A Literatura Brasileira foi a Frankfurt: o Brasil como Homenageado da Frankfurter Buchmesse (1994 e 2013) (original) (raw)

O Brasil homenageado na Feira do Livro de Frankfurt em 2013

Opiniães

O surgimento e a afirmação de novas vozes no campo literário brasileiro têm dado provas de uma produção de qualidade capaz de representar a heterogeneidade sociocultural de nosso país. Assim, este artigo busca expor, num primeiro momento, a existência de uma multiplicidade de autoras e autores que vêm se firmando cada vez mais na cena literária nacional. Eles são exemplos de discursos descentralizados, trazendo a experiência de vozes periféricas, indígenas, de autoria feminina negra, entre outras, para o debate e reflexão da literatura. Entretanto, esta multiplicidade não se fez presente na Feira do Livro de Frankfurt, em 2013, importante evento do mercado livreiro, que poderia mostrar ao mundo a diversidade de produções e autores de nossa cultura. A seleção da comitiva brasileira de certa forma espelhou, através das escolhas dos autores, o paradigma excludente do processo histórico nacional. Este roteiro de exclusões foi desvelado mesmo durante o evento, gerando polêmicas desencade...

O Brasil homenageado na Feira do Livro de Frankfurt em 2013: roteiro de exclusões

Opiniães, 2018

O surgimento e a afirmação de novas vozes no campo literário brasileiro têm dado provas de uma produção de qualidade capaz de representar a heterogeneidade sociocultural de nosso país. Assim, este artigo busca expor, num primeiro momento, a existência de uma multiplicidade de autoras e autores que vêm se firmando cada vez mais na cena literária nacional. Eles são exemplos de discursos descentralizados, trazendo a experiência de vozes periféricas, indígenas, de autoria feminina negra, entre outras, para o debate e reflexão da literatura. Entretanto, esta multiplicidade não se fez presente na Feira do Livro de Frankfurt, em 2013, importante evento do mercado livreiro, que poderia mostrar ao mundo a diversidade de produções e autores de nossa cultura. A seleção da comitiva brasileira de certa forma espelhou, através das escolhas dos autores, o paradigma excludente do processo histórico nacional. Este roteiro de exclusões foi desvelado mesmo durante o evento, gerando polêmicas desencade...

Regimes de visibilidade no mercado editorial globalizado: Brasil e Argentina como convidados de honra na Feira do Livro de Frankfurt

O objetivo deste trabalho é discutir a presença da Argentina e do Brasil como países convidados de honra na Feira do Livro de Frankfurt, respectivamente em 2010 e 2013. Consolidada como maior evento do mercado editorial em nível global, essa feira concede anualmente um espaço privilegiado de visibilidade a mercados editoriais não centrais. Nesse momento, agentes e instituições públicas e privadas de cada país se mobilizam para arquitetar essa presença, organizando atividades culturais, debates e palestras com a presença de autores nacionais. Pelo estudo comparado desses dois casos, buscaremos apreender algumas especificidades da formação dos campos editoriais brasileiro e argentino com relação a um espaço internacional de disputas, produzido pelos fluxos desiguais de edição e tradução em escala global. Tal discussão traz dois panos de fundo: a constituição histórica do setor editorial-livreiro nos dois países, moldada por fatores diversos, e a posição relativa de cada um em seu respectivo mercado linguístico e no mercado editorial global. Tal abordagem insere-se nos esforços de compreender os nexos entre Estado, cultura e economia nas dinâmicas da sociedade contemporânea.

Os primeiros anos da "Escola de Frankfurt" no Brasil

Lua Nova, 2014

Nosso objetivo neste artigo é mostrar o que consideramos ser a primeira fase do processo de recepção da Escola de Frankfurt no Brasil, com ênfase na produção de alguns intelectuais brasileiros, pioneiros nesse processo não apenas como tradutores e divulgadores da teoria crítica, mas também como intérpretes da realidade nacional. Esse período histórico foi marcado ao mesmo tempo pela repressão do regime militar, pela consolidação da indústria cultural e pelo crescimento das ciências sociais no país. Apontamos para a importância de intelectuais como José G. Merquior, Roberto Schwarz, Gabriel Cohn e Flávio Kothe, que, em diferenciadas nuances teóricas, iniciaram a recepção das ideias frankfurtianas no Brasil e sua imersão em nosso contexto intelectual. Apontamos ainda as dificuldades de compreensão de um modelo de pensamento bastante complexo.

Edição e tradução, entre a cultura e a política: Argentina e Brasil na Feira do Livro de Frankfurt

Este artigo analisa a participação da Argentina e do Brasil como países convidados de honra (em 2010 e 2013, respectivamente) na Feira do Livro de Frankfurt. Remetemos tais presenças à história recente da feira e ao seu papel na estrutura dos fluxos e circuitos de edição e tradução em nível mundial, estrutura esta regulada pelas relações desiguais entre distintos países e mercados linguísticos. Analisamos as negociações entre entidades do poder público e da política setorial que deram origem a tais participações; as ênfases temáticas escolhidas para compor os estandes; e as características socioprofissionais dos autores de cada delegação. A conclusão é que tais casos permitem observar relações específicas entre intelectuais e Estado em cada contexto, na medida em que fazem emergir não apenas as tensões entre cultura e economia, mas também os modos específicos como cada país " traduz " questões locais para um âmbito de trocas simbólicas transnacionais. Palavras-chave: mercado editorial, tradução, Feira do Livro de Frankfurt, Brasil, Argentina.

A Acumulação Primitiva de Frankfurtianismo: breve notícia sobre a Teoria Crítica brasileira

Este trabalho apresenta a apropriação do pensamento frankfurtiano por Paulo Arantes e Roberto Schwarz como uma resposta a problemas de interpretação da experiência nacional cuja compreensão exige uma contextualização dentro do quadro geral do desenvolvimento do capitalismo, bem como uma perspectiva de crítica radical da sociedade burguesa. Essa abordagem parte das primeiras recepções da Teoria Crítica no Brasil, na década de 1960, quando do golpe civil-militar, e na década de 1970, época da assim-chamada “reabertura democrática”. Em ambos os momentos, a recusa da prescrição soviética à aliança com a burguesia nacional levou certos intelectuais a revisarem as categorias do marxismo ortodoxo, buscando inspiração na crítica da modernização burguesa delineada pela segunda geração da Escola de Frankfurt. Ademais, o conceito marxiano de Acumulação Primitiva de Capital desempenhou a função fundamental de enfatizar a continuidade entre a violência colonial, na alvorada da história brasileira, e a entrada tardia do país no capitalismo mundial. A geração de Schwarz e Arantes percebeu aquela continuidade não como algo acidental e excepcional, mas como um exemplo do que, na sociedade burguesa, é a regra, de modo a fazer emergir a imagem de uma precária modernização brasileira que não era um processo inacabado, mas completo em sua precariedade mesma: a integração miserável do país dentro da divisão internacional do trabalho. Por outro lado, certas especificidades daquela integração, na medida que aparecem como algo mais do que um acidente brasileiro, pode, podem ser expandidas de modo a contribuir para um diagnóstico do capitalismo como um todo. Schwarz desenvolve essa problemática através de uma interpretação da obra literária de Macho de Assis, na qual a elite brasileira do século XIX, ao mesmo tempo escravista e liberal, exemplifica a compatibilidade entre as luzes européias e a brutalidade colonial, funcionando como chave para entender as limitações e promessas da civilização burguesa.

A recepção da obra de Franz Kafka no Brasil

Pandaemonium Germanicum, 2005

O objetivo do presente ensaio é apresentar um panorama geral da recepção brasileira de Kafka. O texto inicia-se com a justificativa sobre a pertinência da pesquisa e mostra como Kafka, no início de seu processo receptivo, ou seja, 1956, foi traduzido de maneira não sistemática para o português. O primeiro texto publicado no Brasil foi Die Verwandlung, cuja versão alemã data de 1915. Entretanto a narrativa não foi traduzida a partir do alemão, mas sim do inglês. Outros textos foram traduzidos a partir do francês. Traduções diretas do original alemão só vieram a lume a partir de 1983, entre elas: Kleine Fabel, Der Geier, Gibs auf! e Vor dem Gesetz É digno de nota que, já em 1941, publicaram-se ensaios e outras informações sobre Kafka e sua obra, portanto muito antes das traduções das obras propriamente ditas. Em agosto daquele mesmo ano, por exemplo, Otto Maria Carpeaux escreveu o primeiro artigo sobre o autor no jornal Correio da Manhã. A obra de Kafka é hoje tema de inúmeras pesquisas.

A recepo da obra de Franz Kafka no Brasil

This essay aims at making a survey of Kafka's reception in Brazil. After justifying the importance of this study, I show how intermittently Kafka's work was translated into Brazilian Portuguese in the very beginning of his reception, that is to say, 1956. The first text published in Brazil was Die

Da França para o Brasil - a Literatura Portuguesa a Agradecer

Convergência Lusíada

Em 1884 Mariano Pina escrevia nas páginas da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, jornal de que era correspondente em Paris, um artigo dedicado a Eça de Queirós. Escondidas sob a aparente forma de uma crónica banal, versando o encontro de dois amigos, nela encontramos informações relevantes, esclarecedoras de factos desconhecidos da vida e da obra do romancista português.