O Problema da Supervalorização do Naturalismo e da Busca do Cânone nos Quadrinhos e na Animação (original) (raw)

2019, Vamos falar sobre cultura pop? Episódio 3 : a vingança dos acadêmicos

O trabalho tem como objetivo abordar o surgimento das convenções de representação naturalista nas artes, seu desenvolvimento na História da Arte, apropriação e uso nas artes sequências e suas consequências. Para compreendermos tal processo, abordaremos o surgimento dos métodos de representação e sistemas de valoração naturalistas estabelecidos a partir das interpretações do modelo filosófico platônico e dos comentários sobre pintura da Grécia clássica realizadas pelos artistas do movimento renascentista, bem como das convenções formais criadas por eles e presumidas como capazes de mimetizar a percepção óptica do mundo. Abordaremos as teorias sobre a representação naturalista surgidas durante o século XX, como as de Wilhelm Worringer, e as interpretações do que seria uma arte que verdadeiramente mimetizasse a percepção óptica do mundo segundo os autores do movimento Impressionista e considerar as teorias de representação empregadas pelas vanguardas modernistas, como o Fauvismo e o Cubismo, que consideravam a necessidade da arte se desvincular da tradição naturalista. Dessa forma, a partir dessa abordagem histórica da estética de representação naturalista, abordaremos os usos e negações de suas convenções na produção de Histórias em Quadrinhos e Animação, tanto na forma de representar visualmente seus personagens e espaços, como na forma de construir suas narrativas, os momentos históricos em que foram convencionados seu uso como fator estilístico e como tal escolha condicionou o público ocidental a aceitar e compreender um modelo específico de narrativa baseada nos elementos da tradição naturalista, bem como a receber com estranhamento e resistência narrativas que se afastem de tais convenções.