Do Novo ao Novo Cinema: um país em dois momentos (original) (raw)

O cinema e a legislação do Estado Novo: contexto e análise

Itinerarios: revista de estudios lingüisticos, literarios, históricos y antropológicos, 2016

Resumo: Graças aos esforços de António Ferro, apaixonado pelo cinema e as suas possibilidades ideológicas, a Sétima Arte entrou no círculo dos interesses do Estado Novo já no fi m dos anos 30. Este facto signifi cava o começo dos trabalhos legislativos com o objetivo de controlo efetivo de todos os aspetos da cinematografi a. A análise do contexto histórico e político do período mencionado deixa compreender a complexidade do papel projetado para o cinema pelas autoridades portuguesas e as causas da sua derrota. Os textos estudados para o presente trabalho foram tanto os atos promulgados como os debates parlamentares, que em conjunto formam elementos do processo legislativo. Aos métodos aplicados pertencem a análise do texto, a análise do contexto e dos conteúdos (explícitos e implícitos) e a sua interpretação. A investigação realizada demonstra que a cinematografi a era tratada como uma ferramenta educativa e propagandística útil, mas igualmente perigosa e não compreendida como meio de expressão artística. As tentativas superfi ciais de industrialização do cinema não foram realizadas por causa das características e falhas do próprio sistema salazarista. As mudanças políticas e ideológicas dos anos 60 puseram à vista as insufi ciências da legislação portuguesa e, na realidade, a debilidade do cinema nacional.

“Golpe Em Câmera Lenta”: Estado De Sítio e O Cinema Político De Costa-Gavras

2019

O periodo que antecede ao golpe militar no Uruguai (1973) foi marcado por um intenso autoritarismo promovido pelo governo do presidente Jorge Pacheco Areco (1967-1972). As medidas de excecao e violencia politica por parte do Estado serviram de inspiracao para o filme Estado de Sitio ( Etat de Siege ) do cineasta grego naturalizado frances Constantin Costa-Gavras. Este artigo tem por objetivo analisar a pelicula enquanto uma fonte historica do periodo em debate, observando a obra como um importante veiculo de denuncia dos mecanismos autoritarios e repressivos dos governos latino-americanos entre as decadas de 1960 e 1980.

CINEMA NOVO: A NOVA PERSPECTIVA DO QUE É SER NORDESTE

RESUMO: O objetivo central presente neste trabalho consiste em mostrar como a concepção de Nordeste foi inventada por meio de relações sociais e de poder por intermédio da elite e de intelectuais que estavam perdendo seus privilégios no cenário político e econômico do país. Através disso é idealizado o Nordeste como um espaço tradicionalista e pobre por intermédio da seca. A posteriori pretende-se mostrar como o Cinema Novo insere-se legitimando toda essa concepção através dos seus recursos cinematográficos. Palavras-chave: Nordeste. Estereótipo. Seca. Cinema Novo. Glauber Rocha. INTRODUÇÃO Ao longo dos anos inúmeras concepções sobre espaço e região foram utilizadas para tentar compreender o que é o Nordeste. Neste artigo, irei salientar as principais conceituações afim de uma melhor compreensão do que é o e como foi a invenção do Nordeste. Quando pensamos sobre a definição do que é espaço, sempre conceituamos com definição tradicionalista geográfica, no qual é um lugar delimitado, que estabelece uma materialidade física onde são estabelecidas relações sociais. Entretanto, por intermeio das revoluções historiográficas do século XX – foi discutido um novo olhar acerca do que é espaço, como um lugar praticado e algo fisicamente imóvel que depende das dinâmicas de deslocamento do coletivo para haver uma ressignificação e uma atualização. Esses lugares praticados são aventuras narradas que ao mesmo tempo produzem localizações e derivam para lugares comuns de uma ordem; é importante frisar que os espaços não são naturais, são construídos por intermeio da linguagem. Ao se apropriarem do espaço planejado e organizado, as pessoas utilizam para atenderem aos seus próprios interesses e necessidades, sejam elas políticas, sociais e econômicas. Diante disto é perceptível analisar que um dos fatores determinantes para a urgência na definição e invenção do Nordeste foi pelo declínio das elites agrárias que perdiam seu lugar na divisão nacional do trabalho e na divisão política do país e de intelectuais diante do forte crescimento da atividade cafeeira na região Sudeste do Brasil.

Novo Jornalismo e cinema direto - rua de mão dupla

Jornalismo e Documentário: diálogos possíveis , 2018

Este texto defende a possibilidade de compreender o cinema direto e o novo jornalismo como uma espécie de “rua de mão dupla”. Parte-se do pressuposto de que ambos partilharam mais do que o mesmo contexto sociocultural dos anos 1960. Pretende-se, especificamente, identificar e analisar semelhanças e diferenças entre os fundamentos do novo jornalismo e do cinema direto.

Olhares crí­ticos sobre o novo cinema brasileiro

Galaxia Revista Do Programa De Pos Graduacao Em Comunicacao E Semiotica Issn 1982 2553, 2007

Resumo O livro organizado por Lúcia Nagib é uma das primeiras obras a apresentar um pensamento crítico a respeito do cinema brasileiro produzido a partir de meados dos anos 90, período conhecido como da retomada. Os diversos colaboradores brasileiros e estrangeiros, alguns deles entre os mais importantes teóricos e críticos da atualidade, traçam uma radiografia profunda desse cinema, analisando tanto sua conexão com o presente quanto suas raízes estéticas e culturais.

Cinejornal Brasileiro: eugenia adaptada no Estado Novo

2011

Este artigo discute como os conceitos eugenicos foram adaptados para a realidade brasileira e como a eugenia serviu ao Estado Novo para a construcao do chamado “novo homem brasileiro”. Analisamos o discurso ideologico encontrado nas publicacoes oficiais e em alguns filmes do Cinejornal Brasileiro sobre atividades fisicas envolvendo criancas e adolescentes . Nas analises filmicas procuramos identificar a propagacao de um padrao estetico baseado nos paradigmas eugenicos denunciados por Peter Cohen em seu filme Homo Sapiens 1900. Palavras-chave: Cinejornal Brasileiro, criancas, eugenia, educacao fisica.

Mudar de Perspetiva: A Dimensão Transnacional do Cinema Português Contemporâneo

O cinema português desenvolveu, década após década, uma tradição associada com uma série de constantes temáticas e estéticas que aparecem, como sinais de identidade, nas filmografias de vários de seus principais cineastas, como seriam, por exemplo, Manoel de Oliveira, Paulo Rocha, Fernando Lopes, João César Monteiro, António Reis e Margarida Cordeiro, Pedro Costa ou Teresa Villaverde. A crítica cinematográfica costuma estudar as relações e semelhanças entre os filmes destes e doutros cineastas portugueses para assinalar os elementos que distinguem o cinema português doutros cinemas nacionais. Esta abordagem, no entanto, é incompleta no contexto da globalização e da pós-modernidade, quando o presente e o futuro dos cinemas nacionais depende da sua maior ou menor conexão com as grandes redes estéticas e económicas globais: assim, quanto maior for a conexão, maior será a distribuição desses filmes e, portanto, mais possibilidades terá um país e uma cultura de ocupar um lugar relevante na geopolítica do cinema. A partir desta lógica, o objetivo deste artigo é inverter a abordagem tradicional dos estudos sobre cinemas nacionais para explorar os vínculos transnacionais dos filmes e dos cineastas portugueses, a fim de compreender a sua posição dentro do sistema-mundo do audiovisual contemporâneo.

Uma Interpretação a Partir De ‘Estados’: Buscando Uma Cena Grotesca

Polem Ca, 2012

atualmente é professor do Programa de Pós-Graduação em Teatro (mestrado/doutorado) da UDESC, é também pesquisador do CNPq e diretor do grupo Experiência Subterrânea. ANA LUIZA FORTES CARVALHO Licenciada em Teatro pela UDESC, é atriz do grupo Experiência Subterrânea e também diretora do grupo teatral Dearaque Cia. Resumo: Este texto descreve um trabalho experimental de atuação relacionado com uma interpretação a partir da vivência de estados anímicos, como procedimento investigativo sobre a construção de uma cena grotesca. Palavras-chave: atuação grotesca; teatralidade; afeto e técnica interpretativa

O cinema se alastra pela América Latina: repercussões do novo espetáculo

Revista Territórios e Fronteiras, 2014

O desenvolvimento e expansão do espetáculo cinematográfico na América Latina reacendem pleitos com uma longa trajetória em nossa cultura. A eficácia da representação fílmica e a “facilidade” com a qual promove a identificação projetiva do espectador (variante subjetiva e interiorizada da imitatio) faz com que o cinema seja visto alternativamente como escola do crime, da sedução, do descontentamento, como dispositivo escolar, como paliativo imaginário perante as insatisfações da vida ou como agente de sua transformação. O artigo examina diversas crônicas de inícios do século XX que testemunham esses pleitos.