Uma possível leitura panikkariana do momento atual (original) (raw)

Um panorama da lógica atual

É praticamente um truísmo afirmar que a Lógica é hoje um campo do saber que, em questão de profundidade, não perde em nada para a matemática. Seria de se pensar que em pleno século XXI dificilmente uma pessoa razoavelmente instruída deixaria de reconhecer o valor da Lógica como disciplina, seja pura, seja aplicada. As razões para essas afirmações são as mais variadas, como veremos mais à frente, e talvez qualquer pessoa que não considerasse a Lógica como relevante seria classificada simplesmente de inculta, ignorante, tendo em vista ser ela uma das mais importantes disciplinas (isso não é de hoje; como se sabe, a Lógica fazia parte do Triviumver Joseph 2002), 1 além das numerosas aplicações na Filosofia, Matemática, e

O PERIGO GNÓSTICO DA PSICOLOGIA MODERNA

Entre os graves problemas contemporâneos relacionados com a fé-em muitos casos-com sua perda, está a psicologia que tem grande influência na vida do homem moderno, não somente desde seu aspecto teórico, mas principalmente no prático, na assimilação de seus ensinamentos, pela autoridade que a elas se conferem ainda nos âmbitos católicos. Não podemos desconhecer que a maioria das correntes de psicologia moderna tem a filosofia kantiana como fundamento. 1 Isto significa que a partir de Kant a "metafisica" (que elimina toda a metafisica aristotélica e escolástica) passa ser uma ciência pela qual a razão se limita a conhecer-se a si mesma. Na Critica a razão pura Kant prevê que pode resolver todos os problemas metafísicos. "Na verdade, ele destrói a metafísica e substitui por uma auto-análise da razão, que então decide chamar "metafísica". 2 Tudo que supere essa "experiência possível" (a-priori) não deve se conhecer; entre estas se encontra a demonstração da existência de Deus e da imortalidade da alma. Em Kant "não somente a razão não pode chegar a realidade inteligível, mas sobre tudo ela não deve chegar, e não deve pretender chegar." 3 Mas o homem está feito para conhecer, e especialmente para conhecer a Deus. Se não podemos, nem devemos conhecer a Deus, a fé é impossível. A fé é conhecimento e o conhecimento de Deus é o fim de toda vida humana; a fé é o princípio desse conhecimento que chegará em sua plenitude na vida eterna. Se somos levados a conhecer a Deus, significa que tudo está ordenado para tal fim. Se deixa de lado o conhecimento natural de Deus (que nesta vida é por seus efeitos: a natureza e a graça), perde-se também a fé. A própria estrutura do homem responde a este fim que é o conhecimento de Deus; por isso a base de todas as enfermidades psíquicas é a ignorância de Deus, como bem têm sido demostrados por recentes estudos das enfermidades mentais que retomam a doutrina dos Padres da Igreja. 4 O conhecimento de Deus está na base da felicidade que todo homem busca e que muitas vezes não consegue encontrar. O tema da felicidade é fundamental no desenvolvimento da psicologia, e isto a psicanalise sabem bem, onde

É possível sair do presente? Uma teoria prospetiva

Nas sociedades antigas, o tempo era percecionado de forma cíclica, mítica, sem duração, em que se arranca o homem, tal como descreve Mircea Eliade (1969), em Le mythe de l’éternel retour, do seu tempo individual cronológico, histórico, projetando-o, pelo menos simbolicamente, em um grande tempo que não se pode mensurar porque não é constituído por uma duração. Nas sociedades modernas, o conceito de tempo passou a assumir outras conotações, ao ser entendido como sucessão e continuidade, desenhado de forma mais objetiva e científica, veiculado sempre à liberdade da pessoa. Nas sociedades contemporâneas, marcadas por uma crescente complexidade, o tempo tornou-se um problema a, em parte, devido à instabilidade do futuro, que não permite qualquer tipo de previsão dos processos sociais e organizativos o que conduz, não só a um grande desconhecimento do próprio futuro, como a uma instabilidade do próprio presente.

Sobre a “Crise Contemporânea”: Uma Nota Perplexa

2011

A descricao mais sintetica e consensual da crise contemporânea ressalta o processo de desconstrucao das matrizes historico-cientificas e politico-ideologicas que organizaram o espectro das opcoes eticas e comandaram a universalizacao da historia a partir do seculo XVIII. Mas esta percepcao da crise tem forte conotacao eurocentrista, nao levando em conta, frequentemente, suas formas de manifestacao ocorridas na periferia do capitalismo. Esta diversidade torna-se bastante nitida quando se repassa a trajetoria historica da crise que se inicia nos anos sessenta, sob a otica da economia politica das relacoes internacionais.

Uma chave para nossa desconcertante atualidade

Revista DIAPHONÍA

Uma chave para nossa desconcertante atualidade A key to our disconcerting world today FÁBIO FERREIRA DE ALMEIDA 2 É preciso reconhecer: a eleição de Jair Bolsonaro é um fenômeno político dos mais significativos e, a depender de como e de quando seu governo acabe, será um dos mais importantes da história política brasileira neste século. Esta afirmação, dita assim, peremptoriamente e logo de saída, a um só tempo constrange e surpreende.

Uma leitura crítica da crise da leitura

FREITAS, Lídia Silva de, 1994

Habituamo-nos a ouvir e a falar de uma "crise da leitura" sem refletir em que exatamente ela se constituiria. Invariavelmente esse termo envolve aspectos quantitativos e/ou qualitativos da leitura da palavra escrita. 1 Ou confronta-se o número de horas dedicados por uma determinada sociedade aos meios impressos de comunicação àquelas dedicadas aos meios eletrônicos ou compara-se o ritmo de expansão do número de leitores efetivos com o crescimento do número de leitores potenciais de uma comunidade etc. Os aspectos qualitativos da crise se dividem entre a análise do material lido, onde sempre o livro é privilegiado pelos analistas em detrimento de outros materiais de leitura (como revistas, jornais etc.) -e mesmo entre os livros é considerado como padrão a leitura de textos literários e não os informativos, didático-acadêmicos, técnicos etc. -e a análise da "qualidade da leitura", onde se afirma existir um empobrecimento dos sentidos produzidos pelos leitores na leitura de textos. Ou seja, a crise se caracterizaria por ler-se pouco e/ou material de leitura não qualificado e/ou pouco compreender-se 2 do que se lê. * Artigo baseado em apresentação ao 2.ENCONTRO INTERNACIONAL DE BIBLIOTECÁRIOS DE LÍNGUA PORTUGUESA, Rio de Janeiro 3-8 abr. 1994, promovido pela Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários.

Psicopolítica e mal-estar da contemporaneidade

2021

Resumo: Em O mal-estar da civilizacao Freud buscou apresentar uma discussao sobre os ganhos e as perdas da civilizacao, e em especifico sobre o mal-estar causado por suas limitacoes. Para Elias, a civilizacao, como pratica, envolve o controle das condutas, a regulacao dos modos e a subordinacao das emocoes. O tormento trazido pela civilizacao decorre do modo pelo qual ela limita a liberdade, se sobrepondo aos impulsos, impondo tarefas culturais acima das vontades individuais. A civilizacao e a repressao social se tornando uma cobranca constante e internalizada como mal-estar. Nesse artigo busco articular sociologicamente, em contraposicao a diversos autores da teoria social, o conjunto de hipoteses levantadas por Byung-Chul Han (2018b) sobre a psicopolitica, de modo a repensar os rumos e as transformacoes do mal-estar em uma sociedade nao repressiva (fundada em negatividade), mas afirmativa (fundada em positividade).

A possibilidade de uma leitura antepredicativa do pensamento noético de Plotino

Archai - THE ORIGINS OF WESTERN THOUGHT, 2020

The possibility of reading the Plotinian noetic thought as non-predicative The characterization of thought as a subject reflection about a given object is expressed by an enunciation of predicative order. The introduction of the possibility of a type of thought that it is not constituted in virtue of this presupposition brings alot of difficulties, which is responsible for why Lloyd(1970) treats this theme as an enigma of Greek philosophy, i.e, non-discursive thinking. Plotinus seems to make a distinction between rational and intellectual thought, taking as a starting point thesui generisdefinition of a thinking that thinks itself. The intriguing nature of this description, i.e, the self-thinking as non-discursive thought, has raised studies with the primary aim to understand how it works this type of thinking. Then to clarifywhat does it mean to adopt the non-discursive approach. This paper intends to analyze the cited problem in the light of the “non-predicative” of Santos (2018). The hypothesis is that by applying this concept to the discussion it will contribute to increase clarification on the distinction between reason and Intellect. That exercise will be conducted in majority through the reading of V.3 [49] of Plotinus Enneads. The nature of the intellectual thought would be non-predicative and therational would bepredicative. Keywords: Plotinus, Enneads, Intellect, non-predicative.

Reflexões atuais sobre o contemporâneo

Universidade Estadual de Campinas, 2023

A compreensão sobre o que é contemporâneo parece ter tomado o mesmo sentido dos conceitos sociológicos sobre pós-modernidade, na sensação de que contemporâneo refere-se aos resultados culturais da globalização e do consumo, provocada pelo acúmulo de experiências sociais dos tempos passados, principalmente da modernidade. Nesse sentido, o presente projeto de mestrado busca refletir o conceito de contemporâneo com o intuito de revelar as significações que germinaram do conceito original. Para isso, esta pesquisa se propõe a realizar uma revisão bibliográfica sobre o termo, através dos estudos do filósofo Giorgio Agamben, que apresenta uma teoria identitária para contemporâneo. Nesta perspectiva adotada, a singularidade do contemporâneo não tem lugar no tempo cronológico da história, pois o único vínculo desta identidade intempestiva com o tempo é a infidelidade à época vivida e o sentimento de diacronia e de dissociação. Também serão revisados os estudos sobre pós-modernidade, que além de implicar nas estruturas sociais do século que se mais produz ciência sobre contemporaneidade, também é visto como sinônimo para tal. Em seguida, será realizada uma análise de conteúdo das publicações do website Observatório da Imprensa, um veículo jornalístico focado na crítica da mídia, desenvolvido pelo Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) em parceria com o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), ambos institutos da Unicamp. Esta análise visa recolher as produções textuais que acompanham o termo “contemporâneo” a fim de compreender como os autores de textos opinativos fazem o uso desta palavra. Palavras-chave: Contemporâneo. Identidade. Espaço-tempo. Pós-modernidade. Jornalismo.