Reportagens radiofônicas expandidas: a construção de um conceito (original) (raw)

[Anais de eventos] Reportagens Radiofônicas Expandidas: Uma Proposta de Conceituação

Este trabalho discute a composição de reportagens radiofônicas, reportagens multimídia e a hibridização desses formatos observados sob o ponto de vista do rádio expandido. Nosso principal objetivo é compreender produções radiofônicas pensadas para web, que ocupam novos espaços, são desvinculadas da identidade editorial do dial e se apropriam das características do meio digital para incorporar novos elementos. Após apresentarmos os três principais embasamentos utilizados (reportagem radiofônica, reportagem multimídia e rádio expandido), propomos a formulação de um conceito: o de reportagem radiofônica expandida como formato do rádio expandido.

Reportagem Aumentada: uma proposta para o jornalismo radiofónico

Narrativas Jornalísticas para Dispositivos Móveis, 2018

O objetivo deste trabalho é precisamente evidenciar a importância do som através de um modo de captação e reprodução que está a interessar os investigadores e produtores, embora não se trate de uma tecnologia recente: o som tridimensional (Usman, Kamal, Qayyum, Akram, & Mathavan, 2017, p. 307). Existem dois tipos: o som surround e o som binaural. Ambos diferem na saída de som: o primeiro é utilizado nas salas de cinema e o segundo necessita de um wearable comum para ser percecionado, os headphones. É neste último que este trabalho exploratório se centra, ao validar a importância do som binaural através de exemplos como a BBC Radio 3. Em conjunto com esta tecnologia, adicionamos às suas potencialidades a Realidade Aumentada (RA), como parte da proposta para as reportagens radiofónicas, i.e, reportagens aumentadas. A RA consiste em adicionar conteúdos digitais à realidade física e que podem ser acedidos através de quatro suportes (Kipper e Rampolla, 2013 cit in Santos, 2015, p. 114). Dos quatro, este trabalho vai apenas debruçar-se nos dispositivos móveis. Através de aplicações adequadas para este tipo de suporte, a RA no jornalismo tem sido utilizada como uma ferramenta complementar à narrativa jornalística. O New York Times ou o Washington Post são dois exemplos de jornais que desenvolveram este tipo de aplicações para os seus leitores, o que indica uma aposta dos meios tradicionais em ferramentas tecnológicas. Assim, neste trabalho, vamos analisar cada tecnologia, definir conceitos e colocar em evidência as potencialidades e alguns constrangimentos desta proposta. Procuramos perceber se a rádio acompanha a fase “dourada” (Smith, 2018) dos podcasts e se o som binaural, em conjunto com a RA, pode criar experiências jornalísticas com significado para o ouvinte, em particular a reportagem. Neste sentido, indagamos sobre o facto de a rádio poder utilizar ferramentas tecnológicas que evidenciam a sua importância sonora, ao contar as “velhas” histórias do jornalismo (Ebel, 2015) com uma nova voz.

Possibilidades Criativas da Reportagem Radiofônica

Novos Olhares, 2013

Resumo: Com uma revisão crítica em parte das regras objetivas de manuais sobre radiojornalismo, este documento tenta defender o uso dinâmico das possibilidades sonoras pertencentes à expressão radiofônica como elementos informativos e, sobretudo, o redimensionamento desses elementos à frente, e não ao fundo da reportagem de rádio. Propõe agregar à reportagem de rádio o uso de música que apoie a sonoridade de forma participativa na narrativa, de ruídos naturais ou produzidos e de recursos dramáticos pertencentes à tradição radiofônica como alternativas narrativas que recompõe a história que a reportagem relata.

[Dissertação] O áudio em reportagens radiofônicas expandidas

A partir de discussões sobre midiamorfose (FIDLER, 1998), ecologia das mídias (SCOLARI, 2015) e remediação (BOLTER E GRUSIN, 2000), esta pesquisa discorre sobre a presença do rádio em cenário de convergência – contemplando estratégias utilizadas para a construção de narrativas e a circulação de conteúdos em outras plataformas. Apresenta como problema central o seguinte questionamento: como o áudio é explorado em reportagens radiofônicas produzidas para web e em que medida outros elementos midiáticos são utilizados para compor essas narrativas? A principal base teórica deste estudo parte do conceito de rádio expandido (KISCHINHEVSKY, 2016), discute a composição de reportagens radiofônicas e multimídia e como elas se aproximam das características desse rádio. O principal objetivo deste trabalho é investigar o papel do áudio em reportagens radiofônicas expandidas para a web, considerando as estratégias narrativas oferecidas pelo meio digital. Como procedimentos metodológicos, lançamos mão da técnica de triangulação (TRIVIÑOS, 1987) que se apoia nas fases exploratória, descritiva e explicativa, e se desdobra neste estudo na utilização das ferramentas de análise de conteúdo (BARDIN, 1977) e estudo de caso (YIN, 2001). Os objetos de pesquisa consistem em três reportagens especiais, duas de rádios brasileiras e uma portuguesa: Jovem Pan, Gaúcha e Renascença, respectivamente. Como resultado, observa-se que nas três produções o áudio reforça histórias de vida utilizando personagens na narrativa, enquanto outros formatos midiáticos complementam as informações presentes nos arquivos sonoros. Este trabalho traz uma proposta de categorização de reportagem radiofônica expandida construída a partir do escopo teórico e aplicada posteriormente às produções que compõem os objetos de pesquisa.

Análise de narrativas jornalísticas radiofônicas: reflexões sobre os desafios metodológicos da pesquisa em rádio

NARRATIVAS MIDIÁTICAS CONTEMPORÂNEAS: perspectivas metodológicas, 2018

Apresentamos neste capítulo o percurso metodológico de análise de narrativas radiofônicas desenvolvida em Quadros (2018). Nosso objetivo aqui é expor um relato parcial da trajetória de investigação em que propomos uma adaptação da Análise Crítica da Narrativa, a partir das proposições de Motta (2007, 2013a, 2013b), para o estudo do jornalismo radiofônico. Para tanto, no primeiro tópico, a seguir, contextualizaremos a pesquisa, apresentando nossos objetivos, o objeto empírico e o estado da arte dos estudos sobre narrativa e rádio. Em seguida, detalharemos o processo de adaptação metodológica, a partir dos movimentos analíticos sugeridos por Motta (2013b).

RÁDIO EXPANDIDO E O JORNALISMO: AS REDAÇÕES RADIOFÔNICAS NA FASE DA MULTIPLICIDADE DA OFERTA

O artigo realiza uma discussão sobre o conceito de Rádio Expandido e o contexto das redações jornalísticas na atualidade. Dentro desta esfera estão inseridas as visões sobre a produção de conteúdo permeada pela fase da multiplicidade da oferta por novas relações de trabalho na construção da notícia. O objetivo é realizar uma abordagem que agrega as modalidades de radiofônicas e discutir as reconfigurações da produção informativa, a relação com as fontes e a emergência de novos atores no mercado.

As transformações da reportagem radiofônica a partir do uso dos smartphones

18º SBPJOR , 2020

A transformação da reportagem radiofônica externa a partir do uso dos smartphones: reflexões sobre as potencialidades tecnológicas em tempos de pandemia Resumo: As transformações tecnológicas têm impactado no processo de evolução do radiojornalismo brasileiro ao longo de sua história, com reflexos diretos na produção das reportagens externas. Historicamente, o formato reportagem radiofônica evolui no compasso das adaptações da tecnologia, explorando características como a mobilidade e o imediatismo. Este artigo propõe algumas reflexões sobre o processo de transformação deste formato radiofônico a partir da evolução das ferramentas e do uso dos smartphones, alavancada no momento atual de pandemia e distanciamento social. A metodologia utilizada neste estudo é a análise documental e a revisão bibliográfica. O percurso teórico para a análise utiliza contribuições recentes de

A narrativa como perspectiva teórico e metodológica para o estudo do jornalismo radiofônico

Anais do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2016

O artigo propõe uma aproximação teórica entre o conceito de narrativa radiofônica e a perspectiva teórico e metodológica que interpreta o jornalismo como narrativa, articulando preceitos da Hermenêutica e da Pragmática. O objetivo é traçar apontamentos que conduzam a uma nova abordagem para os estudos de rádio, ao considerar a narrativa não somente como gênero ou formato textual, mas como processo de ordenamento e atribuição de sentidos às experiências humanas. O texto tensiona ambas as perspectivas, indicando potencialidades e especificidades para a aplicação metodológica da Análise Crítica da Narrativa (MOTTA, 2013) às narrativas radiofônicas. Palavras-chave: Narrativa; Jornalismo; Rádio; Análise Crítica da Narrativa. Considerações Iniciais O que é narrar? O que caracteriza e define uma narrativa? De imediato, a resposta mais provável a estas questões nos remete a um tipo específico de texto. A narrativa conta uma história, seja ela ficcional ou factual. Caracteriza-se pela existência de um narrador, um enredo (trama ou conflito), personagens e um contexto espacial e temporal, como nos endossa Gancho (1995, p. 9): "Sem os fatos não há história, e quem vive os fatos são os personagens, num determinado tempo e lugar". Narrar, portanto, significa relatar um acontecimento, de forma lógica e coerente. Com base nesse entendimento, podemos tomar o jornalismo como um tipo de narrativa. Diariamente jornais, programas de TV ou de rádio, sites e tantos outros meios de comunicação nos contam histórias, relatam os mais diversos acontecimentos. São narrativas que, geralmente, se afastam do modelo assentado pelo senso comum; diferem-se dos mitos, contos, fábulas ou mesmo das narrativas historiográficas. A narrativa jornalística das hard news não segue uma lógica temporal; inicia pelo fim e organiza fatos e personagens não de forma sequencial, mas pelo seu grau de importância no desenrolar da trama. No rádio informativo torna-se ainda mais complexa: a narrativa é efêmera e fragmentada, enriquecida com recursos sonoros, entonações, música, silêncios e ruídos.

Reportagem no rádio: realidade brasileira, fundamentação, possibilidades sonoras e jornalísticas a partir da peça radiofônica reportagem

Este trabalho tenta identificar a emergência de um modelo de reportagem radiofônica possível. A malha discursiva mostra a constituição de um produto jornalístico de rádio que chamo de peça radiofônica reportagem. De um lado, representa a posse dos preceitos do jornalismo, sobretudo o interpretativo e, de outro, reúne as possibilidades sonoras do rádio, a ponto de torná-lo um meio de expressão. Para chegar a isso, dividi o trabalho em cinco capítulos, em que se desenvolve: uma linha histórica da reportagem no rádio brasileiro (1); as bases teóricas, em forma de revisão bibliográfica, sobre a notícia e a reportagem, para desembocar na reportagem para o rádio (2); a formulação de uma constituição própria de reportagem para o rádio, a peça radiofônica reportagem, acompanhada de um modelo de análise a ser aplicado (3); a aplicação da análise em duas reportagens de emissoras que tratam de notícia o tempo todo (4); e a aplicação da mesma em três reportagens que representam um formato do gênero peça radiofônica reportagem (5). Uma linha do tempo, apoiada em estudos e documentos da história do rádio brasileiro, demonstra atraso em alguns importantes momentos da chegada de novas tecnologias para o meio, retardando sua aplicação e o desenvolvimento de uma linguagem forte e segura. Mostro que os brasileiros que estabeleceram o rádio e seus meios de produção não eram super-heróis cheios de grandes ideias, como a história oficial nos faz ver. Ao contrário, eram improvisadores, desconhecedores da tecnologia e da linguagem. Confirmavam, nos anos 20 e 30 do século XX, que ao brasileiro bastava a cópia do que vinha de fora e a solução de problemas na base do improviso. A parte dedicada à Teoria do Jornalismo inicia-se com uma discussão sobre gênero e formato e seus significados para diferentes teóricos. Faço isso antes de caminhar pelos conceitos de notícia e reportagem. Na revisão bibliográfica sobre a reportagem no rádio, baseio-me em literatura especializada para chegar à minha concepção de peça radiofônica reportagem, esta apoiada em conceitos de silêncio, sons e ruídos, música e palavra subjetiva, sobretudo narração impressionista por parte do repórter. Demonstro a necessidade e a possibilidade de que a peça radiofônica reportagem seja aplicada em nossas emissoras e equipes de jornalismo no rádio. Este estudo define um modelo aberto de análise de reportagens, aplicado subjetivamente em 5 reportagens: “Médicos faltam em unidades de pronto atendimento”, de Priscila Moraes, para a Rádio CBN; “Empresas não se adaptam a expor impostos em nota fiscal”, de Michele Trombelli, para a rádio BandNews FM; “Made in Bajo Flores”, do argentino Lalo Recanatini; “Wet”, do britânico radicado no Brasil Gibby Zobel para a BBC; e “N.N.”, da canadense radicada na Colômbia Nadja Drost para a Radio Ambulante. Este trabalho tenta apontar, com justificativas acadêmicas e práticas, a possibilidade tornar o jornalismo falado – e, no caso que apresento, sonorizado para o rádio – mais criativo, vivo, atualizado em forma e conteúdo, conectado com nosso tempo.