A CONSTRUÇÃO DO ESTIGMA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL ASSOCIADA À ESCRAVIDÃO NO BRASIL -UM OLHAR ENTRE A COLÔNIA E O IMPÉRIO (original) (raw)

2017, Repecult - Revista Ensaios e Pesquisas em Educação e Cultura

Resumo Desde a antiguidade, quem detém os meios de produção ocupa os níveis mais altos da hierarquia social. A estes, como bênção divina, era concedido o direito à educação e ao ócio, a viver do trabalho realizado pelos níveis mais inferiores da pirâmide social que, dependendo do momento histórico, eram ocupados por escravizados, servis ou operariados. No Brasil, a história da formação profissional foi marcada por um estigma, uma marca social que associou por séculos a formação para o exercício de trabalhos manuais aos escravizados, à pobreza e ao assistencialismo. Uma herança da colonização portuguesa e de estruturas de formação associada aos interesses de grupos sociais que, em muitas ocasiões, utilizaram o preconceito e o estigma social para legitimar interesses econômicos. O presente artigo, produto de uma pesquisa bibliográfica, busca traçar a origem desse estigma sobre a formação para o trabalho manual e a forma como foi introduzido, e consolidado, na nossa sociedade. Abstract Since ancient years, whoever holds the means of production occupies the highest level in social hierarchy. To those individuals, as a divine blessing, it was granted the right to education and idleness, and to live from the work carried out by the lowest levels of the social pyramid, depending on the historical moment, were taken by enslaved, servile or factory workers. In Brazil, the professional formation history was signed by a stigma, a social label that associated for centuries the qualification to the manual job practices to the enslaved, poverty, and to the welfarism. A legacy of Portuguese colonization and training structures associated with the social groups interests that, on various occasions, had used the prejudice and social stigma to legitimate economic interests. This article, the result of a bibliographical research, aims to trace the origin of this stigma about the manual labor practice and how it was introduced, and consolidated, in our society.