Sobre criação e autoria: as assinaturas "epigráficas" no Ocidente medieval (original) (raw)
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2016
Neste artigo será estudado um conjunto de 32 recibos assinados pelo escultor/entalhador Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, sob a perspectiva da História da Cultura Escrita, integrando-os à dimensão de registros materiais das práticas da escrita na Capitania de Minas Gerais em fins do século XVIII. A partir de análises formais e materiais, estes documentos são percebidos como sinais materializados da trajetória de vida do artista e relacionados criticamente ao que se conhece atualmente sobre sua biografia, resultando em uma pequena colaboração para o longo trabalho de identificação dos conhecimentos adquiridos e aplicados por este sujeito e da forma como participou da(s) cultura(s) de sua época.
A escrita biográfica na antiguidade: Uma tradição incerta
Politeia: História e Sociedade, 2010
O objetivo deste artigo é discorrer sobre a forma, os usos e os sentidos da escrita biográfica na Antiguidade. Busca investigar a validade de se afirmar a existência da Biografia e da Autobiografia na Antiguidade como gêneros literários específicos e entender seus potenciais e seus limites como representação das relações sociais.
Escritas e escribas: o cuneiforme no antigo Oriente Próximo
Classica, 1999
RESUMO: A ideia da escrita surgiu ainda na pr&historia, mas os documentos mais antigos conhecidos datam de 3.200 a.C. Sao tabletes de argila com escrita cuneiforme e foram encontrados na cidade de Uruk, no sul da Mesopotamia. A escrita cuneiforme teve uma grande difusao no mundo antigo oriental, tendo sido utilizada na Baixa Mesopotamia, correspondendo ao atual Iraque, a regiao da Asslria e da Babilonia e As regi8es perifericas, localizadas, atualmente, na Siria, Planalto Anatolico, ArmQnia, Ira, Chipre, Palestina e mesmo no Egito. Porem, essa escrita, provavelmente, nunca foi "popular", no sentido etimologico do termo: ela sempre permaneceu no dominio de um grupo restrito de especialistasos escribasdevido as suas dificuldades intrinsecas, que exigiam dedicacao e muito tempo para sua aprendizagem. A escola era chamada de e.dub.ba., em sumerio e bit Yuppi, em acadico, literalmente traduzido por "casa dos tabletes". Foi criada com a finalidade de formar os escribas para trabalharem nas tarefas econ~micas e administrativas do pais, sobretudo do templo e do palacio. Porem, com o tempo, ela se tornou um centro de difusao da cultura e do saber.
Linguística-Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto, 2016
ABSTRACT The instrumental conception of grammar – strongly conservative and regulated, which originated in Alexandrian grammarians and that would last until the twentieth century – continued the important role of the so-called "good authors" in the definition of grammatical canon, including spelling, which is justified given that in addition to the regulation of linguistic behavior, this instrumental conception also included the access to literary texts. However, like the grammarians themselves, these "good authors", among which stands out Vieira, are conspicuous by their irregularity and the tendency to form individual spellings. From the practice of some of the most relevant authors in the metalinguistic literature of the eighteen century, particularly João de Morais Madureira Feijó (1688-1741) and Francisco José Freire (1719-1773), the present paper analyses the role of auctoritates of the "good authors" establishing the canon for spelling in their time and how this role would begin to change, particularly in Madureira Feijó, thus anticipating its decline. RESUMO A conceção instrumental de Gramática – fortemente conservadora e normativa, com origem nos gramáticos Alexandrinos e que se prolongaria até ao séc. XX – prolongou também o papel de relevo dos chamados “bons autores” na definição do cânon gramatical, incluindo a ortografia, o que se justifica atendendo a que, além da regulamentação do comportamento linguístico, esta conceção instrumental compreendia também o acesso aos textos literários. No entanto, à semelhança dos próprios gramáticos e ortografistas, estes “bons autores”, entre os quais se destaca Vieira, primam pela irregularidade e pela tendência para a constituição de ortografias individuais. A partir da prática de alguns dos autores mais relevantes na literatura metalinguística de Setecentos, em particular João de Morais Madureira Feijó (1688-1741) e Francisco José Freire (1719-1773), analisa-se o papel de auctoritates dos “bons autores” no estabelecimento do cânon ortográfico da época e a forma como este papel começaria a alterar-se, particularmente em Madureira Feijó, antecipando, assim, o seu declínio.