Ludoterapia Centrada na Criança – uma leitura a partir da ética de EmmanueL Lévinas (original) (raw)

Ludoterapia e Alteridade: Uma Experiência De Ludoterapia Grupal À Luz De Lévinas

Psicologia Em Estudo, 2022

RESUMO. A ludoterapia de orientação humanista de Axline se baseia no pressuposto de que o jogo é a maneira natural da criança se expressar. Contudo, essa abordagem parece apresentar algumas lacunas éticas no que diz respeito à relação da criança com o Outro. Tais lacunas foram discutidas a partir do pensamento do filósofo Emmanuel Lévinas, que tratou da ética da alteridade radical. Neste sentido, este trabalho reflete como a ética levinasiana pode se manifestar não só na ludoterapia, mas também na prática clínica, por meio de uma pesquisa qualitativa com metodologia de estudo de caso. O grupo terapêutico aconteceu em 14 sessões de aproximadamente uma hora e era formado por três crianças de 5 a 7 anos. As sessões foram descritas de forma narrativa e a terapeuta escreveu, a partir delas, as suas Versões de Sentido. Ademais, foram realizadas anamneses, devolutivas, entrevistas com outros profissionais da saúde e visitas escolares. As sessões foram analisadas a partir da descrição e compreensão dos sentidos. Verificou-se que o processo grupal pareceu caminhar para uma maior abertura e proximidade entre os participantes do grupo e que a terapeuta precisou ir em direção à criança, isto é, demonstrar abertura à sua diferença. Concluiu-se que, ao entrar na brincadeira junto à criança, o psicoterapeuta não pôde apreender o mundo infantil, mas apenas cumprir com o seu dever ético e inferir que o encontro com as crianças em terapia significa descobrir a diferença pela via traumática. Ressaltou-se, além disso, a dificuldade em teorizar sobre a criança ou a infância, visto que ambas só têm sentido enquanto for fomentado o respeito à alteridade. Palavras-chave: Ludoterapia; Emmanuel Lévinas; alteridade.

Ludoterapia de Criança com Síndrome de Asperger: Estudo de Caso

Paidéia (Ribeirão Preto), 2013

Resumo: Este estudo objetivou discutir o processo psicoterapêutico de um menino de 12 anos de idade com Síndrome de Asperger, um transtorno global do desenvolvimento, atendido em um ambulatório de psicoterapia de um hospital público. O setting terapêutico e a caixa lúdica tiveram que ser modifi cados e fl exibilizados para atender às peculiaridades da criança. São discutidos o vínculo terapêutico e a importância de se manejarem as diferenças entre eu/não-eu para a terapia. Percebeuse que o atendimento, adaptado às condições do ambulatório público, contribuiu para a capacidade de comunicação e de interação da criança, fato que aponta para a importância do debate sobre a psicoterapia psicodinâmica com esta população e formas de realizá-la.

Fundamentar a moral com Lévinas

2019

Lévinas inicia o Prefácio a Totalité et Infini dizendo: «On conviendra aisément qu'il importe au plus haut point de savoir si l'on n'est pas dupe de la morale» 1. Compreende-se esta preocupação do filósofo porque, se a moral é um engano, a vida humana não tem valor, não tem rumo, não tem sentido. Como sugere o autor, se formos os ludibriados da moral, a guerra, e o «vale tudo» que ela implica, é natural ao ser humano. Nas sociedades pluralistas em que vivemos, a investigação que Lévinas nos propõe assume ainda maior importância pois que, se os imperativos da moral não forem incondicionais, 2 se a moral não tiver uma justificação, uma fundamentação, as nossas sociedades não serão pluralistas mas relativistas, não haverá distinção entre bem e mal, 3 e tudo será aceitável, basta que corresponde às tendências, aos desejos, à moda que no momento domina. É por isso que uma das funções primeiras da ética é a justificação da moral, tema que pretendemos desenvolver neste trabalho na companhia de Lévinas.

Sobrevivendo a Violências: A Ludoterapia de uma Criança Abrigada

Mudanças - Psicologia da Saúde, 2007

Enquanto brincava, um garoto de 8 anos necessitava não apenas de compreensão de seus medos, depositados dentro de mim, por identificação projetiva, mas também de que eu pudesse "contê-los" por um tempo. Do paciente L permaneceu uma imagem em que ele brincava com uma varinha que encontrara na sala. Ele dizia que iria sentir saudades da Casa Abrigo, onde morava. Pergunto o que tinha acontecido e por que voltara. Enfatizo que, embora cheio de ódio, L não precisou atuar e pôde conversar. Foi pouco mais de uma semana após o retorno que L compareceu ao atendimento, após ser transferido de quarto de um abrigo para crianças menores, para outro, com crianças maiores, dizendo que ele "mandava e podia tudo". Sua fantasia onipotente era de que ele era o único responsável pelo fracasso na experiência de adoção. Na sessão seguinte L vai até a sala de atendimento e diz que ainda lembrava de tudo que tinha acontecido na sessão anterior e de que ele tinha dito que não ficaria mais comigo. Disse a ele que eu compreendia que ele não quisesse ficar comigo ali, talvez porque eu representava a avó chata, que não deixava ele fazer nada e que também fosse mandá-lo embora. Descritores: provisão ambiental (Winnicott); psicoterapia psicanalítica; psicanálise da criança; abrigo.

Ludoterapia Durante O Tratamento Contra O Câncer Infantil: Revisão Integrativa De Literatura

2017

Diante de uma doenca, as criancas apresentam mudancas no contexto global do funcionamento orgânico e psicologico. Os estudos acerca do brincar apontam a importância desse recurso para estimular as funcoes cognitivas e desenvolver habilidades nas criancas. Este trabalho objetiva, mediante revisao integrativa de literatura, c aracterizar os beneficios da ludoterapia e do brincar na vida da crianca com câncer durante o tratamento. As buscas foram realizadas nas bases de dados eletronicas da BVS, Scielo, Pepsic e Lilacs. De modo geral, os resultados mostraram que as estrategias ludicas durante a hospitalizacao promovem a melhora do humor, reduzem a ansiedade e o choro, levando a melhora em relacao ao enfrentamento da doenca.

Estrategias ludicas na relacao terapeutica com criancas na TC

Yvanna Aires Gadelha* Izane Nogueira de Menezes* RESUMO -Os modos de interação entre adulto e criança na relação que se estabelece entre terapeutas infantis e seus clientes devem considerar as necessidades da criança, a importância das brincadeiras e a influência que o ambiente exerce sobre a aquisição e manutenção de comportamentos. A Terapia Comportamental Infantil (TCI) utiliza jogos e brincadeiras e tem se mostrado uma área de atividade clínica que favorece a aquisição de comportamentos sociais importantes e a melhora nas interações sociais. Na TCI, a criança participa ativamente do processo terapêutico e, para obter os ganhos que a terapia fornece, elas freqüentemente precisam de outras formas para expressar seus sentimentos que não a verbal. Assim, os terapeutas precisam se apoiar em estratégias lúdicas que incluem desenhar ou contar estórias, fantasiar, imaginar e interpretar situações, usar bonecos e jogos, pinturas, colagens, argila, massa plástica de modelagem, música e outros instrumentos que caracterizam uma situação natural para a criança e um ambiente livre de censura. O uso dessas atividades pelas autoras em sua prática clínica tem-se mostrado úteis para favorecer a formação do vínculo com a criança, identificar os conceitos e as regras que governam seu comportamento, verificar sua relação com pessoas dos ambientes em que está inserida, identificar seus sentimentos em relação a si mesma, a determinadas pessoas e situações, treinar a solução de problemas cotidianos e desenvolver habilidades sociais, autoconfiança, capacidade de concentração e de relaxamento.

Alteridade, ética, linguagem no pensamento de Lévinas

2014

Este texto enfoca a categoria alteridade, presente no pensamento do filosofo Emmanuel Levinas, na obra “Entre nos: ensaios sobre a alteridade”. Para Levinas a alteridade e o fundamento da etica. Destacamos a relevância de sua concepcao de etica e de alteridade para os estudos da linguagem. A Alteridade e ponto de partida para a edificacao da etica e esta se torna filosofia primeira, capaz de inspirar e sustentar uma nova ordem humana e institucional. Assim, a relacao intersubjetiva para Levinas implica, necessariamente, em certo deslocamento, certa cisao ou modificacao na experiencia subjetiva. Neste sentido, a obra Entre Nos apresenta que alteridade interrompe a trama do ser. E, neste intervalo, o eu percebe-se criticado e investido pela alteridade irredutivel. Portanto, Levinas pensa que a partir dai sera possivel criar o humanismo do outro homem, com relacoes melhores e instaurar o humano como reino do Bem para alem do ser. Em suma, a etica nao e mero conceito ou especulacao, mas...

Ética como Filosofia Primeira em Emmanuel Lévinas

2004

O objetivo desta dissertação é a compreensão da tese principal do pensamento levinasiano: a ética como filosofia primeira. Investigamos esta questão a partir da obra pela qual Lévinas é mais conhecido e em que este pensamento é apresentado de forma mais elaborada: “Totalidade e Ininito”. Com esta afirmação ele apresenta uma crítica à filosofia nos moldes modernos – a filosofia da subjetividade –, colocando a fundamentação do conhecimento na relação com o outro, na intersubjetividade. Na base de todo o saber está a ética que Lévinas também chama de relação metafísica, um acordo mínimo necessário, respeitoso, pautado pela justiça, entre o eu e o outro. . A estruturação do seu pensamento apresenta uma complexidade desencadeada pelo fato de que, embora partindo da fenomenologia, ele traz elementos ou categorias alheias ao pensamento ocidental elevando-os à posição de categorias filosóficas. Constrói, assim, a sua reflexão retomando categorias como ontologia, metafísica e ética e introduzindo termos da sabedoria judaica como revelação, epifania, escatologia e messianismo. Para entender sua tese se faz necessário compreender o significado das principais categorias utilizadas na sua construção. Para tanto esta pesquisa está estruturada a partir de três momentos: a reconstrução dos conceitos de subjetividade, metafísica e alteridade por parte de Lévinas. Uma subjetividade verdadeira, emancipada enquanto tal, só é possível enquanto se realiza como abertura para a alteridade, enquanto “desejo metafísico”. A isto Lévinas chama de “infinição do infinito”, ou seja, o infinito, com a ajuda da compreensão de Descartes, apresenta-se como inadequação à idéia de infinito no sujeito, irrompendo-o e ultrapassando. A partir daí buscamos descrever todo o processo de constituição da subjetividade partindo da sensibilidade passando pela teoria até chegar ao encontro na “epifania do rosto” possibilitador da verdadeira “paz messiânica”.