Análise Sociológica de Portugal no Pós-25 de Abril de 1974 (original) (raw)

A revolução portuguesa, o 25 de abril de 1974

Já se disse que as revoluções tardias são as mais radicais. No 25 de Abril de 1974 ruiu a ditadura mais antiga do continente europeu. A rebelião militar organizada pelo MFA, uma conspiração dirigida pela oficialidade média das Forças Armadas que evoluiu, em poucos meses, de uma articulação corporativa para a insurreição, foi fulminante. A insurreição militar agigantou-se como uma revolução democrática, quando as massas populares saíram às ruas, que enterrou o salazarismo e foi vitoriosa. Mas a revolução social que nasceu do ventre da revolução política foi derrotada. Talvez surpreenda a caracterização de revolução social, mas toda revolução é uma luta em processo, uma disputa, uma aposta em que reina a incerteza. Na história não se pode explicar o que aconteceu considerando somente o desfecho. Isso é anacrônico. É uma ilusão de ótica do relógio da história. O fim de um processo não o explica. Na verdade, o contrário é mais verdadeiro. O futuro não decifra o passado. Revoluções não podem ser analisadas somente pelo desenlace final. Ou pelos seus resultados. Estes explicam, facilmente, mais sobre a contra-revolução, do que sobre a revolução.

Algumas notas sobre o Cinema Português depois do 25 de Abril de 1974

2011

PARA PERCEBER e contextualizar o cinema produzido na sequência e no rescaldo da Revolução de Abril de 1974, será preciso elaborar uma pequena retrospectiva do que foi o renascimento do cinema português durante a década de sessenta, que depois da «gloriosa era da comédia à portuguesa» dos anos trinta e quarenta, voltara a cair num quase total marasmo que o público e a critica desprezavam.

Nacionalismos e política externa portuguesa no pós-25 de Abril

A Revolução Portuguesa – e o consequente desejo de refazer Portugal – desde cedo que esteve vinculada à ideia que era preciso integrar Portugal, decisivamente e definitivamente, na Europa. Até para sedimentar o novo regime político. Toda a política externa portuguesa, a partir de 25 de abril, se orientou nesse sentido. A adesão a um projeto europeu teve o consenso das elites políticas no Portugal democrático. Era esse o caminho para a modernização de Portugal. O “destino” europeu de Portugal foi exaltado como talvez nunca tenha sido ao longo da história.

Participação das mulheres as elites políticas e económicas no Portugal democrático (25 de Abril de 1974 a 2004)

2006

This paper aims to present the results of the first part of a research project on women participation on political and economic decision centres in Portugal, since 1974 until 2004, developed by a SociNova team. 2:! Note-se. contudo, que a informação relativa a estes dois últimos cargos é escassa e encontra-se bastante dispersa. Participação das mulheres nas elites políticas e económicas 187 Cette étude, dont l'objectif est l'analyse sociologique de la participation féminine aux centres de décision, vise à s'insérer dans un cadre plus vaste que les habituelles recherches sur la différentiation sociale selon le sexe et le genre. Les auteurs de ce travail souhaitent construire un autre regard sur les dynamiques inhérentes aux changements sociaux qui ont affecté le pays pendant les derniêres trente années non seulement relativement à ce qui a changé, mas aussi à ce qui a résisté aux changements. Il s'agit de la prerniêre recherche de ce genre au Portugal, non seulement à...

O 25 de abril na Galiza dos anos setenta: impactos e consequências

Diacrítica. Revista do CEHUM (UMinho), 2014

A partir dos resultados de um projeto de investigação desenvolvido pelo Grupo Galabra (com sede na Universidade de Santiago de Compostela [USC]) focando analisar os processos de elaboração e socialização de ideias na Galiza dos anos setenta do século XX, complementados para este trabalho com uma sondagem na imprensa galega da altura, serão apresentados os impactos causados pelo 25 de abril nos campos cultural e político da Galiza a partir da análise das ações, os discursos e as relações dos grupos que ocupam uma posição de maior centralidade no Sistema Cultural Galego (SCG) imediatamente antes de abril de 1974. Do percurso realizado destaca que é nesta altura quando são construídas as lógicas de relacionamento e as alianças galego-portuguesas ainda hoje vigorantes, nomeadamente no campo da esquerda política.