MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. O navio negreiro do racismo religioso: A carne mais barata do mercado é a negra? Nures, Ano XV | Número 37 | setembro-dezembro de 2017, p. 1-12. (original) (raw)
Introduzo neste ensaio algumas possíveis relações entre racismo religioso e o falacioso "racismo reverso", bem como sobre a urgência em se fomentar uma educação inclusiva, laica e democrática que instigue as pessoas a, mais que tolerarem, abrirem seus caminhos ao respeito à diversidade religiosa. A análise foi feita a partir de observações de campo, referências bibliográficas e diálogos com pessoas que sofreram racismo religioso em Florianópolis, Santa Catarina. Essa é a segunda parte de um ensaio que comenta sobre a questão do racismo religioso. Palavras-chave: racismo religioso; racismo reverso; intolerância religiosa. The slave ship of "reverse" religious racism and the school as an insecure port Abstract: I introduce in this panoramic text some possible links between religious racism and "reverse racism", as well as the urgency of promoting an inclusive, secular and democratic education that instills, rather than tolerance, respect to religious diversity. The analysis was based on field observations, other authors and dialogues with people who have suffered religious racism in Florianópolis, Santa Catarina. This is the second part of an essay that briefly comments on the issue of religious racism. A carne mais barata do mercado é a negra? 2 Silêncio. Musa… chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!… (Castro Alves, 1869, s/p). A segunda frente de ataques às cantoras negras (comentada na primeira parte deste artigo, publicada no último número da NURES) está em comerciantes de Florianópolis. Uma das interlocutoras narrou que estes as denunciavam a policiais que diziam que respeitavam seu trabalho religioso mas pediam que elas "parassem com os batuques de macumbas" pois "perturbavam o silêncio e a ordem pública", e que caso não cessassem teriam de "recolher seus instrumentos religiosos".