PROTEÇÃO LOCAL DOS SABERES TRADICIONAIS: AS ESTRATÉGIAS DAS QUEBRADEIRAS DE COCO BABAÇU DO ARAGUAIA- TOCANTINS (original) (raw)

O presente artigo apresenta os resultados de uma investigação empírica junto às quebradeiras de coco babaçu da região do Araguaia-Tocantins, que objetivou compreender as estratégias de referidas trabalhadoras rurais no tocante à proteção de seus saberes tradicionais. A análise pressupõe a necessidade de se considerar a existência da vida econômica, embora muito peculiar, dos grupos tradicionais, assim como a possibilidade de o contanto com o sistema de mundo capitalista reafirmar os pontos de vista tradicionais e, por conseguinte, produzir desenvolvimento da cultura local. O caso das quebradeiras de coco babaçu do Araguaia-Tocantins á sobremaneira ilustrativo de que os conhecimentos nativos são representados pelos seus detentores como apresentando tanto valor-de-uso quanto valor-de-troca, conquanto as trocas não sejam necessariamente sempre capitalistas. As trabalhadoras pesquisadas, através do movimento das quebradeiras de coco babaçu, não somente produzem objetivando a comercialização como inclusive tem buscado intervir no mercado a fim de garantir condições mais competitivas aos produtos manufaturados tradicionalmente por suas famílias de pequenos produtores rurais. Veremos, por fim, que as quebradeiras representam a proteção de seus saberes como incluindo uma vasta pauta de reivindicações associadas á garantia das condições de produção e reprodução de seu modo de vida e trabalho e de seus elementos culturais, que vôo desde uma melhor inserção de seus produtos no mercado até a valorização da mulher no campo, a preservação dos palmeirais e o reconhecimento de uma forma de juridicidade, por elas desenvolvida e praticada, que lhes garante o livre acesso e uso comum dos babaçuais.

Sign up for access to the world's latest research.

checkGet notified about relevant papers

checkSave papers to use in your research

checkJoin the discussion with peers

checkTrack your impact