ENTRE A EXPERIMENTAÇÃO CORPORAL E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: CARTOGRAFIAS COM JOVENS COM DEFICIÊNCIA BETWEEN CORPORAL EXPERIMENTATION AND STORYTELLING: CARTOGRAPHY WITH YOUNG PERSON WITH DISABILITIES (original) (raw)

2019, Revista Linha Mestra

Resumo: Neste artigo, duas professoras cartografam uma experiência vivida com jovens aprendizes com deficiência, no interior de São Paulo. Trata-se do encontro entre a contação da história de Dom Maracujá e a investigação das corporalidades de três personagens, que inspiraram experimentações corporais, poéticas e lúdicas, nas quais as potências e saberes de cada um são valorizados e legitimados. Nesse sentido, as atividades realizadas são entendidas como experiências colaborativas, que facilitam aos jovens aprendizes apoderarem-se de uma existência afirmativa e corporalmente mais expressiva. As cartografias seguem as pistas da pesquisa desenvolvida no Brasil por Virgínia Kastrup, entre outros, e conceitualmente definida nas obras de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Palavras-chave: Pessoas com deficiência; cartografia; arte e educação. Abstract: In this article, two teachers map an experienced practice with young apprentices with disabilities in the inner São Paulo state. It is about the storytelling of Dom Maracuja story and the investigation of the "corporalities" of three characters that have inspired corporal, poetic and ludic experimentations in which each other´s strengths and knowledge are appraised and legitimated. In this way, performed activities are understood as collaborative experiences that make easy for the young apprentices to catch hold of an affirmative, and corporally more expressive existence. The cartography tracks down a Brazilian research developed by Virgínia Kastrup, among others, and conceptually defined by Gilles Deleuze and Félix Guattari. Introdução Quando estamos presentes ao que nos acontece, atuamos em sintonia com o fluxo das experiências, afetados por suas potências e pelas possibilidades que criam; nesses momentos, vivenciamos outras maneiras de fazer, ver, sentir, pensar e agir, nas quais o eu-sujeito que explica e julga se aquieta, dando voz a uma multiplicidade de sensibilidades numa rede de afetos. O que vai ocorrer não sabemos, mas já aprendemos que o caminho de quem trilha o desconhecido, de forma atenta e engajada, se mostra a cada passo, a cada bifurcação, a cada aparente perda de direção. Dele não se pode reclamar autoria, visto que nele habitam infinitas assinaturas sem donos, múltiplas vozes, sensações, ideias e histórias. Cientes disso, aceitamos o fato de que a experiência é sempre partilhada entre diferentes subjetividades que dão sentido ao que nos acontece. Por isso, nos propomos a cartografar uma história vivida por muitas pessoas e que, aqui, será contada por duas professoras. Tudo aconteceu no Flor da Vida, instituição privada do município de Atibaia, SP, que atende cerca de 20 aprendizes especiais-mulheres e homens entre 17 e 60 anos-, muitos deles com Síndrome de Down e