Padrões de uso de bike-sharing em 3 grandes cidades brasileiras (original) (raw)
2017, XXI Congresso Nacional da ANTP
Padrões de uso de bike-sharing em 3 grandes cidades brasileiras. Victor Callil 1 ; Daniela Costanzo¹ ¹CEBRAP, Rua Morgado de Mateus, 615. (11)5574-0399. victor.callil@cebrap.org.br RESENHA O presente trabalho tem como objetivo analisar o funcionamento de sistemas de bike-sharing em três capitais brasileiras durante 20 dias úteis, selecionados entre os meses de junho e setembro de 2016. São elas São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O objetivo do trabalho é verificar como cada metrópole absorve os sistemas e quais são os fatores que influenciam os padrões de uso em cada cidade. PALAVRAS-CHAVES: bike-sharing, mobilidade por bicicleta INTRODUÇÃO O crescimento desordenado das cidades brasileiras e o modelo rodoviarista de uso do espaço urbano ao longo dos últimos 50 anos, período em que o processo de urbanização se fortalece no país, resultou em uma série de desafios a serem superados pelas cidades. A distribuição espacial das oportunidades de trabalho, moradia e lazer criou um ambiente complexo no qual as políticas de mobilidade urbana foram ganhando destaque como um dos principais elementos para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Também em razão da importância do setor automobilístico no processo de industrialização nacional e o poder político e econômico que esse empresariado tinha (e tem) sobre o governo, o automóvel adquiriu um papel preponderante nas políticas de mobilidade brasileiras 2. O transporte coletivo, relegado a segundo plano nas políticas, também tem como principal carro-chefe modais motorizados, em especial, ônibus e micro-ônibus que igualmente contemplam os interesses da cadeia automotiva. O transporte por trilhos, que já foi estrutural na ligação entre diversas regiões do país 3 , hoje se resume a trens metropolitanos ou sistemas de metrô que, em geral, atende muito pouco a demanda existente. Assim o aumento do volume de automóveis no país, em especial nos grandes centros urbanos, resultou em diversos problemas. Se por um lado os congestionamentos produzem altos níveis de stress, sedentarismo e frustração para os motoristas, por outro aumenta a emissão de gases do efeito estufa, bem como a poluição sonora. Além disso, dificulta a ocupação do espaço público, visto que locais onde o trânsito se adensa se tornam pouco atrativos para a permanência da vida pedestre 4. Uma das soluções alternativas a este problema é a inclusão da bicicleta na matriz modal e nas políticas de mobilidade urbana das cidades. Não apenas pelos benefícios à saúde que ela gera e ao ambiente, mas também por fornecer um meio de transporte rápido e flexível, que consegue circular tanto pela via como pelo passeio. Neste contexto, uma opção adotada em diversas cidades do Brasil e do mundo, é a bicicleta compartilhada, que aparece como um mecanismo para que as pessoas que possuem longos deslocamentos cotidianos possam inserir o ciclismo na sua lista de modais acessados no dia a dia, ampliando o raio de alcance dos outros modais e reduzindo o tempo de acesso aos mesmos 5. Se a distância percorrida é muito grande para se cumprir pedalando, o bike-sharing permite que o cidadão possa utilizar a bicicleta como parte do seu caminho, sem abrir mão de modais estruturantes. Isso fortalece a importância de se olhar para a bicicleta compartilhada na sua relação com os outros modais da cidade. Na literatura internacional e nacional, no entanto, poucos trabalhos se debruçaram sobre esta relação entre os sistemas de bike-sharing e o meio urbano no qual estão inseridos.