INSUSTENTABILIDADE DO CAPITAL ENQUANTO EXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO E POTENCIAL EMANCIPATÓRIO DO CAMPESINATO AGROECOLÓGICO (original) (raw)

RESUMO A insustentabilidade do capitalismo tem sido entendida em sua dimensão socioambiental, porém é preciso compreender o caráter insustentável do modo de produção capitalista em sua dimensão ontológica, onde as potencialidades autenticamente humanas são negadas por relações mercantis alienadas. Esse caráter alienante se dá no proletariado urbano, rural e no campesinato submetidos ao capital. O campesinato agroecológico, na medida em que assumir uma identidade classista de confronto com o capital, pode se inserir na luta pela emancipação humana. PALAVRAS-CHAVES Capital, insustentabilidade, campesinato, agroecologia, emancipação. INTRODUÇÃO O modo de produção capitalista mostra-se insustentável por conta de sua contradição fundamental entre capital e trabalho que gera uma série de contradições secundárias, dentre as quais a concorrência, o imperialismo, as crises de superprodução (NETTO E BRAZ, 2009) e, consequentemente, um desafio socioambiental que ameaça a sobrevivência de boa parte da humanidade. No meio rural, o capitalismo também se fundamenta em contradições: notadamente o capital em sua expansão ameaça a propriedade da terra camponesa bem como expropria a renda da terra produzida pelo campesinato (CARVALHO, 2010), o que também demonstra sua insustentabilidade. Tal situação gera um permanente conflito de classe em que diferentes identidades podem ser desenvolvidas no sentido de reproduzir ou transformar tal dinâmica. O campesinato agroecológico pode se constituir como portador de uma sociabilidade com o sentido de coevolução entre sociedade e natureza que pode se constituir em uma identidade de projeto que contribua para a superação da insustentabilidade decorrente do modo de produção capitalista? Assim é que nesse artigo estaremos verificando que a viabilidade do capitalismo se restringe a ser uma viabilidade para o próprio capital, e que seu sucesso representa ao mesmo tempo um grave risco de inviabilidade para uma gigantesca parte da humanidade. Esse conflito entre viabilidades-do capital ou da humanidade-é que identificaremos como insustentabilidade socioambiental. Como verificaremos no decorrer do texto, a relação social fundamental do capitalismo que articula simultaneamente a valorização do capital e exploração da força de trabalho é fundada na contradição. E será justamente essa contradição que engendrará as demais contradições, dentre as quais, a concorrência, a ampliação do capital fixo, a queda da taxa de lucro, o imperialismo, as guerras, a destruição ambiental (NETTO E BRAZ, 2009). Assim, estaremos desenvolvendo a ideia que a sustentabilidade socioambiental é impossível sob a lógica do modo de produção capitalista justamente porque se funda em uma relação não sustentável já que antagônica entre seres humanos