[Livro - UFMG] Querido índio de Ti Tanaru ou uma carta ao mundo "civilizado" (original) (raw)
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Cartas do irmão José de Anchieta (1554-1565): do índio selvagem à sociedade ideal indígena
Limite Revista De Estudios Portugueses Y De La Lusofonia, 2009
A Companhia de Jesus nasceu e estendeu-se no século XVI a quatro continentes sob o domínio da escrita. Pode-se falar duma Formula Escribendi, reformada ao longo dos anos, que estabelecia os modos e os tempos durante os quais se devia de manter a correspondência entre os membros da Companhia. Foram os catequistas os primeiros a fazer literatura para o Brasil, incorporando-se definitivamente às origens da civilização brasileira. No presente trabalho, apresenta-se um estudo das cartas escritas pelo irmão Anchieta, entre 1554 e 1565, para mostrar tanto a imagem do índio visto pelo jesuíta, como a contribuição da Companhia de Jesus nos inícios da história do Brasil.
O ethos indígena na obra literária memorialista de Daniel Munduruku
Revista Caletroscópio / Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos da Linguagem da Universidade Federal de Ouro Preto – Ano 1, Nº 1 (Jul./Dez. 2012) – Mariana: UFOP, 2012., 2012
Adopting the theories postulated by Classical Rhetoric and Argumentation Discourse, this paper comes up with a reflection about the identity built by Daniel Munduruku in his memories ‘Meu vô Apolinário: um mergulho no rio da (minha) memória’ The indigenous writer assumes the world of classical rhetorical tradition and expose his ideas in order to change preconceived concepts about the visibility of indigenous people by non-indigenous brazilian society. Munduruku shows a new indigenous appearence resulting from the performance between previosly and shown ethos, working both: his ‘fame’ and a new person built in his book and captured by the reader. Adopting gender epidictic, the construction of the indigenous ethos is done in a apparently harmless way, lying hidden the purpose to recreate new values about the world’s indigenous peoples in Brazil.
2015
Neste artigo evidenciaremos os discursos do poder publico para obter o dominio sobre os indigenas no seculo XIX no Amazonas pela catequese e civilizacao. Objetivando prosseguir com os ideais da modernidade, os politicos pretendiam estabelecer contato com os indios para resolverem seu problema de mao de obra barata, e acabar com os elementos da cultura nativa ligada ao atraso e ao hostil. Para tal estabeleceu-se entre as metas de governo a Catequese e Civilizacao de indios, onde todos os presidentes de Provincia e mais tarde os governadores, queriam convencer o indio a mudar de vida e ser um altivo trabalhador. Destacando que o espaco temporal deste artigo coincide com a Belle Epoque, momento de grande especulacao e crencas progressistas. Palavras-chave: Catequese, Civilizacao, Indios, Missionarios.
"Para povoar a história de índios". Um texto em homenagem a John Monteiro
A proposta de John Monteiro de povoar de índios a história e a antropologia tem um importante impacto dentro dessas duas disciplinas no Brasil. A partir de nosso ponto de vista como orientandos, colocam-se em perspectiva essas contribuições, apresentando parte das relações que ele tinha como um personagem engajado ética e politicamente com a produção de conhecimento nas universidades, além de apresentar parte das últimas preocupações teóricas que marcam os trabalhos de um segmento de sua “linhagem”.
O índio em devir (prefácio ao livro Baré povo do rio)
Mesmo assim, se alguns dos nossos antepassados nos vissem no estado em que estamos e lhes perguntássemos por que eles há quinhentos anos viviam livres e tranquilos, certamente nos responderiam: "Nós não éramos índios". Brás de Oliveira França Não me sinto no direito nem disponho dos fatos que me autorizem a falar sobre o povo Baré. Não posso dizer algo de realmente relevante a respeito de um povo que não conheço por experiência pessoal, e do qual quase tudo o que sei aprendi lendo a tese de meu ex-aluno Paulo Maya e os excelentes artigos reunidos neste livro. A prudência, muito mais que a modéstia, me obriga a sugerir que o leitor fará melhor se for direto a eles. Mas o pouco que sei talvez me permita, ao menos, dizer uma ou duas palavras a partir dos Baré, daquilo que eles "simbolizam", de seu valor propriamente exemplar, paradigmático, quando se considera a complexa trajetória histórica que o drama da invasão da América pelos europeus impôs a esse povo: uma trajetória marcada pela ocupação militar, a expropriação territorial, a dizimação demográfica causada pelas doenças (físicas e metafísicas) disseminadas pelos invasores, a escravização econômica, a repressão política, a interdição linguística, a brutalização das crianças nos internatos missionários (um momento especialmente vil da atuação recente da Igreja Católica na Amazônia), a violação ideológica por meio da destruição dos sacra indígenas e da imposição truculenta de uma religião alienígena -enfim, o longo e abominável, rosário de violências que os povos ameríndios sofreram, e sob muitos aspectos continuam a sofrer, nas mãos dos orgulhosos representantes da "civilização cristã" e/ou da "nação brasileira" (a sinonímia, interna e externa, entre essas duas expressões não é a menor das ironias, no caso). Como sobreviver a tal metódico etnocídio, melhor, como ressurgir a partir dele, como refazer um povo? Como recuperar a memória e reinventar um lugar no interior do estranho, do estreito e instável intervalo entre "índios" e "não-índios" que ora se abre, ora se fecha para os povos nativos do continente? Os Baré são uma das respostas em ato, hoje, a estas perguntas. É nisto que está a exemplaridade destes antigos senhores do Rio Negro, deste povo que desempenhou um papel axial na dinâmica cultural pré-colombiana, e que tem entre seus louros o de ter seu nome associado à
Divulgação de livro _ Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido
Contornos humanos: Primitivos, rústicos e civilizados em Antonio Candido, 2023
Este livro analisa aspectos da obra de Antonio Candido, talvez o mais consagrado e importante estudioso da cultura brasileira da segunda metade do século XX. O foco da autora está no estudo da ideia de humanização, central no pensamento candidiano. Trata-se de atentar para os tipos humanos-o "primitivo", o "rústico", o "civilizado"que surgem, em textos do autor, associados a certas funções que a literatura deveria desempenhar. Nesse sentido, a autora visa discutir o arcabouço teórico etapista de Antonio Candido, atentando especialmente para a ideia de que o homem se faz propriamente humano à medida que se afasta da natureza.
A escravização dos índios num texto missionário em língua geral do século XVIII
Revista USP, 2008
INTRODUÇÃO a segunda década do século XVII começava a colonização portuguesa na Amazônia. Os luso-brasileiros deixavam, enfim, de habitar somente a costa leste e passavam a interiorizar sua presença no território brasileiro, iniciando atividades produtivas. Mas, em qualquer situação de colonização de exploração, a escravidão era uma condição sine qua non do desenvolvimento das atividades econômicas, e o índio das missões católicas, dado o seu treinamento para o trabalho sistemático, era muito valorizado pelo sistema agrário-exportador colonial.
MESTRE” TAMODA, DE UANHENGA XITU: UMA CARICATURA DA ASSIMILAÇÃO DO COLONIZADO ANGOLANO
Este artigo pretende analisar o conto "Mestre" Tamoda, do escritor angolano Uanhenga Xitu, dando especial atenção às condições sociais e psicológicas que subjazem o processo de assimilação do Negro, à aquisição do português (a língua do opressor) e sua angolanização, e às feições cômicas e trágicas do desajuste do homem africano em seu próprio meio, de sorte que essa narrativa caracteriza-se como uma crítica ao sistema colonial.
Literatura indígena do Tocantins (Atena Editora)
Literatura indígena do Tocantins (Atena Editora), 2023
Krahô, Karajá, Javaé e Xerente são as etnias que compartilham algumas de suas danças rituais, festas tradicionais, artefatos culturais, histórias de animais e outros seres contadas e transmitidas de geração a geração e que são parte da identidade cultural desses povos. A interculturalidade requerida e presente nos processos educacionais escolarizados pode ser conhecida pelas releituras de contos não indígenas que são reelaborados a partir de significações próprias desses grupos étnicos. O livro “Literatura Indígena do Tocantins” é multilíngue, escrito nas línguas nativas de cada povo e em Língua Portuguesa, como parte das políticas de valorização linguística requeridas pelas comunidades, lideranças e educadores e asseguradas nas legislações específicas que tratam da Educação Escolar Indígena. O direito à Educação Escolar Indígena intercultural, específica e diferenciada é materializado nas linhas que compõe essa bela coletânea de textos e vivências de alguns dos povos indígenas que vivem no hoje, Estado do Tocantins e representa a possibilidade de trabalhos adequados à diversidade cultural indígena no Brasil. O desafio é fazer com que o livro chegue às escolas indígenas e não indígenas e passem a compor o conjunto de materiais paradidáticos que atendem a Lei 11.645 de 2008 que torna obrigatório o ensino das culturas e histórias indígenas e afro-brasileiras em todos os estabelecimentos de ensino do Brasil. Desta feita, poderemos continuar avançando na superação dos estereótipos que permeiam o imaginário nacional sobre os povos indígenas no Brasil e “esperançar” a construção de um país plural que valoriza e respeita as diversidades.