Intermitências infames: loucura e alteridade na cidade aberta (original) (raw)
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Novas questões em espaços livres a partir da Covid-19: medo e alteridade na cidade adoecida
Anais do XV Colóquio QUAPÁ-SEL: Paisagens, Distanciamentos e Proximidades, 2021
A elaboração deste artigo se faz circunscrita pelo debate acerca das relações entre medo e espaço livre público mediante a Covid-19. No desejo de fomentar discussões, mas negando sua brevidade ou encerramento, propõe-se uma reflexão da conjuntura atual em diálogo sobretudo com teóricos da filosofia e das ciências sociais, com destaque para Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky e Boaventura Sousa Santos, dos quais escritos recentes, somados à percepção deste autor, permitem-no apreender tais relações com base na forma como os sujeitos sociais enxergam aqueles que lhes são diferentes. Como resultado, notam-se indícios de que, na ocorrência de futuras crises de saúde em grande proporção, medidas de distanciamento social possam vir a se tornar voluntárias, manutenidas sem vinculação necessária com urgências sanitárias, e sim com lutas de classe e seu impacto na produção do espaço urbano. Ao final do texto, aproximando-se de considerações interventivas, aponta-se que, para tolher os prejuízos potenciais do medo, deve-se insistir nas interações humanas que, sob antigas ou novas formas de apropriação espacial, favoreçam a construção de uma alteridade sadia e que se caracterize pela paz no conviver com o "Outro", condição para que a cidade seja saudável, ética e de fato segura.
CASA E RUA: DEVANEIOS DA INTIMIDADE ABERTA
Casa e rua: devaneios da intimidade aberta, 2023
A urbanização dispersa de Maricá, município costeiro periférico situado no leste metropolitano do Rio de Janeiro, se apresenta de diferentes maneiras a depender de onde estamos. Parecem muitas cidades em uma só. A principal rodovia de acesso, a RJ-106, que cruza toda a cidade longitudinalmente, mais parece um varal onde fios, casas, comércios, calçadas e ruas se penduram. Para entendê-la é preciso percorrê-la com olhos curiosos de criança, é preciso devanear. Assim, o presente artigo traz narrativas de devaneios ocorridos na RJ-106, ora de automóvel, ora a pé e que pretendem desencobrir alguns dos muitos elementos que compõem a paisagem da casa-rua-estrada-mercado que se nos apresenta.
A CIDADE: O jogo da alteridade
A importância que a esfera do privado vem tomando no tecido da cidade é visível e atravessa a experiência de subjetivação que segue funcionando a partir de tal regime. Neste texto, propomos uma discussão sobre a dimensão da alteridade que subjaz a esse processo de privatização, a partir do que entendemos como estratégias de fagocitose (nosso modo de inclusão contemporânea) e tomando como recorte de análise uma obra de ficção. O texto partirá de uma breve localização conceitual sobre a cidade e a subjetivação, para então enunciar uma leitura sobre a relação destas com a alteridade. Sessão temática: Modos de Subjetivação na Cidade Esta cidade me significa" Leminski A cidade nos habita. As subjetividades são produzidas em relação, na concretude de suas ruas e edificações, nas subjetivações tecidas nos encontros. O que apresentamos neste texto é uma reflexão sobre esta relação, pensando a cidade como produtora de sentido, pois entender a cidade é hoje um exercício fundamental para aqueles cujo compromisso se relaciona com a construção de uma compreensão sobre as subjetividades. É na cidade que moramos hoje 1 , como aponta Davis (2006). Urbanistas, cientistas sociais, geógrafos, artistas, vários de nós vêm tentando traduzir, de diversas formas, o que é viver na cidade contemporânea. Vai-se desenhando um vasto campo transdisciplinar, em que são compostos diversos territórios de subjetivação, no sentido dado por Deleuze e Guattari (1997). O olhar atento às produções que nascem destes esforços de compreensão sobre o tecido e o tecer urbanos dizem muito, não apenas do que é a cidade, como também de quem somos nós, dos modos de subjetivação que aí se formam e, neste processo, marcam essa cidade. É muito interessante observar como a psicologia despende pouca atenção sobre essa questão. Não temos nos arriscado nem mesmo a descrever a cidade. Este parece ser um indicativo importante de uma contradição deste campo, pois, como produzir uma psicologia que * Mestre em Psicologia Social pela UFMG. Professora do Departamento de Psicologia da UFMG. * * Doutor em Psicologia Clínica pela PUC São Paulo. Professor do Departamento de Psicologia da PUC Minas. 1 Pela primeira vez na história, a maior parte da população humana é urbana (Davis, 2006): em 1950, o mundo contava 86 cidades com mais de 1 milhão de habitantes; hoje são 400 e em 2015 provavelmente serão pelo menos 550.
Arte, loucura e cidade: a invenção de novos possíveis
Psicologia & Sociedade, 2013
O presente trabalho intenta discutir as possibilidades trazidas pela arte no contexto da desinstitucionalização da loucura. Propõe-se que tal dispositivo pode ir além de um uso meramente instrumental e disciplinador, criando novos regimes de visibilidade e de sociabilidade no cotidiano urbano. Nesse sentido, apresentamos algumas imagens que nos ajudam a refletir sobre a potência da arte e debatemos algumas ações que estão em curso a partir do "Projeto Arte e Saúde". A despeito das dificuldades vivenciadas, observamos que a produção de encontros derivados dessas experiências aponta para outras formas de lidar com a diferença e vivenciar a cidade por meio da arte.
Espectros da alteridade na obra de Jacqueline Harpman
FronteiraZ, 2019
A obra da escritora belga Jacqueline Harpman (1929-2012) tem como isotopia principal diversas histórias de amor em que a transcendência é alcançada por meio de uma alteridade metafísica, como na novela "Dieu et moi", e também por meio da alteridade física, como no caso do romance Orlanda, de 1996. O presente artigo pretende analisar as manifestações de alteridade na literatura de Harpman por meio do confronto de visões da fortuna crítica da autora com teóricos dos estudos de gênero e teoria pós-estruturalista.
Insensibilidade e estranhamento nas cidades
Educação Por Escrito
Em nossa rotina diária, muitas vezes, não percebemos (estranhamos) a formação de arquiteturas hostis que foram constituindo-se ao longo dos anos nos espaços urbanos. Este trabalho propõe-se a analisar a arquitetura hostil a partir do conceito de poder simbólico de Bourdieu por meio de uma educação para a visão. Observamos o quanto esses recortes (representados pelas fotografias) podem exercer pressões de regulações de gênero bem como promover o combate às vítimas e não à causa dos problemas sociais – retira-se a possibilidade das pessoas de permanecerem em locais e ignora-se a necessidade de espaços de convivência ou, em maior medida, enfatiza-se as desigualdades sociais.
Free Hugs: Dinâmicas de troca, dádiva e estranhamento na intervenção urbana
Comunicacao Midia E Consumo, 2012
Resumo Este artigo visa analisar a campanha mundial Free Hugs (Abraços Grátis), que se transformou de ação individual no ano de 2001 na Austrália em mobilização urbana desde 2003 com os flash mobs inventados em Nova York e depois realizados em escala global. A partir disso, explorar as dinâmicas de troca simbólica no ato de oferecer enfaticamente abraços grátis a partir do conceito de dádiva de Marcel Mauss, tendo como condição histórica o atual estágio de desenvolvimento do capitalismo. Na difusão viral de ideias pelo ciberespaço, que permite mostrar como as cidades tornaram-se nós de produção e reprodução de informações, toma-se a campanha do Free Hugs em Cuiabá, nas bordas do Pantanal em Mato Grosso, em sua potência de mobilização social e como ilustração deste processo de trocas nos fluxos da globalização. Palavras-chave: Ciberespaço. Dádiva. Flash mob. Free Hugs. Abraços Grátis. Resúmen Este artículo se propone analizar la campaña mundial Free Hugs (Abrazos Gratis), que se transformó de acción individual en el año 2001 en 1 Artigo desenvolvido no âmbito do projeto de pesquisa "Modernização tecnológica e midiática: Imagens da cidade e mediações do cosmopolitismo" (Propeq/UFMT).
INCONSCIENTE ÓPTICO E DIVERSIDADE NO ESPAÇO URBANO
X SPMAV - UFPEL , 2021
Desde uma perspectiva poética, nas primeiras décadas do século XX, no auge do modernismo, começava a tomar protagonismo na fotografia, como em diversas manifestações artísticas, um olhar dirigido à realidade próxima e circundante, aos objetos banais e despretensiosos situados sobre os novos cenários da paisagem urbana.
A loucura na vila: reflexões sobre a loucura em Tiradentes
Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, 2017
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2017v14n1p79O presente artigo tem como objetivo analisar as condições políticas e econômicas da Vila São José del-Rei, atualmente Tiradentes-MG, que possibilitaram a loucura ser aceita naquele espaço e, consequentemente, romper com os procedimentos de exclusão nos quais os loucos eram sujeitos em outras cidades mineiras. Tendo em Michel Foucault discussões sobre os procedimentos de exclusão da loucura e biopoder, o artigo busca, mediante os levantamentos históricos sobre a Vila de São José del Rei, do início do séc. XVIII até o final do séc. XX, realizar paralelos com outras vilas e cidades mineiras do ciclo minerador e apontar nesses contextos possibilidades que rompem com os procedimentos de exclusão.