Raça e racismo como desafios ao pensamento social latino americano contemporâneo: reflexões e apontamentos (original) (raw)
Resumo Brasil e Bolívia são sociedades nas quais os processos de independência e constituição republicana foram profundamente afetados pelas teorias raciais europeias do século XIX. Podemos afirmar que a dinâmica social em ambos contextos é fruto de discursos de branqueamento da população e defesa mestiçagem. Embora cada contexto tenha suas especificidades, em ambos países a cor da pele, o sotaque, entre outras características, são determinantes no acesso ou não a oportunidades sociais e pleno gozo de direitos até o presente momento. Refletimos sobre como os discursos sobre mestiçagem e "ausência de racismo" tem atuado como impeditivos para a transformação das sociedades brasileira e boliviana. Por meio do debate sobre como o racismo se manifesta nos dois contextos, propomos discutir como as reivindicações por representatividade de parcelas das populações historicamente silenciadas e por políticas públicas de reparação, por exemplo, constituem ponto fundamental para luta emancipatória nos dois países. Entendemos que constituir espaço na arena do debate público sobre raça e racismo, tanto no Brasil e quanto na Bolívia, é fundamental. Os debates sobre raça e racismo, em um contexto e em outro, tem sido propostos pelos grupos "minoritários" (mormente, negros e indígenas), e tem sido reiteradamente desqualificados. Constituindo um dos maiores desafios epistemológicos que tem sido colocados para o pensamento social latino-americano, como lutar pelo reconhecimento das demandas de grupos historicamente excluídos, em diferentes níveis, e simultaneamente defender a construção de um projeto comum? As feministas negras, indígenas, entre outras, desenvolvem, sob a chave descolonial, propostas neste sentido, e é com base nas reflexões destas autoras que elaboramos este texto, que consiste em uma provocação ao debate. Palavras-chave: Raça-racismo, mestiçagem, pensamento social latino americano, feminismo negro, descolonial.