Dirigentes públicos nos ministérios econômicos e sociais. Técnicos, intelectuais e políticos na Nova República (original) (raw)
2018, 1ed.Rio de Janeiro: Edit. PUC-Rio, 2018, v. 1, p. 33-57.
A academia brasileira vem desenvolvendo reflexões importantes sobre o tema dos dirigentes públicos, ou seja, a alta administração do Poder Executivo, quer deixando de lado a visão dualista que contrapõe o espaço da política ao da burocracia, quer questionando a politização em seu aspecto clientelístico (Longo, 2003; Lopez & Praça, 2015a; Loureiro, Abrucio & Rosa, 1998; Loureiro, Olivieri & Martes, 2010; Figueiredo, 2010; Santos, 2009; Bonis & Pacheco, 2010). Alguns desses trabalhos também analisam a relação entre burocracia, governos e sistema de governo; no caso, o presidencialismo de coalizão. Abers e Oliveira (2015), por sua vez, fizeram um estudo relacionando o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) e os movimentos sociais à luz das nomeações para os altos cargos da burocracia governamental durante a gestão de três ministros do Meio Ambiente. As autoras pretendiam descobrir se a diferença encontrada no perfil das nomeações ao longo do tempo poderia ser um reflexo das relações entre o próprio partido, a sociedade civil e a burocracia. Chamaram a atenção para o fato de que houve valorização da expertise técnica nas nomeações para os cargos de confiança, pois a partir do primeiro mandato do presidente Lula da Silva promoveu-se, indiretamente, uma política de insulamento burocrático com autorização e realização de concursos públicos para os quadros efetivos do ministério em questão. O percentual de pessoas com trajetória em organizações não governamentais (ONGs) ou em movimentos sociais, mas sem trajetória profissional específica ou pertencimento aos quadros permanentes do governo federal, teria declinado. Não há estudos que confirmem a mesma tendência em outros ministérios.