RAZÃO E ESTADO EM HEGEL: SOBRE OS FUNDAMENTOS ONTOLÓGICOS DA SOCIEDADE MODERNA (original) (raw)
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A PEDAGOGIA DE HEGEL COMO EXPRESSÃO DE SUA CRÍTICA SISTEMÁTI-CA AO ILUMINISMO MODERNO
Ediovani Antonio Gaboardi
Hegel não dedicou uma obra sistemática específica sobre a Educação. Entretanto, seu vínculo profissional com a temática foi constante. Aos 23 anos, tornou-se preceptor em Berna, atividade que exerceu também em Frankfurt, até tornar-se Professor da Universidade de Jena em 1801. Obrigado a deixar Jena em virtude da invasão napoleônica, ele acaba assumindo o cargo de professor e diretor do Ginásio de Nuremberg, graças a seu amigo e protetor Immanuel Niethammer, então Conselheiro superior das escolas e dos cultos para a confissão protestante. Aliás, devido a essa circunstância, Hegel assume a incumbência de implantar as reformas de ensino planejadas por ele e outros na Normativa para a organização dos estabelecimentos de ensino público do Reino (FERNANDES, 1994, p. 7). Durante esse período (1808 a 1816), exerce também a função de Conselheiro escolar, o que o obriga a entrar em contato com as questões político-pedagógicas inerentes à organização das instituições de ensino. Depois destes 8 anos fora da universidade e vinculado ao ensino ginasial, Hegel finalmente recebe uma cátedra em Heidelberg (1816) e depois em Berlim (1818, substituindo Fichte). Em 1830, um ano antes de sua morte, torna-se reitor desta universidade, um símbolo da reforma humanista proposta por Wilhelm von Humboldt (LUZURIAGA, 1990, p. 184). Em função de sua atividade pedagógica, especialmente no período de 1808 a 1816, Hegel elaborou alguns textos tratando de questões educacionais na forma de discursos, cartas e relatórios, além de estudos apresentando didaticamente partes de seu sistema (reunidos na edição conhecida como Propedêutica filosófica). Hegel já havia escrito a Fenomenologia do espírito e nesse período publicou os três volumes da Ciência da lógica (1812, 1813 e 1816).
RESUMO: O presente artigo pretende discutir os conceitos de ser e de verdade a partir de uma análise da fenomenologia hermenêutica heideggeriana acerca da questão do sentido do ser. Nesse viés, almeja-se explicitar o conceito de hermenêutica em Heidegger, que caracteriza a mudança no pensamento filosófico sobre as interpretações do que ascende o verdadeiro conhecimento, o desocultamento, em relação ao ser-no-mundo, Dasein. Por fim, buscar-se-á uma compreensão do § 44 da obra Ser e Tempo, de Heidegger, na tentativa de descrever o conceito de verdade segundo o modo de ser do ente, que eu mesmo sou, o Dasein e sua transcendência. ABSTRACT: This article discusses the concepts of being and truth from an analysis of Heidegger's hermeneutic phenomenology about the question of the meaning of being. In this way, we aim to explain the concept of hermeneutics in Heidegger " s philosophy, which characterizes the change in philosophical thought on the interpretation of what concerns to the true knowledge, the unveiling, compared to being in the world, Dasein. Finally, it will seek an understanding of § 44 of Heidegger " s work Being and Time, in an attempt to describe the concept of truth according to the mode of being of being, which I am, Dasein and its transcendence. O questionamento que perpassa toda a filosofia tradicional até a modernidade se preocupou em desvendar o mundo (natureza) tal qual ele se mostra à nossa percepção ou da forma com que conhecemos o que [de fato] é, a fim de explicitar a própria estrutura da realidade (ontologia). No entanto, a maioria dos filósofos esqueceu-se do principal questionamento, a saber, a questão sobre o sentido do ser, pois, ser é o conceito mais universal 2 , e, portanto, deve ser procurado. Não obstante, deve-se buscar o conhecimento prévio daquilo que é procurado saber, do ser-aí, Dasein 3. Se questionar significa perguntar, pois, o
A CRÍTICA DA MODERNIDADE EM HEIDEGGER E HANS JONAS
RESUMO: Esse trabalho tem como escopo analisar os diferentes modos pelos quais Heidegger e Hans Jonas direcionaram suas críticas à modernidade a partir da relação entre dois elementos centrais: a ciência moderna e a técnica. Heidegger pensa a modernidade e e suas características a partir de seu projeto maior, o da pergunta pelo sentido do Ser e seus modos epocais de ocultamento e desocultamento. Jonas, por sua vez, tematiza a união entre técnica e ciência como um fator novo e " revolucionário " em relação às épocas anteriores, pois as mudanças trazidas não só alteram a compreensão de mundo a partir do século XVII, mas também o modo de vida e pensamento. Hans Jonas analisa a modernidade a partir das consequências da ação humana. É nesse sentido que rompe com Heidegger, pois encontra na filosofia do autor de Ser e Tempo um vácuo ético e, além disso, uma interpretação da natureza em continuidade com a compreensão moderna. A relação entre Heidegger e Jonas em torno da modernidade passa, assim, pelo enfoque que o último dá à marca própria dos nossos tempos, o niilismo, no qual o maior dos poderes se une ao maior dos vazios, a maior das capacidades, ao menor dos saberes sobre como utilizar tal capacidade. ABSTRACT: The scope of our work is to analyze the different means through which Heidegger and Hans Jonas have driven their critiques at modernity based on central elements of modern thought indicated by both authors, namely, modern science and technics. Heidegger thinks on modernity and what characterizes it according to its greater project, the questioning for the meaning of being and according to its epochal modes of concealing and revealing. Jonas, in turn, thematizes the union between technique and science as a new and revolutionary fact in comparison to previous epochs, and that happens because not only did the consequent changes alter our comprehension of the world after 16th century, but also altered our way of living and thinking. Hans Jonas thinks about modernity from the consequences of human acts. It is in this sense that he detaches from Heidegger, for he finds in the philosophy of the author of Being and Time an ethical void and also an interpretation of nature that follows modern comprehension. To summarize, we intend to outline some considerations on modernity based on Heidegger and Jonas " s critiques, mainly on the focus the latter gives to the fact that in modernity we shiver in the nakedness of a nihilism in which near-omnipotence is paired with near-emptiness, greatest capacity with knowing least for what ends to use it.
ESTATUTO ONTOLÓGICO DA TEORIA SOCIAL MARXIANA E "QUESTÃO DO MÉTODO"
RESUMO: Neste texto expomos as principais questões que permeiam e constituem a teoria do conhecimento em K. Marx, tendo como eixo a questão do trabalho como fundamento ontológico do método científico. Demonstramos, pautado especialmente nos trabalhos de G. Lukács e I. Mészáros, o caráter ontológico do pensamento de Marx e quais são os elementos teóricos fundamentais a serem observados no entendimento da relação entre ontologia, epistemologia e método. Para Marx, qualquer categoria científica só adquire concretude quando assentada nos fundamentos que tornam o Homem, Homem. Uma vez estatuída a base ontológica que sustenta a produção das ideias, "sujeito" e "objeto" do conhecimento aparecem enquanto unidade (que não deve ser confundida com identidade), enquanto subjetividade humana objetivada e enquanto realidade apreendida subjetivamente, de forma aproximativa, através das formas específicas de espelhamento ideal da realidade. O núcleo do texto reside na concepção que entende ser a categoria trabalho o "ponto de Arquimedes" de toda a teoria marxiana e que qualquer tentativa de resolução da problemática do método deve ter presente o caráter central determinante dessa categoria no Mundo dos Homens. Palavras-chave: Epistemologia; Ontologia; Método; Trabalho; Teoria marxista do conhecimento.
A RELAÇÃO ONTOLÓGICA DA QUESTÃO SOCIAL COM A MODERNIDADE NO CONTEXTO BRASILEIRO
Primeiramente, a partir do método de analise do materialismo histó-rico dialético tentaremos elucidar o que é a questão social. A partir desse encai-xe metodológico marxista, o intuito do texto será uma breve analise da relação concreta da modernidade e questão social no contexto brasileiro. Tais premissas sendo expostas nos permitiram concluir com base na ontologia luckácsiana a relação da modernidade e a questão social. PALAVRAS-CHAVE: Questão social; Modernidade; Realidade concreta; On-tologia; Luckács. INTRODUÇÃO A busca pelo conhecimento do que vem ser a categoria da questão social nos levou a necessidade de contextualizá-la na modernidade. É o único mé-todo apropriado para que seja feita tal contextualização é o materialista histórico dialético. A evidência da exclusividade do método é exposta por meio do deta-lhamento da própria relação do objeto (questão social) com o método (materia-lista histórico dialético), como tentaremos mostrar na parte I do presente texto. Já na parte II do texto, mais do que simplesmente evidenciar a questão social a partir do contexto histórico europeu, tivemos então a preocupação de relacioná-la a partir da realidade concreta da modernidade no Brasil. É exatamente por esta relação da questão social e modernidade no Bra-sil que conseguiremos esclarecer quais são as premissas que nos guiarão para a conclusão a respeito da identificação desta relação com base na ontologia lu-ckácsiana. 1 A QUESTÃO SOCIAL E O SEU MÉTODO DE ANALISE A categoria de análise central deste texto é a questão social e o método
NOTAS CONTRIBUTIVAS SOBRE OS PRINCÍPIOS DA FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL
RESUMO Este presente trabalho tem como por objetivo produzir algumas poucas notas que sirvam de contribuição para o resgate do pensamento hegeliano de um modo geral, e para o pensamento jurídico (brasileiro também) de modo específico. Com isso, elencaram-se quatro observações que julgamos importantes, quais sejam: a) uma breve introdução a respeito da vida do autor e sua localização na tradição filosófica; b) um resumo da tentativa de se criar um " sistema " e, particularmente, uma " teoria geral jurídica " ; c) a possibilidade de interpretar as obras segundo certos tipos de traduções (positivismo, não-positivismo e teoria crítica) que orientariam a leitura; d) e, por fim, enquadrar seus temas dentro do que se poderia ser chamado de áreas de concentração ou matérias jurídicas. ABSTRACT The presente essay has as main objective to produce a few notes as a contribution to the rescue of the hegelian thought in general, and to the juridical thought (brazilian as well) in a specific approach. Therewith, four points that we consider important were listed, namely: a) a brief introduction about the autor-s life and his location in the philosophical tradition; b) a summary of the attempt to create a "system", and particularly, a " general juridical theory " ; c) the possibility to interpret the works according certain variety of translations (positivism, non-positivism and critical theory)
HEIDEGGER E DUSSEL: ENTRE A CRÍTICA À ONTOLOGIA OCIDENTAL E A QUESTÃO DE UMA PEDAGOGIA DA LIBERTAÇÃO
A ontologia ou metafísica ocidental simplificou a questão do ser, ao fundar o pensar em princípios suprassensoriais a partir dos quais foram formulados sistemas que possibilitavam a explicação do mundo como totalidade. Estabeleceu-se, dessa forma, uma racionalidade totalizante que foi, historicamente, elemento de dominação e colonização do mundo pela Europa. Propomos aqui uma reflexão que passa pela crítica de Heidegger a esse pensar ocidental, segue com a crítica de Dussel e a proposição de sua Filosofia da Libertação. A partir do pensamento dos dois filósofos, procuramos problematizar a educação, especialmente, no que se refere à libertação e assunção do ser latino-americano. Palavras-chave: Filosofia da educação. Fenomenologia. Existencialismo. Filosofia da libertação.
Dialectus Revista de Filosofia - UFC/Brasil, 2022
Resumo: este trabalho constitui-se enquanto uma análise de corte sincrônico relativa a algumas questões atinentes à crítica desenvolvida por Marx e Engels à filosofia alemã/hegeliana, na obra que ficou conhecida como A ideologia alemã (Die deutsche Ideologie). Partimos do imbróglio da consciência (Bewusstsein) situado em Feuerbach, travejado pela herança hegeliana, e sob a presença do uso que Marx e Engels fazem do conceito de ideologia. No resgate das fontes filosóficas fundamentais ao pensamento marxiano, explora o debate envolvendo ser e consciência, e suas implicações para a questão da ideologia. Por fim, formula uma chave de leitura a partir da crítica marxiana e algumas possibilidades filosóficas que ela oferece para uma crítica da ideologia na contemporaneidade. Palavras-chave: Consciência. Feuerbach. Crítica. Atividade sensível. Ideologia.