Contra as desigualdades: propostas para ir além da crise (original) (raw)
Há poucos dias, redigi um pequeno texto, que também está publicado no Linkedin, com o título "Segurança Pública: segurança da cidadania". Naquele escrito, esbocei uma síntese de algumas ideias que tenho desenvolvido em decorrência de observar situações e acontecimentos do cotidiano que precisam de soluções e aperfeiçoamentos. Já há disponibilidade de tecnologias para que a sociedade, a brasileira especialmente, possa avançar em seu grau de desenvolvimento humano assegurando patamares superiores de qualidade de vida para toda a população. Todos sabemos disso. A questão é que a sociedade precisa decidir gerir as riquezas de que dispõe de um outro modo; um modo que possa garantir a reconstrução e a perenidade de melhores condições dignas de vida para todos. O que implica em que a nossa gestão das riquezas (ambientais, financeiras, econômicas, sociais, culturais e tecnológicas) deve ter como força motriz uma forte e compartilhada decisão central: há que agirmos todos, na direção de reduzir desigualdades. Parece discurso repetitivo, mas não é. É uma necessidade imperiosa de enfrentar os desafios novos e ainda maiores de uma sociedade que está diante de uma surpreendente depressão econômica provocada pela difusão de uma doença até então desconhecida. É fato que Jean Jacques Rousseau, um dos expoentes do pensamento político francês, nos tempos da Revolução Francesa já se defrontara com o tema da desigualdade entre os homens, num pequeno escrito, denominado "Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens", hoje felizmente disponível gratuitamente, em domínio público, e acessível facilmente, pela internet. Também é fato, e não posso esquecer-me de citar, uma publicação de excepcional qualidade, de um professor africano conhecedor e engajado nos movimentos de descolonização dos países da África, Samir Amin, de 1973, sobre o desenvolvimento desigual: "Le Développement Inégal: essai sur les formations sociales du capitalisme péripherique". Esta publicação, infelizmente nunca traduzida no Brasil, é de teor bem menos filosófico do que a de Rousseau e orienta-se pela discussão da economia política, algo que parece ter mais interessados em discutir. Aponta questões relativas às operações comerciais entre os regiões e países do mundo, citando clivagens relativas aos problemas das disparidades das condições de troca, a dizer, dos volumes de produção comercializados no mercado internacional em condições de trocas cambiais muito desfavoráveis aos países da África, América do Sul e Central e da Ásia; também identifica a tendência inerente ao modus operandi do capitalismo, de ampliação de mercados, de tal modo que as economias "centrais" praticamente compram não apenas os produtos das economias "periféricas", mas os próprios mercados das "economias periféricas". Mais recentemente, em outras perspectivas, o tema das desigualdades foram abordados sob a ótica da equidade, por John Rawls,