“The Representation of Power and the Power of Representation: Sino-Portuguese Relations and Catholic Missions in the Yongzheng (1723-1735) and Qianlong (1736-1796) Periods.” [2019] (original) (raw)
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Diálogos Internculturais Portugal-China, 2018
Nos impérios ibéricos da Época Moderna, a criação de dioceses correspondia à continuação da política de apropriação dos espaços imperiais, integrando- -os nas lógicas de governo das monarquias católicas e densificando a malha jurisdicional que recaía sobre cada território. Na Ásia portuguesa, a construção da rede diocesana seguiu de perto os ritmos de expansão geográfica do Coroa Portuguesa, implementando novos bispados em zonas que era necessário reenquadrar administrativamente. No caso do bispado de Macau (1576), bem como do Japão (1588), o envio de bispos foi também um modo de dar resposta às necessidades do labor evangelizador que se apresentava profícuo, procurando dar-lhe maior apoio e consistência, ao mesmo tempo que se reforçava a autoridade régia sobre os territórios, diminuindo, mas não anulado, a autonomia dos comerciantes locais e da Companhia de Jesus.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), 2021
A presente tese tem como objetivo principal estudar a configuração da política missionária de Portugal no período compreendido entre a aclamação de D. João IV e os acordos de Paz (Tratado de Utrecht) que colocaram fim à Guerra de Sucessão Espanhola em 1715. Tal propósito foi realizado a partir de duas frentes principais de investigação, em nossa visão fundamentais e ao mesmo tempo complementares para o amplo entendimento do tema proposto. A primeira delas procurou compreender os antecedentes e desdobramentos que se seguiram à iniciativa da Coroa portuguesa de criar novos organismos com o intuito de aperfeiçoar a gestão de seu empreendimento missionário. A instituição de uma Junta de Missões no reino (1655) e de Juntas de Missões ultramarinas em 1681, integram um movimento mais largo de especialização dos processos decisórios e de institucionalização de novas instâncias político-administrativas que marcou os anos que se seguiram à Restauração de Portugal. Por outro lado, as Juntas de Missões estão igualmente vinculadas às políticas e estratégias desenvolvidas pela monarquia portuguesa para defender suas prerrogativas espirituais nos territórios ultramarinos num momento de profundas disputas no cenário europeu. Nessa chave, nos interessou especialmente a relação que Portugal teceu com a Santa Sé e sua mobilização frente à atuação da Sagrada Congregação 'De Propaganda Fide' criada em 1622. Os embates político-diplomáticos travados entre Portugal e a Santa Sé em defesa de seu direito de padroado, e as estratégias concebidas pelo reino no anseio de opor-se a uma política de expansão da fé católica que progressivamente se conformava e se fortalecia na Cúria Romana, constituíram o cerne da segunda frente de investigação que animou este trabalho.
Anais do XII Encontro Estadual de História da ANPUH-PE: História e os Desafios do Tempo Presente. Recife, UFPE., 2018
O trabalho propõe refletir sobre o impacto das missões cristãs na política e na sociedade chinesas partindo dos estudos de Paul Cohen, Daniel Bays e do missionário galês Griffith John. Foi inspirado da tradição chinesa de periodização pelo nome dos imperadores que o intervalo entre 1875 e 1908, que condiz ao reinado de Guangxu, foi escolhido. Ele abarca muito bem importantes momentos da atuação missionária na China e também as grandes rebeliões anti-cristãs e anti-estrangeiras, algumas das quais analisadas por Griffith John no século XIX.
O poder pontificio e suas relações com a Ordem do Templo em Portugal no tempo de Inocêncio III (1198-1216). Notas para o estudo do discurso pontifício para uma região de fronteiras. (Book chapter), 2023
The Order of the Temple's relationship with the royal power in Portugal was very close, as it collaborated directly with the kings in the Reconquest process, a perspective of action welcomed by the papacy. The Order also maintained its own agenda, centered on the fighting in the Holy Land, which made it, for the Pontifical Curia, a particularly prestigious institution, along with other orders. along with the other hierosolimitan orders. According to the author, this relationship of double esteem established by the Order reached one of its most significant moments during the pontificate of Innocent III (1198-1216). For the papacy to govern the Church, it was necessary to concede, to rediscuss issues at length and to accept specific preconditions in order to assert undisputed authority on global issues.
2017
Este artigo pretende estudar o relacionamento entre dois dos primeiros bispos do Porto e os reis que serviram, num período durante o qual o reino de Portugal estava ainda em processo de afirmação como entidade política perene e viável. Partindo do interessante caso de D. Hugo, para situarmos o início dos problemas e as questões a que iremos regressar quando abordarmos o caso de D. Martinho Rodrigues, concentrar- -nos-emos de seguida no estudo do relacionamento entre o poder real e esse bispo portuense D. Martinho Rodrigues, que serviu a três reis e a três Papas, numa época de grande convulsão para o reino em particular e para a Península Ibérica em geral, durante a qual o Papado tam- bém reafirmava os limites do seu poder. Esta interessante dinâmica, gerada na tensão entre a concomitante afirmação de diversos poderes em contexto de construção dos respetivos limites físicos e âmbitos jurisdicionais, permite uma visão particularmente elucidativa das questões que, afetando sobretudo o bispado do Porto, se jogavam também a outras escalas. Observaremos sobretudo estes dois exemplos, nas querelas que tiveram com os reis, e nas formas como as resolveram, mas também no universo fundamental do relacionamento de cada um deles com o cabido do Porto, nas respetivas ligações às elites locais e à nobreza do Entre-Douro e Minho, e, em menor escala, aos meios peninsulares onde a cultura jurídica florescia, assim como na relação com a realeza leonesa e com o Papado. This article focuses mainly on the study of the lives of two of the first bishops of the See of Oporto, D. Hugo and D. Martinho Rodrigues, and the relationship they kept with the Kings they served, in a period during which the Kingdom of Portugal was still in the process of formation and politically very unsettled. We will start with the interesting case of D. Hugo, which will enable us to watch closely how he handled a multiple loyalty, and a political changing situation, and proceed by analysing the life of Martinho Rodrigues, a bishop who served three Kings and three Popes, and whose episcopate was very affected by the conflicts with all three Kings, with the local elites, the neighbouring bishops, and even Popes. Such interesting dynamics configurate a tension which resulted and promoted the affirmation of the several powers involved in the city of Oporto, as a microcosm: bishops, Kings, religious orders, chapter and local elites, as well as nobility. The lives of both these prelates illustrate the changes in the ways in which central power and bishops handle quarrels and their resolution, from violence to pact, form local resolution to the appeal to Rome.
Missionários jesuítas na China: um rico intercâmbio cultural (séculos XVI a XVIII)
A presente comunicação trata de uma pesquisa em andamento sobre os missionários jesuítas na China, pesquisa esta que está sendo desenvolvida com enfoque no trabalho dos inacianos na corte imperial entre os séculos XVI e XVIII, procurando entender alguns aspectos importantes de sua integração na sociedade chinesa, na medida em que muitos deles vincularam-se diretamente aos imperadores. Ao final, ainda que este não seja o objetivo central de meu trabalho, pretendo também tecer algumas considerações comparativas considerando as atividades missionárias na China, um império que, naquele período, não estava sujeito a poderes coloniais, com a missionação realizada no Brasil, na qual os jesuítas e a Coroa portuguesa agiam em um espaço colonizado comum. Entre os séculos XVI e XVIII os padres da Companhia de Jesus estiveram presentes no império chinês como parte de um programa muito mais amplo, de um projeto missionário que tinha o mundo todo como palco de suas atividades. No caso da China, porém, é possível apontar dois desdobramentos aparentemente contraditórios: por um lado, os resultados da atividade missionária foram pouco significativos em relação ao tamanho da população, ainda mais quando comparados com as conversões em outras áreas geográficas, como o Brasil e a América Hispânica; por outro lado, a aceitação dos jesuítas por parte dos chineses como homens letrados, independente da missionação, foi muito grande. Até os dias de hoje tem se mantido na China uma imagem dos inacianos como acadêmicos e cientistas. Suas atividades junto aos imperadores têm despertado atualmente grande interesse entre os chineses. É possível encontrar nas livrarias não apenas publicações acadêmicas mas também obras de divulgação para o grande público. No Museu de Xangai foi o governo italiano, sobre a vida e a obra do missionário Matteo Ricci. A exposição, que contou com grande afluência de visitantes, seguiu também para outros museus do país. Nas referências atuais ao papel dos jesuítas que estiveram no Império do Meio entre os séculos XVI e XVIII é evocado um rico relacionamento que eles mantiveram de forma durável com os imperadores e com o mandarinato confucionista. São sempre enfatizadas suas atividades como astrônomos, tradutores, pintores e arquitetos, sem que os chineses os assimilem aos estrangeiros que inúmeras vezes fizeram tentativas expansionistas com maior ou menor sucesso, no decorrer de vários séculos. A meu ver, estes são indicadores importantes da permanência dos jesuítas no imaginário chinês. Todos estes aspectos estão sendo levados em consideração no decorrer da pesquisa de modo a que seja possível detectar as especificidades da missionação na China, comparando-a, em especial, com o caso do Brasil. Cabe, desde o início, deixar claro que os jesuítas na China não estavam vinculados a nenhum projeto de conquista. Em nenhum momento, portanto, questionaram a autoridade política e a legitimidade do Imperador, o que sem dúvida tornava as aproximações com a elite chinesa mais fácil, embora não sem percalços de outros tipos. através dos séculos, uma civilização na qual os elementos visuais se constituem em uma parte importante de sua identidade, como se pode observar, por exemplo, na caligrafia, na disposição desta própria caligrafia no papel, na pintura, nos desenhos dos jardins. Os diversos rituais, na China, também têm um componente visual importante. Uma das considerações que já podem, então, ser destacadas nesta etapa da pesquisa é que o fato de que o papel da imagem, central na civilização chinesa, foi rapidamente percebido pelos jesuítas, cuja educação incluía, além das chamadas ciências exatas, um importante conhecimento das artes plásticas. Desenhar era, aliás, parte da educação renascentista européia e desenhar com atenção era essencial para o astrônomo, para o botânico. Foi portanto com o olhar treinado para este tipo de observação que os padres se aproximaram da civilização chinesa, o que se constituiu provavelmente em um dos fatores importantes para a sua aceitação. Os inacianos, cuja atividade na China está, de uma forma ou de outra, documentada, são muitos. Dentro do escopo desta pesquisa, no entanto, fiz uma seleção que levou em conta vários fatores, entre eles a importância da atividade que realizaram na corte dos imperadores para os quais trabalharam e a relevância que alcançaram como agentes das trocas culturais entre a Europa e a Ásia. Escolhi, então, trabalhar de forma mais detalhada com Matteo Ricci, Alessandro Valignano, Gabriel de Magalhães, Adam Schall von Bell e Giuseppe Castiglione, deixando porém aberta a possibilidade de acrescentar outras figuras relevantes para a análise à medida em que a pesquisa for avançando. Embora Alessandro Valignano não tenha exercido diretamente atividades no interior do Império chinês, já que era o orientador e visitador dos jesuítas encarregados da missionação no Oriente, delineou com muita clareza as estratégias a serem seguidas pelos padres, apoiando-os com grande entusiasmo. Desta forma, se constitui também em fonte essencial para a análise das atividades da Companhia de Jesus na China. Gabriel de Magalhães, S.J., que escreveu no século XVII um importante relato sobre a China, no qual não poupou elogios: Que reino existe, por mais universidades que possua, que tenha mais de dez mil licenciados como a China, dos quais seis a sete mil se reúnem todos os anos, em Pequim, onde depois de rigorosos exames, se admitem 365 ao grau de doutor? Creio que não existe nenhum estado que tenha tantos estudantes como há de