Ambiências de fundo trágico-tanatológico (original) (raw)
2019, Anais da Conferência Internacional 2019 - Ressensibilizando a Cidade: Ambiências Urbanas e Sentidos
The present work is guided by the observation of urban interventions with a tanatological background and their funerary signs, in direct relation with the spaces in which they are inserted. This allows us to interpret the city as a "necro-city" due to the ambience that emerges because of these evoked absences. Using the Benjaminian key of understanding restricted to the terms "recollection" and "distraction", a reflection is proposed on this cultural practice of making public mourning that is private in nature, whose aim is not only to ease pain, but to also be a quest for reparation in the face of a social break. The method used is that of Vilém Flusser's communicology. Movimentos Em noite escura, um solitário caminhante passeia de maneira despreocupada por uma rua estreita. Chove. De alguma janela, mais distante, uma outra pessoa o observa. E pensa. E confabula de si para si: o que esse estranho quer ali? Sob a marca do diferente, que distingue pela chave da exclusão, outros valores podem ser agregados a aquele que sozinho transita e é valorado por outrem. Em um contexto de grande violência, o medo reage como se pudesse purgar o elemento que, não tendo solicitado autorização a ninguém, direito algum possui de pisar em território alheio. Ainda mais sem um objetivo claro por um caminho traçado. Daquela janela uma pessoa interpretou, com seu próprio olhar, o exterior de sua casa, de seu imóvel, de sua habitação. E concluiu, ainda que sob efeito do medo. Talvez ocorra no futuro eventual arrependimento, caso tenha errado nessa sua conclusão, pois e se tiver sido apenas um morador qualquer respirando o ar noturno? A introdução acima já permite depreender algumas observações. Mas não pela explicitude das palavras. Segue-se um outro exercício de abstração, o do não dito, não mencionado, e em instância última, o velado ou (com o termo mais propício) o acobertado. Não mencionou-se os dados físicos dos objetos que preenchem aquele espaço imaginado/descrito na composição de um território onde é possível imaginá-lo comunitário e que receba o nome significativo de lugar. Objetos esses os quais são as casas e suas calçadas naquilo que determina o sentido da rua, na conjunção com os demais itens que compõem o que bem pode ser chamado de cenário urbano. E já dando os apontamentos iniciais do presente trabalho, este cenário é o que permite o acontecimento da cena, em que cada olho na função de seu olhar é posto em expectativa, gerando por consequencia o expectador. Com a metáfora subjacente, cada janela seria como que uma tela para o próprio mundo ou a sua teatralização. Mas é preciso seguir com as ideias em seu ritmo. Ainda que haja muros de incompreensões, basta uma portinhola para atravessá-los com os sentidos e, por consequência, melhor compor os afetos. Como exemplo, ergam-se paredes e