A relação do fã com o super-herói: experiências estéticas na contemporaneidade (original) (raw)
2018, IV Colóquio Regional Sul em Arte Sequencial
Em seu texto "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica", Walter Benjamin3 faz uma reflexão sobre as transformações advindas de técnicas de reprodução de objetos tidos como artísticos. No ensaio, publicado em 1936, o autor aborda diferentes noções, com autenticidade, unicidade e valor de culto e exposição, para fundamentar a sua explicação sobre ao que ele se refere como sendo a perda da aura das obras de arte. Particularmente, entendo o conceito de aura de Benjamin como algo sem uma definição precisa, de forma a ser tão subjetivo que se torna quase intocável. No entanto, são sabidas as relações teóricas, os atravessamentos contextuais e o cenário no qual este foi concebido. E, apesar de ser uma noção "historicamente determinada"4, isso não nos impede de buscar aproximações, fazer experimentações e tentar encontrar rastros que circundam essa enigmática concepção, que perdura por tantas décadas. O fascínio que os fãs têm por seus objetos de adoração também possui algo que parece mítico, quase religioso. Minha pesquisa de mestrado, que tem por enfoque os fãs de super-heróis da Marvel e DC Comics, me trouxe alguns indícios acerca dessa relação de idolatria. Este trabalho tem por objetivo, assim sendo, tensionar as reflexões propostas por Benjamin em relação à obra de arte e à sua reprodução técnica frente as experiências estéticas e percepção dos super-heróis pelos seus adoradores.