CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (original) (raw)

As manifestações de carinho para com os oitenta amos Carlos Drummond de Andrade(1902-1987) são um testemunho inequívoco da importância que ainda se dá à Poesia. Algum tempo atrás até se falou na morte da poesia. Mas, os anos não confirmaram isso. A poesia está tão viva aqui como alhures que a circunstância de se prestar merecidas homenagem a um dos grandes poetas brasileiros, como Carlos Drummond de Andrade, vale como insofismável prova de que o verso é levado em alta conta graças a Deus. E ai de nós se não o fosse! Mais do que muitas análises críticas que se têm feito sobre o vate, o depoimento dele para o especial de televisão da Rede Globo serviu em muito para elucidar pontos obscuros de usa obra, assim como para fazer-nos entender melhor o homem a serviço da poesia ou a poesia a serviço do homem. De tudo, porém, que conseguiu relatar, o que mais me comoveu e dele me tornei ainda maior admirador foi a revelação feita sobre o próprio pai, o qual, fazendo parte da Câmara Municipal da sua cidade natal, Itabira, conseguira para ela o fornecimento de luz e de água encanada. Seu pai, um homem público, nem mesmo mereceu que fosse agraciado com um nome de rua,-desabafou tristemente o nosso poeta maior. Uma outra faceta revelada pelo lírico é a do seu relacionamento com o leitor. Segundo ele, nada mais gratificante do que encontrar num leitor anônimo alguma ressonância ou receptividade de sua poesia. Repare-se, aí, a humildade (à semelhança de Manuel Bandeira, 1886-1968, naquele sentido que lhe deu o notável ensaio de Davi Arrigucci Jr.(1) sobre a lírica bandeiriana), e a preferência demonstrada pelo tipo de leitor que o deixasse mais realizado na sua longa e produtiva atividade de poeta. Não fez, nesse aspecto, menção aos doutos, aos grandes exegetas, aos maiores analistas de sua sólida obra. Preferiu aqueles humildes e desconhecidos leitores que o liam apenas pelo prazer