2020 - Del Rio/Rodrigues - Heróis, zumbis e neoliberalismo a revanche da solidariedade. – ESCUTA (original) (raw)
Estamos parados em um muro móvel, em uma transição que ainda pouco entendemos, mas sentimos, ignorando o que vem pela frente. Sabemos que estamos em uma penitência autoimposta, de isolamento de abraços, de alienação quebrada, e do resgate do mínimo: a vida cotidiana. O coronavírus exibe tudo o que somos e que entendemos de nós. A cada interpretação deste processo, se demostram nossas possibilidades e horizontes: nossos sonhos e pesadelos não são maiores que nossa realidade, nascem dela. Alguns, como o governo federal, acreditam que a reflexão é perda de tempo. Assim, filosofia, sociologia, história e outras são áreas do conhecimento humano só "trazem atraso à humanidade". Bom, essa linha de pensamento fala mais deles que dessas ciências especificamente. O coronavírus nos traz uma série de questões e a cada um toca diferentes células. Comove-nos profundamente a feroz negligência do governo federal atual. Dói. Profundamente. Como a desigualdade. Mas ao mesmo tempo, tentando alguma estabilidade na catarata de informação planetária, existe uma constante: todos procuram uma solução mágica, uma forma de acreditar, de ter esperança em diferentes formatos. No bojo do drama humano em curso, os projetos de sociedades igualitárias precisam ser defendidos sob os signos da espera, da paciência, da angústia, e de relativa impotência. Não temos as ruas. Precisamos defender que os que tenham essa possibilidade não vão para as ruas. A defesa dos valores coletivos assume uma performance pouco visível, ausente do espaço público, restrita aos veículos de comunicação virtual.