"Pelo Malo" Reflexões sobre diversidade e representatividade nas sociedades latinas atuais e possibilidades de aplicações no ensino de História (original) (raw)
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ANPUH PR, 2022
A presente comunicação tem como objetivo apresentar uma pesquisa em andamento sobre as possibilidades para o ensino escolar de História, a partir da temática sobre os povos originários na construção do Estado-nação do Brasil e da Argentina. Nessa perspectiva, buscou-se analisar as narrativas tradicionais das Independências em ambos os países, afirmando um discurso oficial presente nos livros escolares como excludente, descrevendo uma memória branca, europeia, cristã, ou seja, com a perspectiva dos vencedores. Em contraponto a isso, a pesquisa vem sendo realizada questionando as possibilidades de representar a história dos povos originários, abrindo espaço para novas narrativas na Educação Básica, que incluam a participação dos indígenas nas lutas pela construção do Estado nacional, tanto no Brasil, que comemora o seu bicentenário no ano de 2022, como também nos embates na região do Vice-Reino do Prata, especificamente na Argentina. Em um cenário marcado por disputas de narrativas e memórias, possibilitar uma pedagogia decolonial na Educação Básica é uma forma de construir uma identificação dos sujeitos silenciados, rompendo com a herança eurocêntrica que permeia nosso imaginário. Desse modo, a abordagem desta pesquisa é documental, analisando as representações tradicionais presentes em discursos didáticos, visando à compreensão das formas de presença ou exclusão dos povos originários, construindo, posteriormente, a partir de representações dos próprios povos indígenas ou mediadas por historiadores, alternativas didáticas sobre a participação desses sujeitos, e principalmente as suas formas de resistência no processo de construção do Estado-Nação do Brasil e da Argentina.
Memorandum: Memória e História em Psicologia, 2019
Neste estudo, objetivou-se analisar as representações sociais da história da América Latina para latino-americanos. Os dados foram coletados por meio de questionário online, contendo questões de evocação livre sobre acontecimentos e personalidades importantes na história latino-americana. Participaram do estudo 213 estudantes brasileiros, chilenos e mexicanos, com idades entre 18 e 35 anos. Seguindo orientação teórico-metodológica da análise estrutural da Teoria das Representações Sociais, os dados foram processados com o Programa EVOC. Os resultados indicaram que, para os participantes, os eventos mais centrais à memória social da América Latina são a colonização e as independências, enquanto as principais personalidades mencionadas foram Cristóvão Colombo e Simón Bolívar, em consonância com a dinâmica nuclear conquista/descobrimento, colonização e independências. Discute-se a articulação entre memória, identidade e representações sociais para a compreensão da forma como os grupos lidam com o seu passado, a partir do presente.
O presente texto apresenta alguns resultados preliminares obtidos através do desenvolvimento do projeto de pesquisa intitulado "DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL NO ENSINO DE HISTÓRIA EM MATO GROSSO: estudo de caso nas escolas públicas dos municípios de Cáceres e Rondonópolis". A pesquisa possui como objetivo analisar as representações sobre a história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nas práticas e saberes produzidos por professores e alunos nas aulas de história do ensino fundamental (6º ao 9ª ano) das escolas públicas dos municípios de Cáceres e Rondonópolis/MT. A pesquisa justifica-se pela importância e significado que a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Africana e Indígena (Lei 10.639/03 e Lei Nº 11.645/08) representa para a produção das narrativas e interpretações da História do Brasil. Nesse sentido, procuramos analisar como professores e alunos, através das aulas de história, têm produzido interpretações e imagens da história e cultura africana e indígena em resposta aos desafios propostos pelas referidas leis, enfatizando as mudanças, permanências, lacunas e alternativas pedagógicas presentes nas práticas e saberes produzidos na sala de aula. Em linhas gerais, a pesquisa pretende analisar os saberes e práticas produzidos sob essa nova realidade educativa e, a partir disso, de acordo com Hebe Maria Mattos (In Abreu e Soihet, 2003: 127), "tentar intervir nas maneiras de sua implementação para que elas possam concretizar suas possibilidades positivas de intervenção" no ensino das temáticas citadas nas aulas de história. Analisar os saberes e práticas produzidos pelos professores e alunos nas aulas de história no ensino fundamental em relação a tais temáticas implica conhecer como a diversidade étnico-racial e cultural têm sido pensada e trabalhada no universo escolar dos municípios de Cáceres e Rondonópolis.
REPRESENTAÇÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA: PERSPECTIVAS PARA UMA EDUCAÇÃO DECOLONIAL
RESUMO Os livros didáticos, mídias, filmes e outros têm representado os povos indígenas com o estereótipo da inferioridade. Evidencia-se o indígena genérico, enquadrado e homogêneo. Muitas vezes são representados como culturas atrasadas, fixas, que pertencem tão somente ao passado. Essas representações são reproduções do conhecimento herdado e construído para sustentar o processo colonialista no Brasil. Conhecimento que é calcado na ideia de raças, tendo o homem, branco e europeu como topo. Como pensar o ensino fundamentado em referências que abordem a problemática com a devida profundidade? Poderia a história propor reconhecimento de outros processos de identidades, trajetórias e narrativas? Este artigo tem como objetivo discutir as perspectivas educacionais para o ensino de história indígena dentro da educação básica. Para tanto utilizará a ideia de que o ensino de história está ligado às representações que se fazem dentro da perspectiva de memória coletiva, influenciadora das relações entre as pessoas. A memória pode ser socializada por meio de políticas, histórias, educação, família, heranças, traumas coletivos, acontecimentos regionais e processos colonialistas. Neste sentido as escolas, em especial as aulas de história, tem papel fundamental para criar ambiente de construção da memória e de referências sobre a formação e o sentimento de pertencimento (ou não) à sociedade. Palavras-chave: Descolonização. Ensino de história indígena, Educação cidadã. Direitos Humanos. RESUMEN Los libros didácticos, medios, películas y otros han representado a los pueblos indígenas con el estereotipo de la inferioridad. Se evidencia el indígena genérico, encuadrado y homogéneo. Muchas veces son representados como cultivos atrasados, fijos, que pertenecen tan sólo al pasado. Esas representaciones son reproducciones del conocimiento heredado y construido para sostener el proceso colonialista en Brasil. Conocimiento que es calcado en la idea de razas, teniendo el hombre, blanco y europeo como cima. ¿Cómo pensar la enseñanza fundamentada en referencias que aborden la problemática con la debida profundidad? ¿Podría la historia proponer reconocimiento de otros procesos de identidades, trayectorias y narrativas? Este artículo tiene como objetivo discutir las perspectivas educativas para la enseñanza de la historia indígena dentro de la educación básica. Para ello utilizará la idea de que la enseñanza de la historia está vinculada a las representaciones que se hacen dentro de la perspectiva de memoria colectiva, influenciadora de las relaciones entre las personas. La memoria puede ser socializada por medio de políticas, historias, educación, familia, herencias, traumas colectivos, acontecimientos regionales y procesos colonialistas. En este sentido las escuelas, en especial las clases de historia, tienen un papel fundamental para crear un ambiente de construcción de la memoria y de referencias sobre la formación y el sentimiento de pertenencia (o no) a la sociedad. Palabras-clave: Descolonización. Enseñanza de historia indígena, Educación ciudadana. Derechos humanos.
Caderno de Letras
Partindo das reflexões de Orlandi em Terra à vista e na continuidade de sua produção acerca dos discursos sobre os índios no Brasil, a proposta apresentada no texto em tela é compreender como tais discussões podem ocupar as aulas de língua espanhola no Brasil, promovendo como foco os conhecimentos sobre a América Latina produzidos por sujeitos deste espaço. Inscrito no campo teórico da Análise do Discurso de linha francesa na relação que estabelece com as questões sobre a língua e os saberes constituídos no Brasil, as análises sobre a forma como a invasão é significada e celebrada nos enunciados acerca do Día de la Hispanidad buscam compreender os processos de produção de sentidos que repetem as violências, físicas y simbólicas, pelas quais passaram os povos originários. Como forma de desconstruir os sentidos sobre um suposto lugar de destaque do colonizador são apresentados recortes de materiais produzidos no âmbito dos cursos de língua espanhola da Universidade Federal de Sergipe,...
Antiguidade, o ensino de História e o currículo multiculturalista
Heródoto: Revista do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Antiguidade Clássica e suas Conexões Afro-asiáticas
Este artigo discute o Ensino de História Antiga dentro da perspectiva do currículo multiculturalista. Por admitirem a pluralidade de identidades e culturas, o enfoque multicultural tem sido incorporado ao ambiente escolar por meio dos currículos. Ante às variadas formas de desigualdade e exclusão social vigentes na sociedade brasileira, a adesão a uma proposta curricular multiculturalista no Ensino de História representa o reconhecimento e a valorização da diversidade cultural, étnico-racial e de gênero. Interessa-nos ressaltar a compatibilidade entre as teorias multiculturalistas e o Ensino de História Antiga.
Paradoxos do protagonismo indigena na escrita escolar da Historia do Brasil
O artigo problematiza a forma como o indígena é apresentado na narrativa de dez obras da literatura didática de história, aprovadas no PNLD/2011. Analisamos os temas nos quais os povos indígenas são presença recorrente: a América antes da chegada dos europeus e os primeiros anos da colonização. Argumentamos que a presença indígena nas narrativas não significa a adoção de uma perspectiva que considere sua participação efetiva nos processos históricos abordados pela literatura escolar. O protagonismo indígena está ausente dessas narrativas. Essa ausência tem desdobramentos tanto para a conformação do saber histórico na Escola quanto para a formação dos alunos. De um lado, contribui para a permanência de um saber histórico escolar reiterativo dos princípios estabelecidos para a disciplina ainda no século XIX. De outro, reafirma uma concepção recorrente no senso comum acerca do Índio e de seu lugar social.
Fronteiras, 2020
Pela importância de se discutir os temas de gênero e diversidade na escola, o presente artigo evoca a ideia geral do Projeto “Gênero e Diversidade na Escola”, realizado na Escola de Educação Básica Antônio Lehmkuhl (Águas Mornas – Santa Catarina), a partir do recorte temporal de 2015 a 2016, e pensa os cartazes como fontes para as subjetividades, que serão elencados como objeto de pesquisa. As pessoas que transitam pela escola são compostas de gênero, orientação sexual, identidade de gênero e estão em constante transformação, variando seus interesses e desejos, alterando práticas cotidianas e a forma como se percebem e como vêem os outros. A escola ainda é segregadora e discriminatória para os corpos que transgridem os padrões heteronormativos da sociedade. Um grupo é mais hegemônico do que o outro. As diferenças entre homens e mulheres são tidas como naturais e definidas por diferenças nos corpos biológicos. A normatização dos papéis de gênero é perceptível e afeta as liberdades in...