Especulações sobre a leitura como gesto semiótico (original) (raw)

Leitura como processo semiótico Reading as a semiotic process Lectura como un proceso semiótico

Resumo O presente artigo discute a leitura como tradução de signos em signos e, consequentemente, como um processo semi-ótico. Ao percebermos algo, traduzimo-lo em uma representação mental, o interpretante (PEIRCE CP 1.339). Ao lermos, as várias associações que as palavras provocam nos passam muitas vezes despercebidas. O pensamento humano flores-ce através de várias traduções: durante uma leitura, por exemplo, traduzimos signos verbais em signos mentais. Cada leitor lê o texto, e cada mente o concebe de uma forma diversa. Como é próprio do signo traduzir-se infinitamente, pos-teriormente tal leitor traduz o material em um signo distinto, seja em outra língua, cultura ou sistema sígnico. No caso dos signos verbais, por exemplo, considero que qualquer texto escrito é, desde o princípio, uma tradução, da mesma forma que as ideias que este texto representa também são traduções. Tal concepção remete à ausência da origem de um suposto sentido inerente ao texto. Abstract The present work discusses reading as translation of signs into signs, and, consequently, as a semiotic process. When we notice something, we translate it into a mental representation, the interpretant (PEIRCE CP 1.339). As we read, the various associations the words provoke are hardly noticed. Human thought flourishes through a series of translations: during reading, for instance, we translate verbal signs into mental signs. Each reader reads the text, and each mind conceives it in a diverse way. As being translated infinitely is proper of the sing, such a reader translates the material into a distinct sign, in a different language, culture or system. In case of verbal signs, for instance, I consider that any written text is, since the beginning, a translation, likewise the ideas this text represents are also translations. Such conception is related to the absence of origin of a supposed inherent sense of the text. Resumen El presente artículo discute la lectura como traducción de signos en signos, y consecuentemente, como processo semi-ótico. Al percibir algo, lo traducimos en una representación mental, el interpretante (PEIRCE CP 1.339). Al leer, las varias asociaciones que las palabras provocan nos pasan muchas veces desapercibidas. El pensamiento humano florece a través de varias traducciones: durante una lectura, por ejemplo, traducimos signos verbales em signos mentales. Cada lector lee el texto, y cada mente lo concibe de una forma diversa. Como es propio del signo traducirse infinitamente, posteriormente tal lector traduce el material en un signo distinto, sea en otra lengua, otra cultura u otro sistema de signos. En el caso de los signos verbales, por ejemplo, pienso que cualquier texto escrito es, desde el principio, una tra-ducción, de la misma manera que las ideas que este texto representa também son traducciones. Tal concepción remite a la ausencia del origen de un supuesto sentido inherente al texto.

A morte como acontecimento semiótico

Revista Odisseia

A morte é uma certeza. Entretanto, passamos toda a nossa existência tentando evitá-la. Sendo a linguagem o processo simbólico que nos torna capazes de compreender e significar a realidade, o conceito de morte paira como um elemento irrepresentável, um vácuo de sentido, destinatário de inúmeros investimentos semânticos que buscam preenchê-lo. Assim, realizou-se pesquisa bibliográfica da teoria Semiótica Greimasiana e de outras ciências como a Sociologia e a Psicologia objetivando contemplar reflexões acerca dos desdobramentos culturais que impactam sobre os conceitos de vida e viver e sobre o modus vivendi do homem através da história, como a maneira que ele avalia o significado de viver/morrer, suas produções culturais em torno da morte e a mudança de seus objetos de valor durante a narrativa chamada “Vida”. Como principal resultado da pesquisa obteve-se melhor compreensão sobre a produção de efeito de sentido que o termo morte causa para o conceito de vida.

Sensoriamento Remoto como Jogo Semiótico

Revista Brasileira de Cartografia

A partir da metáfora do Sensoriamento Remoto como jogo semiótico, este artigo tem como propósito apresentar uma leitura semiótica do processo de obtenção e interpretação dos produtos oriundos dos sistemas sensores. Para tanto, empregou-se a teoria semiótica de Charles Sanders Peirce como fundamento teórico, sobretudo suas discussões sobre a estrutura do signo, as categorias fenomenológicas e as relações evidenciadas pela segunda tricotomia, quais sejam: dos ícones, índices e símbolos. O argumento central é que o emprego da metáfora do jogo para a prática do Sensoriamento Remoto permite um olhar mais minucioso sobre este processo, pois as abordagens desta prática costumam valorizar sobremaneira as discussões do âmbito físico, protagonizado pela radiação eletromagnética, mas deixam em um segundo plano as discussões sobre como os signos participam da semiose que permite a construção de conhecimento a partir desses registros. Como resultado, evidenciou-se como a noção de signo pode cone...

Leitura semiótica do Templo de Salomão e o consumo da fé

Signos do Consumo, 2021

O Templo de Salomão, na cidade de São Paulo, surpreende por seu gigantismo e luxo faraônico. Surpreende igualmente pelo grande número de fiéis que atrai para seus rituais. Este artigo tem por propósito colocar esse signo arquitetônico, sua temporalidade, suas referências, seus discursos e seus símbolos sob o escrutínio da semiótica de C. S. Peirce. Esta funciona aqui como uma cartografia cognitiva capaz de orientar a compreensão da complexidade que o signo Templo de Salomão envolve. O mais importante, contudo, é que a complexidade desse signo advém da hipercomplexidade de seu campo de referências históricas milenares, que a semiótica chama de objeto signo. Nessa medida, este artigo procede uma jornada histórica rumo à coleta da densidade desse campo, a saber, daquilo que, na semiótica, recebe o nome de experiência colateral com o objeto do signo. Como resultado, esta análise pretende ser capaz de orientar o leitor à compreensão das camadas de sentido que se sobrepõem na constituição...

Leituras semióticas de Pinóquio

Galáxia (São Paulo), 2013

Resumo: Esta resenha faz breve exposição do conteúdo de Pinocchio: nuove avventure tra segni e linguaggi, organizado por Paolo Fabbri e Isabella Pezzini, que apresenta dez artigos e um tautograma que tratam do tema Pinóquio, alternando entre elementos do texto original, elementos presentes em variações do romance e abordagens sobre a tradução ou a variação em si, sob a óptica da semiótica discursiva. A perseverança e forte proliferação do tema Pinóquio, originalmente ou sob outros pontos de vista trazidos pelos meios de comunicação, estabelece o texto como uma fábula da atualidade que sempre atraiu o olhar científico.

A Leitura como Atividade

Este trabalho apresenta uma pesquisa que vem sendo desenvolvida no Programa de Extensão Ação Cidadã (PAC), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil, com o objetivo de (i) entender e desenvolver o processo de inclusão (Liberali, 2008) de estudantes com dificuldades em leitura e (ii) analisar o papel do professor no desenvolvimento de material didático baseado na noção de gênero (Bakhtin 1997/1953) para estudantes da 6ª serie de uma escola pública em Carapicuíba, São Paulo (10-11 anos de idade). A pesquisa foca a importância de desenvolver uma leitura crítica (Rojo, 2004) nas diferentes áreas na escola. Isso também promove a leitura como uma atividade instrumento-e-resultado (Newman & Holzman, 2002). As análises apontam que um material baseado na noção de gênero e uma metodologia crítica de instrumento- e-resultado propiciam (a) o aumento do conhecimento dos estudantes e uma postura melhor em relação à leitura e (b) a inclusão entre os estudantes que iniciam e se engajam em atividades cidadãs para a proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra.

A viagem de um leitor: uma investigação semiótica do processo de leitura

Estudos Semióticos, 2005

NORONHA-TADDEI (UNESP) RESUMO: Este trabalho tem por objetivo investigar o processo de leitura. Nosso corpus de análise será uma narrativa que ficcionaliza esse processo, comparando-o a uma viagem. Para a investigação da construção do sentido no texto e para se pensar leitura como processo discursivo utiliza-se a teoria semiótica greimasiana.