BETTENCOURT, AMS; VILAS BOAS, L. (2021). “Monumentos megalíticos do Alto Minho. Uma paisagem milenar”, in A. Campelo (ed.), Viagem no Tempo. História e Património Cultural do Alto Minho. Viana do Castelo: Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, 35- 44. (original) (raw)
1. Megalitismo: características gerais Os monumentos megalíticos com câmaras e corredores construídos com grandes esteios e, por vezes, com inúmeros blocos usados nos contrafortes e couraças pétreas de cobertura, correspondem às primeiras manifestações arquitectónicas que marcaram de forma definitiva o espaço de vivência das comunidades pré-históricas, dando origem à criação de cenários artificiais e impressivos. Correspondem a monumentos de grande complexidade interpretativa, de carácter por vezes funerário e cerimonial ou apenas cerimonial. Trata-se de um fenómeno atlântico que emerge e se desenvolve entre o 5º e o 4º milénios a.C., ou seja, no Neolítico, tendo perdurado nalgumas regiões para o 3º milénio a.C.. Resulta de uma ideologia que circula pelo mundo atlântico litoral, tendo sido adotada, de forma específica, por diferentes comunidades de agricultores e/ou pastores, motivo pelo qual se detetam, em cada região, particularidades, também percebidas a nível intrarregional. No Noroeste Ibérico conhecem-se dois grandes grupos de monumentos megalíticos: os menires e os monumentos ditos funerários. Os primeiros correspondem a monólitos verticais, mais ou menos afeiçoados, de diferentes dimensões que distinguem, marcam ou celebram lugares de importância coletiva, certamente com multiplicidade de significações mágico-rituais: simbologia astral; cultos de fertilidade; marcação física e simbólica de territórios de grande significação coletiva; representação de divindades ou de ancestrais, entre outros. Os segundos, popularmente designados por mamoas ou eruditamente por antas, antelas ou dólmenes, são compostos por câmaras cobertas por acumulações de blocos pétreos e de sedimentos ou só de sedimentos compactados, provavelmente pela ação do fogo de que resultam montículos artificiais. As áreas fronteiras aos corredores