ARQUEOLOGIA COMO INSTRUMENTO DE APROXIMAÇÃO ALUNO-MUNDO ANTIGO: PARA ALÉM DE UMA VISÃO EUROCÊNTRICA (original) (raw)

AÇÕES EDUCATIVAS EM ARQUEOLOGIA: A MULTIVOCALIDADE DAS HISTÓRIAS INDÍGENAS

A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NOS 50 ANOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS, 2020

O projeto Arqueologia, Educação Patrimonial e História Indígena em Pelotas, atividade de extensão ligada ao Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ/UFPel), tem como objetivo a socialização das pesquisas arqueológicas e a construção coletiva de narrativas sobre as materialidades de origem indígena, buscando manter sempre ativo nosso compromisso com a publicização do conhecimento científico. O projeto busca incitar à discussão sobre passado e presente das diversas populações indígenas sul-americanas, cuja historiografia tradicional insiste em invisibilizar. Pretendemos promover diálogos, através da materialidade, entre as coisas produzidas, as pessoas e os seus significados no panorama social contemporâneo. Nesse sentido, se por um lado, a intenção das ações educativas é construir conhecimento, por outro lado, também é objetivo desconstruir conhecimentos canônicos e ideologicamente solidificados e reproduzidos no sistema educacional nacional. Trata-se, portanto, de um projeto desenvolvido no sentido de ampliar o conhecimento da sociedade (latu sensu) sobre as populações indígenas que ocuparam as terras sul-americanas há, pelo menos, 13.000 anos. Explorando as hipóteses teóricas e dados produzidos em diversos níveis acadêmicos, indo do contexto regional ao continental, nossa atuação visa conectar o conhecimento arqueológico sobre os povos ancestrais às populações indígenas atuais, trazendo à luz do debate a pluralidade de Histórias Indígenas de Longa Duração, seus diversos componentes materiais distribuídos em ampla escala geográfica, buscando fomentar entre os diversos públicos, o reconhecimento social da diversidade cultural indígena.

ARQUEOLOGIA COMO DISCIPLINA TRANSVERSAL

REVISTA TARAIRIÚ, 2022

Ao longo das escritas sobre o pensamento arqueológico algumas frases marcaram a trajetória da arqueologia. Neste ensaio destaco duas destas frases conhecidas na arqueologia e o contexto em que foram cunhadas de modo a demonstrar como a arqueologia foi sendo percebida e transformada nas suas relações com as disciplinas história e antropologia. De tal modo, apresento breve histórico de interações entre a tríade de disciplinas, com a arqueologia perpassando a história e antropologia ao passo que ocorreram mudanças paradigmáticas. Em razão de tais transformações e novos anseios de pesquisa, a definição de "cultura arqueológica" se aproxima de noção totalizante para compreensão sistêmica das relações entre humanos e coisas em seus contextos. Ao finalizar abordo a transversalidade na arqueologia segundo abordagem quatro campos e seu amplo interesse de pesquisa na área de ciências humanas e sociais. Palavras-chave: teoria e método em arqueologia, história do pensamento arqueológico, antropologia quatro campos, transversalidade.

ARQUEOLOGIA BRASILEIRA. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E COMPARADA

Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, 1999

"By documenting the past experience o f the disci­ pline and shedding light on the processes o f archaeolo­ gical knowledge production, history can articulate with theoretical and methodological problems and play an active role in reorienting both contemporary and future archaeological practice" (Pinsky 1989:90). Este artigo é, antes de tudo, um convite aos arqueólogos brasileiros para refletirmos sobre as inspirações teóricas e rumos tomados pela arqueologia no Brasil, a partir de uma perspectiva históri­ca e comparativa, e com o intuito de favorecer o desenvolvimento de uma arqueologia verdadeira mente nacional, isto é, moldada aos problemas e condições específicas que a herança arqueológica brasileira apresenta. Esta preocupação com o desenvolvimento de uma arqueologia orientada para um contexto especificamente brasileiro surge da convicção de que a natureza do registro arqueológico de­termina, ao menos em parte, o conhecimento pro­duzido sobre ele, uma posição defendida por al­guns analistas e historiadores da arqueologia (Salmon 1982; Wyllie 1991, 1993) enquanto al­ternativa ao recente relativismo radical proposto por alguns críticos pós-processuais (Shanks e Tilley 1990). Mais especificamente, acreditamos que se interpretações arqueológicas são necessaria­mente permeadas por (pré)conceitos do presen­te, elas não são de todo flexíveis e que a própria natureza do registro arqueológico e seu contexto específico tomam suas interpretações diferentes de meras opiniões arbitrárias. Daí a importância de desenvolvermos uma arqueologia que, na es­colha de suas inspirações teóricas e práticas me­todológicas, considere as especificidades do re­gistro arqueológico com que se está lidando. Es­pera-se com isto desenvolver uma produção mais sólida em termos interpretativos e mais respon­sável quanto às visões que oferece à sociedade nacional (e demais grupos interessados) do pas­sado pré-colonial brasileiro.

COMO A ARQUEOLOGIA PODE AUXILIAR NA RECONSTITUIÇÃO DA MEMÓRIA, NA DEFESA DA TOLERÂNCIA RELIGIOSA E NAS POLÍTICAS CULTURAIS

Revista de Arqueologia Pública , 2017

A partir do exemplo obtido com as escavações dos remanescentes edificados do Terreiro da Gomeia (Duque de Caxias/RJ), o artigo visa debater como a Arqueologia pode contribuir para a fomentação de políticas públicas e a construção de uma sociedade mais tolerante com as religiosidades afro-brasileiras. Assim, a Arqueologia destaca-se, junto às demais ciências, como mais uma fonte de debate e implementação de Políticas culturais e de Patrimônio na preservação da diversidade cultural nacional.

PROPOSTAS DIDÁTICAS PARA USAR TEMAS DE ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: Caiari revendo o passado, cultivando o futuro, 2022

􏰙esta se􏰔􏰕o propo􏰋os 􏰇􏰋a ficha didática 􏰎􏰇e pode ser􏰍ir de roteiro a docentes, além de mães e pais que queiram usar temas de Arqueologia e Paleontologia, ciências de caráter transversal e multidisciplinar. Salientamos 􏰎􏰇e a ficha 􏰑 􏰇􏰋 􏰋odelo e pode ser adaptada por se􏰇s 􏰋ediadores didáticos 􏰚 aqueles que se encarregarão de executar as atividades. Em seguida, apresen- ta􏰋os seis fichas didáticas de ati􏰍idades desen􏰍ol􏰍idas d􏰇rante o 􏰈rogra􏰋a de Educação Patrimonial e Educação em Paleontologia, tratados nos capí- t􏰇los tr􏰃s e cinco. 􏰙este cap􏰆t􏰇lo􏰂 alg􏰇􏰋as propostas de oficinas s􏰕o apre- sentadas, mas os temas não se restringem à Arqueologia e à Paleontologia. As atividades foram revistas e adaptadas pelos autores da seção, mas cabe salientar que elas são derivações do trabalho das pesquisadoras e pesquisa- dores, educadoras e educadores, e todas as pessoas que trabalharam na exe- cução dos projetos de Arqueologia Preventiva e Preservação do Patrimônio 􏰈aleontol􏰁gico desen􏰍ol􏰍ido pela Scientia Cons􏰇ltoria Cient􏰆fica nos est􏰇- dos já citados em capítulos anteriores. A ideia central é sensibilizar todos os pais, mães e professores para a importância da valorização e preservação do patrimônio cultural, socialização e multiplicação do conhecimento gerado.

CONTRIBUIÇÕES DA HISTÓRIA E DA ANTROPOLOGIA PARA A PESQUISA ARQUEOLÓGICA: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA

O presente trabalho tem por objetivo realizar algumas reflexões sobre experiência de pesquisa, que procurou conjugar aportes multidisciplinares para a pesquisa sobre a arqueologia Guarani no litoral sul do Estado de Santa Catarina (LINO, 2009). Como recurso teórico, metodológico e de uso de fontes, a antropologia e a história contribuiram sobremaneira para a investigação arqueológica. Com relação à antropologia, utilizou-se aportes teóricos sobre as complexas relações entre estrutura e evento, com base principalmente nos estudos de Marshall Sahlins, somando-se com os studos de caso realizados por Ivori Garlet entre os Mbyá e Carlos Fausto a respeito dos Parakanã. Para o caso da história, as contribuições se situaram principalmente no que concerne ao uso de dados etnohistóricos, produzidos por padres jesuítas que circularam pela região em foco no decorrer do século XVII, possibilitando a construção de um percurso histórico Guarani na longa duração, com a somatória de pesquisas arqueológicas e históricas.