Sobre um diálogo impróprio. (original) (raw)

ESCREMORRÊNCIAS: diálogos insubmissos

Gabinete do Ódio, 2021

As coletivas de extrema imprensa, as entrevistas e os outros diálogos insubmissos são performances que ultrapassam parâmetros dicotômicos como autor e leitor, obra e recepção. Não há privilégio de autor/escritor. Trata-se de um trabalho em colaboração, concebido como um conjunto de ações executadas em copresenças virtuais em redes sociais, com uma temporalidade específica (janeiro a março de 2021); as ações não são representacionais; todos são personagens (ou não); não existem drama e enredo; não há início, meio e fim; o público é envolvido na circunstância da ação como agente participante em coautoria ou testemunha (voyeur); houve a simultaneidade temporal e situacional entre o fazer artístico do primeiro autor (Eu), a apresentação, a obra acontecendo e a percepção do público; os coautores, com sua presença (virtual) e participação geraram uma situação de autopoietic feedback loop, isto é, uma retroalimentação das minhas ações de performer a partir das respostas recebidas, o que determinou a forma artística-estética deste livro. Se Escremorrências for capaz de fomentar estudos sobre as implicações filosóficas da estética performativa, promover a dinamicidade da experiência estética, produzir reflexão e fomentar uma ação política, acho que ele atua como signo de resistência, de esperança e de denúncia contra o comunismo.

Dissonância no diálogo

Dissonância no Diálogo , 2024

A falta de comunicação e interpretação do pecador em relação à voz de Deus, é algo muito grave, levando muitas pessoas à condenação eterna. Podemos ver um caso clássico no livro do profeta Daniel, que traz a narrativa de um evento acontecido com o rei Belsazar; quando em uma data festiva, convidou mil dos seus nobres para um grande banquete. Naquele evento, Belsazar, profanou os artefatos roubados do templo de Jerusalém, como taças e outros talheres; além de terem subtraído os elementos consagrados a Deus, agora estava profanando-os bebendo vinho em orgias. Essa atitude trouxe grandes consequências para aquele rei; vejamos o que aconteceu.

Dialogo entre dois sabios

Pretendemos refletir acerca da transcrição poética do livro Eclesiastes, pertencente ao cânone da Bíblia, empreendida pelo poeta Haroldo de Campos em Qohélet/O-Que-Sabe Eclesiastes: poema sapiencial (1991). A relevância dessa obra seminal para a tradução bíblica no país está na deliberação em respeitar a respiração prosódica e a disposição tipográfica da composição, originalmente escrita em hebraico. Trata-se de uma prática de tradução criativa, que se executa como processo de antropofagia e recriação, contribuindo assim para a constituição de uma literatura nacional, brasileira, sendo um ato de devoração crítica do outro e assimilação do estrangeiro. A tradução de Haroldo de Campos será por fim posta frente à edição da Bíblia mais difundida no país, a de João Ferreira de Almeida.

Diálogos Regulares e interações discordantes

Este artigo possui dois objetivos básicos: discutir a especificidade das interações polêmicas como um tipo específico de diálogo regular marcado pela divergência de opiniões entre os participantes e propor uma reflexão sobre duas situações em que tais interações podem ocorrer de um modo específico: a entrevista e o debate político na televisão. Buscamos mostrar que em certas interações polêmicas não há acordo e negociação entre os participantes, mas não ocorre ruptura do diálogo entre os participantes. A esse tipo de interação damos o nome de "interação discordante". Ela difere das interações polêmicas mais comuns, onde podem ocorrer ao mesmo tempo comportamentos concordantes e discordantes, acordos e negociações. Na interação discordante não há, no nível das opiniões e dos conteúdos expressos, nenhum acordo, negociação ou concordância, constituindo um objeto de análise interessante para o estudo das interações verbais.

Dialogismo e tensividade

Estudos Semióticos, 2014

Neste artigo, articula-se a noção de dialogismo, advinda das teorias do Círculo de Bakhtin, com o conceito de tensividade, desenvolvido no âmbito da semiótica de vertente tensiva. Propõe-se que, em se tratando do fait divers, relações dialógicas, que constituem qualquer dizer, sobredeterminam a expectativa, o querer-saber, do enunciatário desse gênero do discurso, tornando-a mais intensa, tônica. Para verificar tal<br />proposta, apresenta-se um diálogo do relato sobre o Caso Isabella Nardoni, televisionado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, com dois contos dos Irmãos Grimm (2012) e com a tipologia do romance policial, prevista por Todorov (2006). Pelo que se pode demonstrar por meio das análises realizadas, relações dialógicas – do âmbito do interdiscurso – repercutem no intradiscurso em termos de tensividade, isto é, de gradientes de intensidade e extensidade.

Diálogo e dialogismo

Revista Ágora Filosófica, 2023

A perspectiva dialógica, ou dialogismo, derivada dos estudos de Mikhail Bakhtin, Valentin Volóchinov e Pável Medviédev, tem se mostrado um enfoque teórico particularmente produtivo na análise do discurso, entre outras áreas das ciências humanas. Nessa perspectiva, o conceito de “diálogo” ocupa, naturalmente, um lugar central. Com base na leitura de textos representativos do pensamento de Bakhtin e Volóchinov, o presente ensaio procura demonstrar que, no âmbito dos estudos dialógicos, o diálogo cotidiano nãosó tem uma posição de destaque enquanto forma clássica de atividade linguageira, como também exerce o papel de matriz geradora de analogias fundamentais para a condução da análise dos fenômenos discursivos, a formulação de proposições teóricas e o estabelecimento de terminologia específica.

Outro diálogo: uma compreensão do diálogo interno

2009

Esta tese tem como objetivo permitir maior compreensao sobre a operacao do pensamento e sugerir alternativas para a formacao de individuos reflexivos, criticos, autonomos e criativos. Defendemos que e possivel o individuo desenvolver uma atencao vigilante capaz de flexibilizar o pensamento e possibilitar mudancas nas nossas acoes e pensamento. Denominada Dialogo Interno, esta operacao caracteriza-se essencialmente pela abertura ao novo e continua disposicao para o aprendizado, minimizando o modo como o pensamento opera, na maior parte do tempo (automatismo). Este estudo teve como principais referencias teoricas as ideias de David Bohm (1989;1994;2005) e Michael Polanyi (1983) e como pressuposto fundamental o entendimento de que situacoes de crise propiciam momentos de tomadas de ciencia e estado de alerta que favorecem o pensamento a operar de modo mais flexivel. (Aragao Gomes, 1994, 1997). Metodologicamente, optamos por apresentar e analisar estes momentos atraves de relatos autobi...