Campo, gênero e academia: notas sobre a experiência de cinco mulheres brasileiras na Bolívia Rafaela Nunes Pannain Sue A. S. Iamamoto (original) (raw)

resumo Neste artigo, apresentamos um debate sobre a relação entre gêne-ro e trabalho de campo, formulado a partir de nossas experiências na Bolívia e buscando consolidar uma crítica ao machismo na academia. Com trajetórias disciplinares distintas (antropologia, ciência política, relações internacionais e sociologia), apresentamos relatos sobre como ser mulher marcou diversos momentos da nossa pesquisa, desde escolhas de lugares nos quais trabalhar e nossos acompanhantes durante o campo a que fontes iríamos consultar. O ponto central deste trabalho é o entendimento de que a suposta "neutralidade acadêmica" vigente, que tem o masculino como norma, ignora o assédio e a violência sexual como problemas do campo e da produção acadêmica como um todo, isolando-os como problemas da mulher. Pretendemos, assim, contri-buir com o desenvolvimento de um léxico comum que permita a outras mu-lheres pesquisadoras abordar suas problemáticas em campo sem se sentirem menos capazes ou marcadas por sentimentos de culpa e vergonha. palavras-chave trabalho de campo, gênero, machismo, Bolívia, pesquisa-doras mulheres. * Participamentos igualmente da elaboração do texto, no processo de coautoria com prazeres e ensinamentos. Seguindo um costume feminista, nossos nomes aparecem em ordem de idade.