Testamento de Manuel Vaz Perestrelo, secretário da Inquisição de Évora (1692) (original) (raw)
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LaborHistórico, 2019
A edição diplomática apresentada neste artigo é parte da dissertação da primeira autora e orientada pela segunda, intitulada “Estudo comparativo das abreviaturas em documentos politestemunhais do testamento do rei D. Pedro II, de Portugal.” Esse tipo de edição busca facilitar a leitura de documentos manuscritos de diacronias passadas, sem, contudo, alterar as características linguísticas genuínas do documento original. O documento se encontra nas Gavetas da Torre do Tombo e está disponível para consulta online. Ao longo dos doze fólios do manuscrito é possível compreender melhor como funcionava a composição da Corte no início dos setecentos, além de perceber aspectos da política, religião e sociedade da época. O testamento escrito no ano de 1704, pelo padre confessor Sebastião de Magalhães, sob comando do rei Dom Pedro II, tinha por objetivo garantir a sucessão ao trono para os descendentes do rei, uma vez que havia a possibilidade da sucessão não acontecer da forma como Dom Pedro ...
Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro (1560)
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Resumo 1560, Cochim, Janeiro, 30 Testamento de Aleixo de Sousa Chichorro feito na Índia, derrogando e alterando partes do testamento que fizera em Portugal, inserido em carta testemunhável de 2.9.1560, trasladado em tombo em 3.10.1703. Abstract 1560, Cochin, 30 January Aleixo de Sousa Chichorro’s will, prepared in India, revoking and altering parts of the will he had made in Portugal, inserted in an authenticated letter dated from 2/9/1560, and transcribed into a ledger on 3/10/1703.
Carta de partilhas dos bens de Gonçalo Vaz de Castelo Branco (1493)
Fragmenta Historica, 2020
Instrumento de partilhas entre Martinho, Pedro, João e Lopo de Castelo Branco, Filipa de Abreu, Mécia Pereira e Maria Valente, irmãos, dos bens de Gonçalo Vaz de Castelo Branco, seu pai, mencionando-se também a liquidação das arras de Guiomar de Castro, segunda mulher daquele senhor.
2011
Fragmenta Historica, 2020
PINTO, Pedro, “Carta de Afonso Pestana, estante na Índia, a Francisco Fernandes, capelão do Conde de Tentúgal, narrando eventos na Índia relativos à Inquisição, entre outros (1562)”, Fragmenta Historica, vol. 8, 2020, pp. 169–171.
São raros os nomes de marceneiros portugueses, sobretudo quando nos reportamos aos séculos XVI e XVII. Robert Smith, o ilustre historiador norte-americano que tantos estudos deixou sobre arte portuguesa, deu a conhecer a figura de dois marceneiros seiscentistas, a quem atribuiu documentalmente várias obras ainda existentes: Samuel Tibau, o autor dos arcazes da sacristia da igreja de Santa Cruz em Coimbra, que terá realizado por volta de 1634 1 , e Agostinho Marques, operoso marceneiro residente em Braga, na rua da Cónega, que entre 1692 e 1717 realizou várias obras ainda hoje existentes, nesta cidade e nas suas cercanias, desde grades e púlpitos para igrejas a móveis de sacristia (arcazes, armários e bufetes), passando por candelabros e portadas 2 . A figura de António Vaz de Castro, "ensamblador e entalhador de Sua Magestade", situa-se no espaço temporal compreendido entre os dois marceneiros identificados por Robert Smith. Filho de um "imaginário", o escultor António Vaz, a sua primeira obra identificada (um caixilho entalhado para uma pintura ainda existente do pintor Avelar Rebelo) data de 1646 3 . Sabe-se que foi hábil entalhador e riscador de retábulos, mas todos os que comprovadamente realizou desapareceram na voragem dos tempos. Dele ainda restam, contudo, belos exemplares de móveis de uso religioso, uns de autoria confirmada através de documentos e outros que lhe podem ser atribuídos por * Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva 1 Robert SMITH, "Samuel Tibau and portuguese ivory inlaid furniture of the seventeenth century", in Revista da Universidade de Coimbra, vol. 21, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1971, pp. 153-163. 2 Robert SMITH, Agostinho Marques "enxambrador da Cónega"elementos para o estudo do mobiliário em Portugal, Barcelos, Livraria Civilização, 1974. 3 Vítor SERRÃO, "Documentos dos protocolos notariais de Lisboa referentes a artes e artistas portugueses (1563-1650)", in Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, 1984/1988, 3ª série, nº 90, pp. 55-104, a p. 82. O documento em questão encontra-se no INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS / TORRE DO TOMBO (IAN/TT), Cartório Notarial, nº 11, Lº 158, fls. 124 v -126. comparação estilística. Em todos esses móveis Vaz de Castro revela, além de uma grande perícia manual, uma notável erudição que muito deve ainda aos projectos de arquitectura de Hans Vredeman de Vries, editados um século antes, em 1565 4 . 1. O que se conhece sobre António Vaz de Castro António Vaz de Castro (act. 1646 / 1667) foi um dos mais operosos entalhadores e marceneiros lisboetas do século XVII. A primeira referência à sua actividade deve-se a Ayres de Carvalho, na sua introdução ao "Catálogo da Colecção de Desenhos" da Biblioteca Nacional de Lisboa, publicado em 1977 5 . O conhecido investigador, além de assinalar pela primeira vez um contrato notarial em que Vaz de Castro participou, com vista à construção dos arcazes da sacristia do convento dominicano de Lisboa, identificou dois riscos para retábulos, de sua autoria, assinados e datados de 1656 6 . Outras obras de marcenaria e retabulística foram recentemente reveladas por Vítor Serrão 7 , nomeadamente o já referido caixilho para um painel do pintor Avelar Rebelo, encomendado em 1646 pela Irmandade do Santíssimo Sacramento da sé de Lisboa e ainda existente, figurando "Jesus Cristo a dar a comunhão aos Apóstolos", entre outras obras feitas para a capela já desaparecida da irmandade, em parceria com Marcos de Magalhães, também ele autor de riscos para retábulos e entalhador. Um interessante contrato, igualmente revelado por Vítor Serrão e Francisco Lameira, firmado em 1650 entre António Vaz de Castro e seu irmão e parceiro Lourenço Coelho e a Irmandade de Nossa Senhora da Penha de França em Lisboa, sita no convento agostiniano da mesma invocação 8 , revela a variedade de obras de marcenaria e entalhe que os mestres deste ofício realizavam: o revestimento integral em madeira entalhada da casa nova da Irmandade, que deveria ser "toda emcaixilhada em painéis e Retabolos, tecto e Ilhargas e cabeseiras", estipulando-se que os florões de talha deveriam ser relevados em mais de um palmo, à semelhança do retábulo da capela-mor do convento que os dois irmãos já anteriormente tinham realizado. Os dois irmãos entalhadores deveriam ainda fazer "o trono em que há de estar nossa Senhora" e reparar "a pianha em que está nossa Senhora de madeira por detraz como esta feita por diante, que fique perfeita em quatro faces, na forma do Trono, para se poder pratear"; para a imagem da Virgem deviam entalhar "hum resplandor, premanente, com seus Rajos e nas costas delle, emsembrar hum sol, e em cada Rajo hum cherubj com a face a nossa Senhora que a serque em Roda". Obrigavam-se ainda a "dar hum pouco de sextavo aos degraos que estão por baixo do Arco do nicho aonde esta Santo Agostinho", "a fazer a escada levadiça, com que se ha-de subir ao sacrário, onde há-de estar o santíssimo sacramento", e "a fazer huma moldura na meia laranja do Arco que esta por baixo da Cappella, no Jazigo da Irmandade para se lhe poder por hum painel em pano". No contrato foi estipulado o preço a pagar por estas obras, de carácter tão diversificado: 600.000 réis.
Inquisição de Évora (1650-1750) - delitos
Nas épocas Medieval e Moderna havia uma grande instituição, cuja administração estava a cargo da Igreja e do Estado: a Inquisição. Esta instituição controlava a vida espiritual e, de alguma maneira, a vida quotidiana dos indivíduos, punindo severamente aqueles que transgredissem as regras e princípios por ela estabelecidos. A Inquisição era um Tribunal eclesiástico que, tendo sido criado pela Igreja Católica, tinha como principal função a perseguição e condenação dos hereges.