais ocultados pela publicidade política e os limites, dentro da ordem do capital, de um governo progressista. Este artigo é resultado ampliado de uma pesquisa essencialmente qualitativa, iniciada em 2014, durante o curso de Mestrado em Letras: Linguagem e Identidade, no qual discuti o mito do desenvolvimento na Amazônia acreana, entre os anos 1999-2015. O caminho teórico-metodológico que embasou a reflexão teve como referenciais autores ligados ao campo dos Estudos Culturais como Raymond Williams (2011), além de um amplo conjunto de dissertações, teses e publicações sobre o Acre e suas transformações mais recentes, que produzem contra-discursos com as quais dialogo. Ao longo da análise procuro identificar a dinâmica de produção do espaço e os aspectos econômico-ecológicos deste ciclo de governança, e como as transformações que fizeram do Acre um pretenso "modelo" de sustentabilidade inserem-no em um contexto mais amplo de reordenamento do capital global diante da crise ambiental e todas suas dimensões. Palavras-chave: Políticas de desenvolvimento; Sustentabilidade; Acre. ABSTRACT This paper is a reflection on the main transformations in the territorial dynamics and the production of the economic space experienced in Acre in this period of 20 years of government led by Partido dos Trabalhadores (PT). It seeks to place at the center of the debate the processes of commodification of nature and deterritorialization of traditional populations hidden by political publicity and the limits, within the order of capital, of a popular and progressive government. This article is an expanded result of an essentially qualitative research, begun in 2014, during the Masters in Literature: Language and Identity course, in which I discussed the development myth in Acre Amazonia, between 1999 and 2015. The theoretical-methodological path that supported the reflection had as reference authors related to the field of Cultural Studies as Raymond Williams (2011), as well as a wide range of dissertations, theses and publications about Acre and its most recent transformations, speeches and with which I dialogue. Throughout the analysis, I try to identify the dynamics of space production and the economic-ecological aspects of this cycle of governance, and how the transformations that made Acre a so-called "model" of sustainability place it in a broader context of capital reordering environmental crisis and all its dimensions.