ANDRÉ BUENO -DULCELI ESTACHESKI EVERTON CREMA -JOSÉ MARIA SOUSA NETO [ORGS.] APRENDENDO HISTÓRIA: ETNICIDADES (original) (raw)

Aprendendo História: ETNICIDADES Página | 1

Introdução A relação entre duas disciplinas como história e antropologia têm sido demonstrada, pelo menos para os antropólogos, como uma que nos permite reconstruir uma imagem do passado para estabelecer continuidades e mudanças no estudo de processos socioculturais de forma comparativa. A necessidade de abordar esses fenômenos diacronicamente nos faz Olhar, em outras disciplinas, elementos que podem servir para dar sentido ao enigma do presente. Para o caso de Timor-Leste, as literaturas coloniais portuguesa e holandesa são as fontes mais importantes para o estudo. Muito ricas em conteúdo, as aproximações aos dados apresentados devem ser feitas com o devido cuidado interpretativo, estar ciente dos lugares de fala heterogêneos que os informam. Os estudos de Ricardo Roque sobre o conhecimento produzido durante a colonização portuguesa de Timor são um bom exemplo de como abordar estas questões (ROQUE, 2011, ROQUE, WAGNER, 2012). É mais complicado voltar a momentos anteriores aos da colonização. Contudo, disciplinas como arqueologia, linguística e estudos sobre as navegações de outros povos oferecem-nos uma janela para o Timor précolonial que nos permite reconstruir parcialmente o que Timor pode ter sido antes da chegada dos portugueses e dos holandeses. Abordagens Arqueológicas ao Timor pré-colonial Existem algumas investigações arqueológicas realizadas em Timor-Leste que revelam aspectos, principalmente materiais, sobre como a vida na ilha deveria ter sido no passado. Uma das fontes que temos para tentar esboçar o Timor pré-colonial são os trabalhos arqueológicos que foram realizados desde os anos cinquenta até ao presente, deixando de lado os vinte e quatro anos de ocupação indonésia. No que diz respeito às missões portuguesas, não se tratava tanto de arqueologia moderna como de uma antropologia física continental ligada direta e ideologicamente ao Estado Novo de Salazar (SCHOUTEN, 2001, p.165). Essas investigações, conhecidas sob o nome de Missão Antropológica de Timor (1953-1954), foram dirigidas por Antonio de Almeida. Participaram dessas missões, entre outros, António Augusto Mendes Corrêa, que serviu como presidente do Conselho de Investigações Coloniais ; e Rui Cinatti (1963). No entanto, os trabalhos sobre arqueologia publicados por Cinatti (1963), António de Almeida (1960, 1961) e Mendes Corrêa (MENDES CORRÊA; ALMEIDA; FRANÇA, 1964) já revelam a existência de pinturas rupestres e restos que apontam para a existência da vida cerimonial (LUCAS et al., 1992). Referências bibliográficas Alberto Fidalgo de Castro é em Linguagem, Ciência e Antropologia pela Universidade da Coruña com a tese 'Dinámicas políticas y económicas en el dominio ritual y la vida cotidiana en Timor Oriental. Estudios de caso desde la aldeia de Faulara'. Atualmente, desenvolve pesquisa na UNB.

HISTORIOGRAFIAS DO OUTRO: AS CRÔNICAS ETNOGRÁFICAS

Temas para uma historia latinoamericana I Inflexões da narração. Variações do deslocamento. , 2022

Desde os primeiros momentos da denominada "descoberta" do Novo Mundo, os europeus, começando por Colombo, se interessaram vivamente pela natureza e pelas pessoas que habitavam essas "ante ilhas" ou "Antilhas", como as nomeou o navegador genovês, imaginando que se encontrava nas ilhas anteriores à mítica região de Cipango. O interesse desses primeiros observadores foi motivado, antes de tudo, pela curiosidade diante do exotismo dessas novas terras que pisavam, e pelos hipotéticos lucros que poderiam ser obtidos na extração das suas riquezas. Assim, junto com as notícias da descoberta e da posse oficial da terra, Colombo, mesmo sem compreender a língua das pessoas com as quais tenta comunicar-se, escreve que os recursos são ímpares, e que os

AGOSTINO DI DUCCIO, ABY WARBURG E O ORATÓRIO DE SÃO BERNARDINO: ANJOS EM SERENA VERTIGEM (resumo expandido)

40o. Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte, 2020

Sob o tema "Pesquisas em diálogo", este artigo se detém sobre uma experiência conjunta realizada em nosso grupo de pesquisa, em que buscamos refletir acerca dos pressupostos teórico-metodológicos do legado warburguiano mediante um mergulho nos relevos do Oratório de São Bernardino, em Perugia e nos relevos do templo Malatesta, em Rimini, cujas imagens são abundantes na Prancha 25 do Atlas Mnemosyne. A Prancha 25 compõe-se majoritariamente de relevos esculpidos por Agostino di Duccio (1418-1481), pouco conhecido nos compêndios de história da arte e que se tornou objeto de nosso interesse, através do olhar de Aby Warburg. O Oratório de São Bernardino foi erguido em 1452 e representa o melhor exemplo de arte renascentista em Perugia. Após concluir um trabalho no templo Malatesta, em Rimini, Agostino di Duccio foi contratado para projetar a fachada (c.1457-1461), que é policromada com relevos muito finos e possui rica decoração. Esta narra cenas da vida do santo, apresenta anjos e traz figuras alegóricas das Artes Liberais e das Virtudes que surgem em Pathosformeln de mênades dançantes e ninfas que irrompem nas cenas dos milagres, o que acabou chamando a atenção de Aby warburg, tudo isso, fazendo uso de uma combinação de materiais diversos. Entre tantos aspectos a analisar, o artigo se concentra nas imagens de anjos, que proliferam na fachada do Oratório de São Bernardino. Os anjos povoam o monumento, intimamente ligados à música e ao canto, que são elementos presentes na Sagrada Escritura em referência ao Louvor a Deus. Algumas passagens bíblicas exemplificam a importância da música como imagem do paraíso e proclamada pela corte celeste. Os instrumentos musicais também são especificados nas passagens bíblicas, reforçando uma aproximação do espaço celeste ao espaço terreno. A música é, portanto, a fonte da harmonia universal, do curso dos astros, do movimento dos elementos, do acordo entre a alma e o corpo e entre o homem e o universo. O contato direto com o monumento, a atenção para a "especificidade dos monumentos históricos" e aos "detalhes" nos aproximam das premissas de Aby Warburg. A fachada, uma vertigem de imagens, nos mostra que aceitar que a imagem não é um campo de conhecimento fechado, mas é centrífuga, vertiginosa. Vertigem a que Warburg nos convida, não apenas por meio de seus escritos, mas, sobretudo, por meio de seus silêncios, riscos que Warburg correu até o limite, onde a interpretação deve dar vez ao entendimento. O que Agostino di Duccio desejava que entendêssemos?

ELIZABETH BISHOP, ARMÁRIO E GOZO: DINÂMICAS DO EROTISMO

Revista Interdisciplinar, 2021

RESUMO:Em carta e nos poemas O banho de xampu e Canção do tempo das chuvas, Elizabeth Bishop (2006, 2011 e 2012) representa Key West, na Flórida, e a Casa de Samambaia, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, retratando-os como luga-res de maior acolhimento para sua subjetividade e sexualidade. Nesses textos, a poeta revela um jogo erótico com o lugar, dinamizado pelo soterramento de sua intimidade em descrições, aparentemente, neutras da realidade. Essa dinâmica sugere há existência de um jogo libidinal entre a insinuação de um segredo e, ao mesmo tempo, a manutenção de seu sigilo. Dona de uma poética do armá-rio (SEDGWICK, 2007), Bishop, uma mulher lésbica, nesses textos, aponta para experiências íntimas, marcadas pela jouissance, pela relação erótica com o lugar (BATAILLE, 1987). Neste ensaio, proponho pensar esse jogo, destacando expres-sões de gozo simulacradas na relação com o ambiente, um gozo que se realiza à revelia da opressão, da hostilidade de gênero e do preconceito (LUGONES, 2019).PALAVRAS-CHAVE: Elizabeth Bishop. Representações da Intimidade. Erotismo. Armário. Gozo. ABSTRACT: In a letter and in the poems The Shampoo and Song for the Rainy Sea-son, Elizabeth Bishop (2006, 2011, and 2012) represents Key West, Florida, and her house in Petrópolis, Rio de Janeiro, depicting them as zones of greater acceptance for her subjectivity and sexuality. In these texts, the poet reveals an eroticized dy-namic with the idea of place, dynamized by the burying of her intimacy under appar-ently neutral descriptions of reality. This dynamic points to a libidinal urge between the hint of a secret and, at the same time, the maintenance of its secrecy. Owner of a poetics of the closet (SEDGWICK, 2007), Bishop, a lesbian woman, in these texts, points to intimate experiences, marked by jouissance (BATAILLE, 1987), by an erotic bond with place. In this essay, I discuss this dynamic, highlighting expressions of veiled jouissance, hidden underneath descriptions of the immediate space, which take place in spite of oppression, gender hostility and prejudice (LUGONES, 2019). KEYWORDS: Elizabeth Bishop. Representations of Intimacy. Eroticism. Closet. Jouissance.

A ETEC DR. EMÍLIO HERNANDEZ AGUILAR E O ENSINO DE HISTÓRIA -A "PRÉ-HISTÓRIA" DO BRASIL

ABEH. Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de História. Anais do XI Encontro Nacional Perspectivas do Ensino de História - Perspectivas Web 2020. Ponta Grossa: ABEH., 2020

Grupo de Reflexão Docente n. 16-Entre Práticas e Reflexões: História Pública e Ensino História Resumo: O presente texto é um relato reflexivo da experiência de aprendizagem a partir da chamada pré-história no território que hoje forma o território nacional brasileiro; procuramos utilizar vários instrumentos didáticos como o próprio livro didático, leitura de livro paradidático e visita ao uma exposição no Museu da Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Palavras-chave: Pré-História brasileira; museu; ensino de História.