Recensão ao livro: A Inquisição de Lisboa (1537-1579) (original) (raw)
A Inquisição de Lisboa. No epicentro da dinâmica inquisitorial (1537-1579)
Among the several Portuguese inquisitorial tribunals, the Lisbon Inquisition is the only one that doesn’t have a monographic study with a wide range of content, analyzed accordingly to a rigorous methodology. However, there are a lot of partial studies, usually focused on the object of its repression. The lack of more detailed studies contributes to the uncertainty of the intrinsic dynamics of the inquisitorial macrostructure or even of those existing in fields which the tribunal operated. This study aims therefore to reconstruct the process behind its establishment, the internal organization and the activity of the Lisbon Inquisition since its establishment in 1537, till the last year of the government of Cardinal D. Henrique as the General Inquisitor, in 1579. This study also aims to analyse the evolution of its district court as well as the influence and action of the Lisbon Inquisition on regions that were or were going to be under the jurisdiction of other tribunals. This study gives priority to the analysis of institutional and personal relationships established between this tribunal and other higher powers in the jurisdictional area, with the aim of clarifying the courses of actions followed by the Inquisition during this process of claim in the political, religious and social areas of Portugal in the XVI century. These courses of actions reflected on the human framework, on the investment of infrastructures, on the function of its treasury or its auditorium. The research articulated various points of view, by using the tools of the institutional history and the existing powers, the history of ideas and mentalities, and the socio-economic history. The instruments of micro-history applied to prosopographic studies and to the reconstruction of historical communities were especially valued in this study. This approach allowed the crossing of several frameworks, which the complexity of the subject matter claims, to create finally a wider picture based on the latest and the innovative information of the Inquisition history. This study is based mainly on the documentary funds of the Portuguese Inquisition available at the National Archives of Torre do Tombo, electing as its main source the 2,715 cases that the tribunal of Lisbon held during the period under review, research which distinguishes this work.
As Visitas da Inquisição a Lisboa em 1587
Our investigation focuses on the inquisitorial visit ordered to Lisbon in 1587 whose peculiarity remains on the fact that it is a visit to a host city of a Tribunal of the Holy Office. Generally, these visits were meant to be on distant regions of the courts, as on the overseas islands and on Brazil. This visit still isn't researched by the experts, so we analyzed its documentation and examined the trials to explore its impact, its political role and task of getting information and on the creation of a web of complaints. Keywords: Portuguese Inquisition,
Um estudo sobre a Inquisição de Lisboa : o Santo Ofício na Vila de Setúbal - 1536-1650
2002
De todos os momentos de ponderação e escrita investidos neste trabalho, este é provavelmente o mais difícil. Sinto-me obrigada a reconhecer a minha incapacidade de agradecer gestos, palavras e momentos tão determinantes, atitudes tão generosas, da parte de pessoas tão reais e presentes. Consciente da humildade da minha gratidão, procurarei ser sempre digna da confiança em mim depositada, e do carinho que sempre tenho recebido. A primeira palavra é dirigida à Professora Doutora Elvira Mea, pelas palavras de encorajamento nos momentos certos, pela lucidez dos conselhos que me deu, pelo espírito de abertura e confiança que sempre nortearam as nossas conversas. Aos meus colegas de Mestrado, Lurdes, Nuno e Adelaide, pelos momentos em que trocamos ideias, e por aqueles em que partilhamos dúvidas e receios. Porque caminhamos juntos o mesmo percurso, e nos fomos amparando mutuamente. Porque nos tornamos amigos, e porque as nossas dificuldades não ultrapassaram essa amizade tornando-a mais forte. A todos os meus professores, aos da Faculdade de Letras do Porto e aos de antes, por tudo o que me ensinaram, acerca das mais diversas matérias e acerca da vida, pelos pedaços de saber que com tanta generosidade distribuem a quem os querem receber. A todos os meus colegas de trabalho, funcionários da Biblioteca Central de Faculdade de Letras, pela motivação e carinho que de todos recebi. Ao Dr. João vi Emanuel Leite e à Dra. Isabel Leite, pela compreensão e apoio que sempre me dispensaram. E uma palavra em especial para a Dra. Helena Miranda pela forma afectuosa e paciênte com que me ouviu e emcorajou a cada momento. Ao Dr. Miguel Nogueira do Gabinete de Cartografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pela simpatia e disponibilidade com que contribuiu para este trabalho. Aos funcionários do Instituto dos Arquivos Nacionais-Torre do Tombo, do
Os bispos portugueses encontram-se estreitamente ligados ao processo de fundação e estabelecimento da Inquisição, sucedendo-se, na perspectiva de alguns estudos, uma evidente cooperação e até mesmo complementariedade entre a actuação dos tribunais inquisitorial e eclesiástico. Outros autores contrapõem com a ideia de que a relação entre estes dois poderes evoluiu e também foi marcada pelo conflito. Esta será uma questão subjacente ao trabalho que aqui se propõe, centrando-se na relação entre a Inquisição e D. Miguel de Castro, arcebispo de Lisboa (1586-1625). Foram definidos quatro tempos dessa mesma relação, sendo identificados e justificados por uma análise conjuntural atenta às relações políticas entre os agentes do campo religioso e o percurso de D. Miguel de Castro. Abstract: The Portuguese bishops are closely related to the process of founding and establishment of the Inquisition, following, according to some studies, a clear cooperation and even a complementarity between the performance of the Inquisition and the ecclesiastical courts. Other authors have opposed this idea with the thesis that the relationship between these two powers has evolved and was essentially marked by conflicts. This will be an underlying issue to the work being proposed here, focusing on the relationship between the Inquisition and D. Miguel Castro, archbishop of Lisbon (1586-1625). The present article is divided into four different stages of this relationship, identified and justified by a careful contextual analysis of the political relations between players in the religious domain and the personal itinerary of D. Miguel Castro.
A relação entre a Inquisição e D. Miguel de Castro, arcebispo de Lisboa (1586-1625)
Some studies point to a cooperation and even for some complementarity between the Portuguese inquisition and church’s courts. Other authors opposed to this idea with the thesis that the relationship was essentially marked by conflicts. This is an issue underlying the work that I’m proposing here, focusing mainly on the relationship between the Inquisition and D. Miguel de Castro, archbishop of Lisbon (1586-1625).This analysis requires a deep knowledge about the existing political structures during the Philippine Dynasty (1580-1640), as well as the political relationships among the religious agents and the journey of D. Miguel de Castro.
Resumo Entre os quatro tribunais inquisitoriais portugueses que conheceram uma maior longevidade durante a época moderna, o de Lisboa era, até muito recentemente, aquele que pior se conhecia, sobretudo por faltar um estudo monográfico dedicado a esse. Foi no sentido de colmatar esse vazio historiográfico que apresentei e defendi, no final de 2016, uma tese de doutoramento sobre os primeiros quarenta anos de existência da Inquisição de Lisboa, período de análise que coincide, quase plenamente, com o governo do cardeal infante D. Henrique enquanto inquisidor geral, figura responsável pelo processo de estabelecimento e organização do Santo Ofício em Portugal. Trata-se, como tal, de um tempo onde se operaram as afinações necessárias à máquina repressiva, em que o poder inquisitorial procurou afirmar-se nos campos religioso, político e social, debatendo-se pela legitimidade jurisdicional nalgumas matérias ou, simplesmente, pela sua mera sobrevivência financeira. Foi também um tempo marcado por uma lenta consolidação da rede de tribunais distritais e de uma afirmação tardia de um Conselho Geral que viria a funcionar como entidade supervisora e de última instância de toda a macroestrutura inquisitorial. Ao longo desse longo e conturbado processo, a Inquisição de Lisboa foi assumindo, em muitas ocasiões, a precedência e até primazia no âmbito dessa macroestrutura em construção, colocando-se no centro do diálogo das várias instituições, contribuindo, enfim, com a sua experiência para a definição das normas e costumes que haveriam de reger a organização e funcionamento dos vários auditórios inquisitoriais, não deixando, porém, de lhe serem reconhecidas algumas particularidades. Esta comunicação procurará assim identificar quais foram os contributos da Inquisição de Lisboa para o processo de estabelecimento e organização do Santo Ofício e, em última análise, evidenciar que singularidades a diferenciava dos demais auditórios.
Os bispos e a inquisição Portuguesa (1536-1613)
Lusitânia Sacra, 2003
N este estudo pretende-se avaliar um assunto que. estranham ente, não tem m erecido grande atenção: a relação entre o s bispos e a Inquisição por tuguesa no período do seu estabelecim ento e organização '. D ig o estranha m ente. pois é hoje perfeitam ente sabido, com o foi dem onstrado por Adriano Prosperi, que desde o período da sua fundação, a Inquisição Moderna criou um problem a de poder no interior da Igreja: o da definição dos lim ites e das com petências dos órgãos com capacidade para intervir no d om ínio da veri ficação das práticas relig io sa s c. m ais am plam ente, d os com portam entos das p o p u la çõ es \ Tanto m ais que. co m o refere o autor, reportando-se ao ca so italiano, h ou ve, d esd e o in ício , uma am b ição sem lim ites da Inqui sição. que pretendeu esten d er ao m áxim o a sua área de intervenção, o que teria gerad o c o n flito s e so b rep o siçã o de poderes com o s tribunais e p is c o pais já ex iste n te s \
Paço a Paço. Dos Estaus da Coroa à Inquisição de Lisboa
A Casa de Garrett. Património e Arquitetura do Teatro Nacional D. Maria II , 2020
Muitos são os monumentos-satélites desaparecidos da grande cidade-constelação que é Lisboa. Um universo-urbano pontuado de conjuntos arquitectónicos continuamente construídos, reconstruídos e destruídos pelos poderes instituídos, de acordo com as aspirações estéticas e formais de cada movimento artístico ou segundo as necessidades físicas e materiais de cada momento histórico. Na lista dos monumentos desaparecidos de Lisboa figura, pois, o Paço dos Estaus, o primitivo edifício palaciano régio disponibilizado pela Coroa para albergar o Conselho Geral do Santo Ofício e o Tribunal da Inquisição de Lisboa, o proscénio de alguns dos mais relevantes episódios da política régia nacional que levaria à cena dramáticos actos de violência racial e fanatismo religioso entre o século XVI e o século XIX.
SOB O SIGNO DA OLIVEIRA: A caridade da Inquisição de Lisboa no século XVI
Nas insígnias da Inquisição portuguesa, confrontam-se a oliveira e a espada, símbolos de uma atuação antagónica que tanto procurou tratar com " caridade e benignidade " como castigar com veemência e exemplaridade aqueles que prevaricassem a ortodoxia católica. Todavia, enquanto a ação da " espada " tem assumido um claro protagonismo na história que é feita desta instituição, a ação exercida sob o signo da " oliveira " é geralmente observada na sua dimensão cénica, decorrente da própria atividade repressiva, como é o caso da absolvição dos pecadores nos autos-da-fé ou o apelo dos inquisidores à justiça secular para que não se derramasse o sangue dos relaxados. Ignoram-se, no entanto, os feitos que escapam a este carácter solene e aparentemente simbólico, como as esmolas a reconciliados e a membros do tribunal, a sustentação de presos pobres ou a atribuição de pensões vitalícias aos funcionários inquisitoriais e aos seus parentes, despesas essas que exigiam ao tribunal um recurso constante a receitas que muitas vezes seriam escassas. Esta comunicação, tendo como objeto de análise o tribunal inquisitorial de Lisboa no século XVI, procurará contribuir para o conhecimento desta face menos conhecida da Inquisição e, consequentemente, restabelecer na historiografia essa imagem antagónica com que esta instituição se quis representar.
Inquisição e Caridade – O caso do tribunal inquisitorial de Lisboa no século XVI
In the insignia of the Portuguese Inquisition, are confronted the olive tree and the sword, symbols of an antagonistic action that suggests the use of harshness and mercy to those who transgressed against the Catholic faith. However, while the action of the “sword” has taken on a clear role in the history of this institution, the knowledge we have regarding the action exerted under the sign of “olive” comes down, essentially, to a speech analysis mainly read in scenic and symbolic dimension. Are ignored, on the other hand, concrete practices of charity that may have contributed to the construction of this representation. The objective of this article is to, through a dialogue between two structures in (re) organization during the sixteenth century, the Inquisition and the institutionalized charity, determine the outlines of the intervention of the Holy Office in the field of welfare, focusing on aspects such as the practices of charity, the poor selection criteria, the perceptions on poverty and the impact this activity has had on the organization of the Inquisition, proposing, finally, a prospective analysis that rescues one of the multiple facets of this institution. The analysis focuses on the inquisitorial court of Lisbon and anchor in a variety of documentary sources.
[Recensão a] Giuseppe Marcocci e José Pedro Paiva, História da Inquisição Portuguesa 1536-1821
Revista Portuguesa de História, 2017
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. URI:http://hdl.handle.net/10316.2/43255
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ___________________________________________________ Profª. Drª. Célia Tavares (suplente) UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ___________________________________________________ Profª. Drª. Daniela Buono Calainho (suplente) UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1. Inquisição; 2. Portugal; 3. crítica; 4. cristãos-novos; 5. Época Moderna; 6. História. I. Título. SUMÁRIO Pág. INTRODUÇÃO 1 Capítulo 1 AS "ODIOSAS NOVIDADES" VINDAS DE CASTELA E A RESTAURAÇÃO 20 Capítulo 2 "NÃO SÓ O ESPIRITUAL, SENÃO O POLÍTICO DESTE PAPEL": A BATALHA PELOS PRECEITOS INQUISITORIAIS 74 Capítulo 3 "HAVIAS BEM DE MORDER O JUSTO DA INQUISIÇÃO": AS CRÍTICAS AO SANTO OFÍCIO 120 Capítulo 4 CONFUSÃO NO REINO, PERTURBAÇÃO EM ROMA: OS PAPÉIS CONTRA O SANTO OFÍCIO 171 CONCLUSÃO 220 FONTES 224 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 230 RESUMO Os críticos da ação inquisitorial em Portugal fizeram uso de panfletos, memoriais ou mesmo de sua voz para forjar, posto que sem intenção, uma imagem literária do Santo Ofício que foi amplamente utilizada por diversos de seus adversários, sejam eles cristãos-novos ou velhos. Fato é que estes escritos ganhavam certa unidade dentro de uma diversidade de personagens que ocupavam lugares dispares ou mesmo tinham intenções diversas com suas palavras. Assim, esta investigação lança luz sobre a gestação e consolidação de um pensamento crítico acerca do Santo Ofício luso. ABSTRACT Critics of inquisitorial action in Portugal made use of leaflets, memorials or even his voice to forge, since without intention, a literary image of the Holy Office that was widely used by many of his opponents, whether they were old or new Christians. The fact is that these writings earned a unity within a diversity of disparate characters that occupied places or even had different intentions with his words. Thus, this study sheds light on the creation and consolidation of critical thinking about the Portuguese Holy Office. AGRADECIMENTOS Uma tese não termina, dá-se a ela um ponto. Ouvi essas palavras de dois grandes amigos em momentos diferentes, mas no mesmo café da 17hs, na Torre do Tombo. As linhas seguintes têm o ponto que escolhi comigo mesmo. A arte de escrever História é solitária, mas nunca consegui me senti só. Sempre havia uma pessoa para trazer a palavra amiga, a sugestão precisa ou o afago necessário. "Por isso", disse certa vez Carlos Drummond de Andrade, "caminho um pouco de banda", carregando comigo todos. É deste companheirismo que se tratam essas poucas páginas -tão pequenas, tão gigantes. Os desacertos são todos meus, as alegrias todas nossas. Agradeço à Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) pela concessão da bolsa aluno nota 10 destes últimos 18 meses, assim como ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelos primeiros meses de bolsa de doutorado. Sou igualmente grato a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pelo financiamento da pesquisa nos arquivos europeus, na modalidade PDEE. Estas bolsas garantiram sustentabilidade material, custeando as viagens à Europa e aos congressos no Brasil e possibilitando a pesquisa nestes riquíssimos arquivos. Na Universidade Federal Fluminense, fui sempre bem acolhido e tratado como dileto, sobretudo por Silvana e Inez. Sou grato aos professores que sempre tiveram um incentivo a ofertar: Rodrigo Bentes Monteiro, Maria Fernanda Bicalho, Jacqueline Hermann, Georgina dos Santos e Mário Branco. Ao professor Ronaldo Vainfas, orientador desta pesquisa, sou profundamente grato pela incondicional ajuda. Desde o incentivo à ideia inicial desta tese à possibilidade da pesquisa nos arquivos europeus, Ronaldo, desde o mestrado, me creditou a confiança no trabalho, a autonomia e a crítica. Agradeço à professora Isabel Drumond Braga pela orientação em Portugal e pelas palavras amigas em momentos cruciais. Por todas as sugestões e críticas ao trabalho, além da indicação de nomes daqueles que criticaram a Inquisição, sou grato a Bruno Feitler (em especial),
A fundação da Inquisição em Portugal: um novo olhar
Lusitania Sacra 23: 17-40, 2011
O artigo procura apresentar novos dados sobre o contexto da fundação do Tribunal do Santo Ofício em Portugal (1536). A historiografia continua a ser influenciada pela reconstrução dos acontecimentos fornecida na segunda metade do século XIX, por Alexandre Herculano: uma dramática luta internacional entre um rei fanático, D. João III, o mundo corrupto da cúria papal e a capacidade diplomática dos agentes dos cristãos-novos em Roma. Sem pretensão de oferecer uma nova interpretação global do complexo episódio da introdução da Inquisição em Portugal, a adopção de uma perspectiva mais alargada aqui proposta permite colher aspectos decisivos que passaram despercebidos, desde a pressão da Inquisição espanhola sobre a coroa portuguesa para perseguir os cristãos-novos, até ao papel central do novo grupo de conselheiros em matéria de fé, que integraram a corte de D. João III entre o fim dos anos 20 e o início dos 30.