ASPECTOS DA CRIMINALIDADE VIOLENTA EM DUAS REGIÕES METROPOLITANAS DO NORDESTE: Natal e Recife (original) (raw)
Nos últimos 60 anos o Brasil passou por um processo de urbanização que resultou numa nova configuração da população no território. Em 1960 a taxa de urbanização no Brasil girava por volta de 45%. Com a migração gradativa da população para áreas urbanas, em 2000 o Censo Demográfico contabilizou 80% da população brasileria residindo em áreas urbanas. Atrelado a este processo surgiram as regiões metropolitanas, as grandes cidades, e com elas, os grandes adensamentos populacionais, as periferias pobres, o processo de favelização, segregação residencial, desemprego, desigualdades sociais, e tantos outros problemas das grandes cidades brasileiras. Em decorrência da interação desses diversos fatores, surge como grande problema social e de sáude pública, a violência urbana 4 . No entanto, vários autores refutam a tese de que apenas questões como pobreza e desigualdade de renda explicam o fenômeno da violência (Peralva, 2000). Ressalte-se que, em geral, os municípios das Regiões Metropolitanas possuem os melhores Índices de Desenvolvimento Humano e estes índices têm melhorado com o tempo. Contudo, é exatamente nessas regiões onde se verificam os principais problemas de criminalidade violenta. Alguns outros aspectos reforçam o quadro de violência nos grandes centros urbanos brasileiros, em geral questões que remetem à situação de vulnerabilidade social, principalmente dos jovens: aumento do acesso a arma de fogo; juvenilização da criminalidade; violência policial; ampliação do mercado das drogas e do poder de fogo do crime organizado; baixa qualidade do ensino público; desemprego e dificuldade de 1 Este artigo é parte da pesquisa Organização social do território e criminalidade violenta, desenvolvida pelo Observatório das Metrópoles/INCT/CNPq. Nesse trabalho o termo violência estará se referindo à violência contra a pessoa. Não será tratado aqui aspectos da violência contra o patrimônio ou violência psicológica.