O Islão (original) (raw)

O Cão e o Islão

Comentarios sobre como o cão é visto em países Islâmicos, principalmente pelos Islâmicos mais radicais

Islão, Justiça e Paz

Direito e Democracia: Revista de Ciências Jurídicas, 2005

Talvez alguns aqui se lembrem de uma reflexão de Maria de Lurdes Pintasilgo sobre esta questão, escrita já lá vão mais de 30 anos, a qual começava por afirmar o quanto -é salutar experimentar a vergastada desta interrogação.‖ 2 A diferença, escreveu ela então em resposta, reside, por um lado, na continuidade histórica de uma forma de se relacionar com o acto fundador da religião, e, por outro, com a sucessão de momentos históricos de um mundo sempre em transformação. Ou, relendo a sua resposta à luz do título da colectânea em que mais tarde foi reeditada, o ser cristão, e a diferença que o ser cristão faz, reflecte um exercício crítico e sempre renovado de recuperar, reimaginar e reinventar a Igreja. 3 Trinta e tantos anos passados, e sobretudo para os participantes neste Fórum, esta resposta poderá hoje parecer um tanto banal. Não sei, aliás, se a própria pergunta será ainda sentida por alguém como vergastada.

O Islã e o Ocidente 1

O Ocidente hoje está envolto num conflito violento e dilatado contra as forças do radicalismo islâmico. Esta luta é sumamente difícil, tanto pela dedicação do nosso inimigo à sua causa, como -talvez principalmente -pela enorme desconjunção cultural por que passaram Europa e América desde o fim da guerra do Vietnã. Em termos simples, os cidadãos do Ocidente perderam o seu apetite por guerras estrangeiras; perderam a esperança de conquistar qualquer vitória que não fosse temporária; perderam a confiança no seu modo de vida. De fato, não têm mais certeza sobre as exigências que esse modo de vida lhes faz.

Islã e a laïcité

Estudos de Sociologia

Abordando o problema do terrorismo religioso, este artigo propõe uma análise deste fenômeno a partir da relação entre política e religião. Usando como método o estudo de caso, o artigo tem como objetivo abordar o terrorismo islâmico, no contexto da laïcité francesa, a partir de uma perspectiva pós-secular. Argumenta-se que a separação entre política e religião no modelo francês, cujas raízes têm como base a tradição liberal moderna europeia, diferentemente da tradição islâmica, pode ser considerada como um fator que contribui para a perpetuação do terrorismo religioso (islâmico) no país. O autor propõe uma abordagem pós-secular e interdisciplinar das Relações Internacionais no estudo do terrorismo religioso.

Islã, Islamização

Breve dicionário das literaturas africanas, 2023

Capítulo do livro disponível em https://loja.editoraunicamp.com.br/Categoria/breve-dicionario-de-literaturas-africanas-661/p?fbclid=IwAR3U35k6LX6Oo4TImRcXrN\_BS7avteaHmGLr9iFfzIcWRyUnUrxR9MlYXvU

O ESTADO ISLÂMICO

Análise sobre o grupo rebelde Estado Islâmico, a partir de uma análise social e politica de suas origens e extensões globais

O Islão em Portugal (Islam in Portugal)

O Islão na Europa , 2006

A visibilidade que as comunidades muçulmanas têm vindo a adquirir nas principais cidades europeias resulta não só do seu crescimento demográfico, mas também da sua crescente afirmação social e cultural. A formulação de políticas sociais, culturais, educacionais e urbanísticas por parte de governos e autoridades locais têm de considerar estes grupos minoritários, de modo a garantir a sua adaptação, efectiva integração no meio circundante e respeito pelos seus direitos. A comunidade muçulmana a residir em Portugal é pequena, se comparada com as existentes em alguns países da Europa ocidental, e com uma origem recente. Os primeiros Muçulmanos chegaram a Portugal na década de 1950, mas a grande massa veio após a instauração do regime democrático no país. Desde então, a comunidade tem crescido em termos numéricos, mas a sua característica mais marcante é a sua evolução ao incorporar uma cada vez maior diversidade de nacionalidades e culturas. Contudo, a interacção de Portugal com o mundo muçulmano e o Islão não se resume à presença de Muçulmanos nas suas ex-colónias durante o seu percurso colonial, ou às comunidades islâmicas em Portugal na actualidade. É, pelo contrário, uma história longa e complexa. A própria formação do país deriva deste processo, o qual muitas vezes é contado como sinónimo de lutas, conflitos e desejo de domínio sobre o Outro. Mas se olharmos para além das histórias de guerras e movimentos expansionistas de Muçulmanos e Cristãos, encontramos testemunhos de um passado conjunto que envolve troca de saberes, alianças, influências e intercâmbios entre dois mundos diferentes. São numerosos os vestígios deixados por este passado, cuja contribuição para a formação da nossa identidade nacional é hoje amplamente reconhecida e valorizada. Ao poderem contar com a presença de Muçulmanos no seu território do século VIII ao século XV, os países ibéricos beneficiaram dos contactos estabelecidos com as partes dessa vasta civilização, e desta com o resto do mundo. Estes séculos contrastaram com o obscurantismo dos Visigodos, presentes na Península Ibérica à data da invasão muçulmana, sobretudos em aspectos relacionados com o dinamismo cultural e intelectual. De igual modo, com a chegada dos Muçulmanos inicia-se um novo capítulo da história europeia, cujas consequências se fazem sentir quer no seu percurso cultural e artístico, quer no desenvolvimento e aplicação prática de diversas ciências. Na primeira parte deste texto, será abordada a presença islâmica no Gharb-al-Andalus, essim como a herança desse período histórico. Na segunda parte, será feita uma análise da comunidade muçulmana em Portugal, nos nossos dias. Os Muçulmanos no Al-Andalus Após a morte do Profeta Maomé, em 632, os Muçulmanos iniciam a sua expansão para territórios como a Síria, o Iraque, o Egipto e Norte de África. Em 711, chegam à Península Ibérica sob o comando do general berbere Tariq ibn Zyad. Por esta altura, ainda não eram a civilização avançada em que se tornariam, embora já tivessem absorvido um vasto património intelectual 1 Este novo povo caracterizava-se pela sua heterogeneidade. A maioria eram berberes do Norte de África, ainda não completamente islamizados, seguidos de uma minoria de Árabes, que viriam a constituir a aristocracia dominante. Esta diversidade de nacionalidades dificultará o estabelecimento de um estado coerente e territorialmente estável. A sua chegada e expansão foi facilitada por uma série de condições existentes. A Hispânia visigótica vivia envolta em lutas dinásticas e revoltas populares. As degradantes condições sociais e económicas a que o povo estava sujeito, fomentavam um clima de opressão e desigualdades crescentes. No plano religioso, professava-se um Cristianismo de pendor arianista, hostil às concepções trinitárias do rito e liturgia romana. Por outro lado, a minoria judaica era vítima de grande hostilidade e perseguições. Compreende-se, por isso, a aceitação por parte da população de um novo poder político. . O seu avanço foi bloqueado em Poitiers, n sudeste de França, em 631, ficando na Península Ibérica por dominar apenas as Astúrias. A islamização do al-Andalus ficou-se a dever a um longo processo de aculturação das populações, especialmente as urbanas, a uma nova realidade cultural e religiosa, a qual foi acompanhada pela abertura de novas rotas marítimas e de novos mercados. Os mercadores e artesãos que se instalavam nos espaços urbanos foram o veículo não só de novas mercadorias, mas sobretudo de novas ideias e de uma nova fé. Num primeiro momento, a arabização da sociedade parece ter sido mínima, principalmente nas regiões periféricas como o Gharb, palavra que significa Ocidente, neste caso da Península Ibérica. Com o Califado de Córdova, este processo vai sofrer uma aceleração, possibilitada pela relativa acalmia social naquelas regiões. O Gharb assume-se como um território individualizado e com algumas particularidades no contexto do Al-Andalus. Estando afastada dos centros decisórios de Córdova, Granada e Sevilha, esta região resiste às tentativas de centralização por parte dos emires e califas. A tentativa de preservar as suas liberdades políticas e económicas, deu origem a diversas revoltas da população autóctone, com o objectivo de unificar politicamente aquela região. 2 O Tejo era a linha separadora entre o norte, menos islamizado e arabizado, e o sul, com uma maior presença de populações muçulmanas. A incorporação dos territórios do Norte em regiões islamizadas correspondeu a uma prática muito generalizada no al-Andalus: a negociação do estatuto das populações residentes. Para garantirem a sua autonomia, aquelas viam-se obrigadas ao pagamento de tributos: o kharaj, para conservarem as suas terras e 1 bens, e a jizya para manterem a sua religião. Os que aceitavam sujeitar-se à dominação islâmica, mas continuavam a professar a sua fé, designavam-se por moçárabes. Até ao século XII foram uma presença constante em todo o território peninsular. A sul do rio Tejo, os processos de islamização e arabização foram mais intensos. Este território, mais próximo do mar Mediterrâneo, torna-se mais receptivo a todo o tipo de influências vindas do exterior. A região de Lisboa e Algarve constituíram os principais pólos económicos do Gharb e as zonas mais densamente povoadas. A presença muçulmana no Gharb pode ser dividida nas seguintes etapas, delimitadas por importantes datas que marcaram a história do al-Andalus: -De 711 a 1031: início da invasão berbero-árabe, representada tradicionalmente pela batalha de Guadalete, até à queda do Califado do Córdova; -De 1031 a 1091: proliferação dos reinos taifas até à queda do reino Abádida; -De 1091 a 1250: domínio das dinastias magrebinas até à conquista do reino de Faro por Afonso III, que assinala o fim da islamização no Gharb. Quando os exércitos de Tariq submeteram os Visigodos, o império muçulmano tinha o seu centro em Damasco, onde reinavam os Omíadas. Em 750, esta dinastia é vítima da revolta dos Abássidas e o centro do mundo muçulmano é transferido para Bagdade. O neto do Califa Omíada, tendo escapado ao massacre que vitimou toda a família, chega ao al-Andalus em 755. Aqui, o príncipe Abd al-Rahmān proclama-se emir independente e funda a Dinastia Omíada de Córdova. Por essa altura, o Gharb era dominado por clãs iemenitas e sírios, que ao verem a sua posição em risco, fomentam uma série de revoltas para tentarem resistir ao poder cordovês. Em 763, o chefe do clã dos Yahsubi proclama-se representante da dinastia de Bagdade no Al-Andalus, numa rebelião que se estende a todo o território ocidental. Esta acaba por ser A primeira taifa do Gharb teve origem em Badajoz, onde, em 1022 toma o poder Ibn al-Aftas, um berbere que inicia a dinastia dos Aftácidas. Este era um dos reinos mais importantes, cobrindo todo o território do rio Douro a Beja, cidade que disputaram com a dinastia sevilhana. Quando o fundador desta dinastia morre em 1045, sobe ao poder o seu filho, al-Muzzafar, o qual fez a paz com o reino de Sevilha, seis anos mais tarde. Em 1057, uma série de perdas territoriais obriga o rei a pagar tributo aos cristãos. Este soberano assume-se como protector das artes e dos intelectuais, rodeando-se de poetas e filósofos, a quem atribuía cargos políticos. Destaca-se o filósofo Ibn al-Sid al-Batalyawsi, autor de inúmeras obras, entre as quais o Livro dos Círculos, que viria a influenciar muitas obras judaicas. Um dos poetas mais destacados do Gharb, Ibn 'Abdûn, dedicou mesmo uma elegia a este soberano, seu amigo e patrono. Segundo alguns autores, o próprio al-Muzzafar terá sido o autor de uma enciclopédia de quarenta volumes, a qual se encontra perdida. A taifa de Ossónoba, actualmente Faro, foi dirigida por uma família da região, os Banu Harun, com a ajuda dos muladis da região. Em 1052-54, este reino é absorvido pelos Abádidas. Da taifa de Ibn Tayfur, em Mértola, apenas se sabe que terá durado cerca de quinze anos, após o que se aliou à dinastia de Badajoz com o fim de enfrentar o poder crescente de Sevilha. Em 1044, também este reino cai sob domínio desta última. A última taifa surgiu em Silves, uma das cidades mais importantes do Ocidente, e que terá grande destaque na fase final da islamização. Em 1063, é anexada pela taifa de Sevilha, sendo nomeado governador al-Mutamid, filho do soberano sevilhano. Na segunda metade do século XI, as ambições territoriais de al-Mutadid, da dinastia de Sevilha, levam-no a controlar quase todo o Gharb. Após a sua morte, em 1069, sobe ao trono o de sexta-feira e os encontros durante o mês do Ramadão. Em 1991, aparece a mesquita de Coimbra, onde se juntam algumas famílias e estudantes para as suas orações. A mesquita do Porto tem uma história mais tardia, bem como a sua comunidade. Durante muitos anos, foram poucos os Muçulmanos a residir nesta cidade. Em 1999, já com cerca de dois mil Muçulmanos na região, dá-se a criação formal da comunidade. O local que fora um ginásio, e onde a comunidade já se costumava reunir...

História e Civilização do Islão- Ensaio crítico

2 1-INTRODUÇÃO Uma proposta de analisar de forma crítica excertos de textos de uma obra tão impactante quanto o Alcorão, é sempre um exercício que exige algum distanciamento para quem o faz, sob pena de incorrer em anacronismos ou até de uma apreciação enviesada e distorcida da mesma. Não significa, no entanto, que não haja pontos cuja subjectividade e dubiez, possam, pelos leitores e seguidores, legitimar actos ou movimentos contrários à doutrina. O Islão é simultaneamente fascinante e polémico e, por isso, segundo Hans Kung fascina gente de outros credos, mas não está imune a críticas. O mesmo coloca as seguintes questões:" E não haverá (…) retrocessos no Cristianismo, no Judaísmo e também no Islão, para além de todos os progressos? Não haverá falhas, entorpecimentos e enganos?" 1 Identificar alguns destes pontos é aquilo que irei tentar fazer, para cumprir o desiderato. 2-DESENVOLVIMENTO 2.1-Uma religião diferente-Enquanto as duas principais religiões monoteístas, compostas por textos sagrados, se referem a dogmas e prescrições, apresentando-se como inspiração divina, o Alcorão mostra-se como revelação divina, profética por excelência, em que a revelação de Deus foi dada de modo definitivo, vinculativo e normativo, em que o Alcorão assume a forma de escritura sagrada. "Para o muçulmano, o Alcorão é o livro constituído total e exclusivamente pela revelação feita ao profeta Muhammad e cuja integralidade ele representa." 2 Depois, a trilogia islâmica compõe-se de três textos sagrados: o Alcorão, que será o livro sagrado dos muçulmanos e a fonte de direito do Islão; os Hadith, tradições pelas quais se regia o profeta e a Sira, biografia de Maomé. Esta, juntamente com os Hadith, formam a Sunna, que é o padrão perfeito de todo o comportamento islâmico, configurando também fonte e direito. Resta acrescentar que, no que respeita aos Hadith, colectânea distinta do Alcorão, constituem fundamento do dogma e da lei, são de inspiração divina, não dando lugar a qualquer "confusão entre palavra profética e revelação divina." 3 2.2-No primeiro texto: «Ó vós que credes! Crede em Deus, no seu Enviado e no Livro que se revelou ao Enviado e no Livro que se revelou anteriormente. Quem não crê em Deus, nem nos seus anjos, nem nos seus Livros, nem nos seus Enviados, nem no Último Dia, está profundamente extraviado.» O que se verifica é que isto originou uma declaração 1