A relação ser humano-natureza no desencantamento religioso do mundo (original) (raw)
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Desencamento do mundo e declínio do compromiso religioso
A multiplicação de opções e práticas religiosas pareceria tornar indiscutível o questionamento da secularização. A “quantidade” de religião apresenta-se como dado inquestionável que não permite enxergar mudanças profundas na religião. Neste ensaio propomos a hipótese de que o crescimento religioso apenas representa confirmação da radical transformação do lugar da religião na modernidade. Transformação ela que a globalização viria a acelerar. O conceito de secularização, insuficientemente discutido no estudo da religião na América Latina, e, em decorrência disso, objeto de críticas incapazes de superá-lo, continua a nos ajudar quando colocado na perspectiva maior do desencantamento do mundo. Ensaiamos, assim, uma análise da mudança religiosa a partir de conceitos como “desencantamento do mundo” e “saída da religião”, visando mostrar que no lugar de uma crise o que temos é uma transformação do estatuto social do sagrado, que não se inaugura com a secularização mas a precede e a ultrapassa.
Fronteiras: Revista Catarinense de História, 2020
O presente artigo tem por objetivo apontar como a religiosidade dos imigrantes ucranianos atuou no processo de ressignificação e transformação do meio ambiente entre os anos 1890 e 1915, na região centro-sul do Estado do Paraná. Para isso, utilizamos como fontes, relatos dos imigrantes que se estabeleceram nos núcleos coloniais. Procura-se demonstrar que a percepção do mundo natural está ligada também a fatores culturais, os quais atuam no imaginário e nas representações sociais que os indivíduos têm de si e do ambiente à sua volta. As fontes indicam que a religiosidade atuou no processo de (re)construção da realidade social nas colônias, ou seja, o modo de vida dos indivíduos foi estruturado através de esquemas de percepção inscritos em suas ações.
Relação negativa do cristianismo com a natureza
Revista Opinião Filosófica
O artigo aborda a perspectiva ecológica presente no pensamento de Ludwig Feuerbach, especialmente em relação à abordagem negativa do cristianismo com a natureza. Feuerbach critica a teologia cristã por considerar a natureza como um mero instrumento à disposição do homem, uma vez que Deus teria dado ao homem a autoridade para dominar a natureza. Essa visão antropocêntrica contribuiu para o desenvolvimento de uma mentalidade exploratória e extrativista em relação à natureza, resultando em danos ambientais significativos. Feuerbach defende a necessidade de um rompimento na concepção cristã de relação com a natureza, a fim de se estabelecer uma visão mais equilibrada e harmoniosa, em que a natureza não seja vista como mera fonte de recursos para a satisfação das necessidades humanas, mas sim como um elemento fundamental para a preservação da vida e do bem-estar humano. Nesse sentido, o pensamento de Feuerbach pode contribuir para uma reflexão crítica sobre as perspectivas ecológicas na ...
Anais do XIV Simpósio da ABHR – UFJF / Juiz de Fora (2015), 2015
O conceito de “desencantamento do mundo” de Max Weber implica dois significados, a desmagificação da religião no ocidente realizado pela tradição judaico-cristã e a perda de sentido do mundo referente ao esvaziamento de significado deste e da vida realizada pela ciência moderna. No entanto, alguns pesquisadores do tema afirmam ocorrer na contemporaneidade a eversão do processo de desencantamento, o reencantamento do mundo, porém, para outros pesquisadores, o desencantamento religioso do mundo, pelo menos no contexto brasileiro, nunca ocorreu, portanto, não faz sentido falar em reencantamento, e como o objeto de estudo desta pesquisa está inserido no contexto brasileiro e o foco é o encantamento religioso, esse ponto se faz relevante. Contudo, entende-se que a partir da segunda metade do século XX o encantamento religioso se intensifica e se transforma no Brasil, adquire novas características, ou seja, é um novo encantamento. Assim, tomando em consideração que o desencantamento levou a uma relação negativa entre ser humano e mundo natural devido à separação, desvalorização e consequente dominação e exploração, esta pesquisa se propôs a investigar como se caracteriza a relação ser humano-natureza no novo encantamento religioso do mundo. Para identificar que tipo de relação ocorre no novo encantamento foi investigado uma religião inserida nesse processo, a wicca. As crenças e práticas de um coven wicca de João Pessoa, o Sons of the old Forest, foram objeto de pesquisa. Como metodologia, o trabalho fez uso de pesquisa bibliográfica e da observação participante. O marco teórico conceitual utilizado para fundamentar a pesquisa é a sociologia da religião e a ecofilosofia.
Fenômeno religioso - uma dimensão humana
Anais Do Congresso Internacional Da Faculdades Est, 2012
RESUMO A educação pode ser considerada um dos principais pilares para a construção de uma sociedade mais justa. No entanto, os inúmeros problemas que as escolas públicas enfrentam atualmente têm reduzido progressivamente a possibilidade de ascensão individual e coletiva dos educandos que necessitam desses serviços. O presente trabalho tem como principal objetivo demonstrar a contribuição da geografia para a gestão educacional através de um estudo etnográfico realizado com estudantes do 3° ano do Ensino Médio de 2009 no Colégio Estadual Ruy José de Almeida (CERJA), onde trata da contribuição da Geografia para a Educação e apresenta dados referentes à percepção dos estudantes em relação ao espaço físico, relacional e pedagógicos da escola. A pesquisa realizada, por ter caráter subjetivo, está entrelaçada com aspectos históricos, políticos, sociais, econômicos, culturais e com o intervalo de tempo em que foi realizada. Portanto, os métodos utilizados foram o fenomenológico, que consiste em descrever a experiência tal como ela é, e o método dialético, que é dinâmico porque considera os fatos dentro de um contexto maior.
Evolução histórica do processo de ruptura entre o homem e a natureza
2019
Este artigo procura apresentar atraves do estudo bibliografico a “evolucao” historica, a partir das reflexoes de alguns autores como Elisabet Sahtouris, Tomas de Aquino, Lutero, Rene Descartes (1596- 1649), Padovani & Castagnola( 1995), Galileu Galilei (1564-1642) , Francis Bacon (1561-1626) dentre outros, que em seus estudos apontam o processo de separacao entre o homem e a natureza, identificando as caracteristicas da sociedade em cada momento historico e quais eram as suas visoes deste objeto de estudo. O objetivo e mostrar o processo historico que levou a ruptura entre o homem e a natureza, processo este que traz a tona os verdadeiros valores da sociedade moderna e o apogeu dos pressupostos do sistema economico capitalista, sendo este o principal responsavel por essa ruptura, refletindo no comportamento de consumo e agressao/posse do meio ambiente pela sociedade.
O humano como um ser religioso espiritual
Este artigo busca explorar aspectos do ser humano, vislumbrando-o como um ser inerentemente religioso ou espiritual, através da lente da espiritualidade cristã e suas manifestações percebidas pela fenomenologia. A metodologia adotada consiste em uma revisão de literatura embasada na epistemologia fenomenológica de Angela Ales Bello. O objetivo é investigar a compreensão do ser humano como aberto ao Sagrado, independentemente de estar envolvido em estruturas religiosas convencionais ou interessado em questões transcendentes. Sob um enfoque fenomenológico, destacamos a propensão natural do ser humano à espiritualidade, livre de restrições ou vínculos religiosos. Além disso, com base em pensadores que exploram a fenomenologia nas dimensões psíquicas e espirituais, apresentamos as categorias hilética e noética como vias de experiência espiritual acessíveis a qualquer pessoa que se engaje nesse caminho, sem necessariamente se ligar a um sistema religioso específico.
Ceticismo e crença religiosa no Tratado da natureza humana
Kriterion: Revista de Filosofia, 2011
A richard Popkin, devemos uma poderosa visão unificadora do ceticismo consequente ao debate religioso do início da modernidade. na História do Ceticismo, Popkin interpreta a controvérsia que se segue à reforma protestante segundo o modelo da crítica pirrônica antiga aos critérios de certeza dogmáticos. 1 em sua interpretação, assim como a dos antigos, a busca dos modernos acaba no abandono da esperança de jamais se encontrar ou satisfazer um critério. este fracasso faz com que se substitua a razão por uma espécie de fideísmo, que consiste, aqui, no assentimento a crenças que, apesar de racionalmente injustificáveis, provam-se duradouras apesar da, e mesmo em oposição à razão. em seguida, Popkin mostra que a crise pyrrhonienne acaba por extrapolar a esfera religiosa e por moldar a própria filosofia moderna, quando conhecimento degrada-se em crença e, em alguns casos, em "pura fé animal". A coletânea The High Road to Pyrrhonism, ao avaliar o pensamento de Hume, complementa esta visão. Para Popkin, Hume emerge na cena do pensamento filosófico como "único cético vivo" ("only living skeptic") no século XViii-"por um lado, um anacronismo e, por outro, o homem mais