DANDO A LUZ À LIBERDADE: A TRAJETÓRIA DE UMA MÃE ESCRAVA E SUA PROLE (VILA DE SÃO BORJA, RIO GRANDE DE SÃO PEDRO, SÉCULO XIX (original) (raw)

UTILIZANDO AS LENTES DO BATISMO E DA ALFORRIA: A ESCRAVIDÃO COMO ELEMENTO ESTRUTURANTE NA FORMAÇÃO DA VILA DE SÃO JOÃO BATISTA DE NOVA FRIBURGO, RJ, 1820-1850

2017

Resumo: Utilizo os registros de batismo de escravos da Vila de Nova Friburgo realizados entre 1820 e 1850, documentos massivos e reiterativos, para extrair as principais características dos escravizados que ali viveram. Analiso o fluxo de escravos com o objetivo de mapear as gradações desse sacramento entre os cativos. Busco, ainda, investigar o parentesco ritual concretizado no ato do batismo. Utilizo as cartas de alforria para dar mais densidade aos dados do batismo. Pretendo, com isso, apresentar a escravidão como elemento estruturante da sociedade friburguense da primeira metade do século XIX. Palavras-chave: Escravidão; Batismo; Nova Friburgo. Abstract: I use the records of the slaves' baptism from Nova Friburgo village in the years 1820 to 1850, to extract the main features of the enslaved that lived there with massive and reiterative documents. Analyze the flow of slaves in order to map the gradations of this sacrament among the captives. I seek also; investigate the kinship ritual to concretize the act of baptism. I use the Artigo recebido em 7 de agosto de 2017 e aceito para publicação em 27 de agosto de 2017.

CULTURA JURÍDICA DA LIBERDADE: AUTOS CÍVEIS E PETIÇÕES ENVOLVENDO ESCRAVOS E FORROS NA CIDADE DE SÃO PAULO, SÉCULO XVIII

2020

Esta dissertação se debruça sobre autos cíveis e petições envolvendo escravos e forros como autores e réus na cidade de São Paulo no século XVIII e busca recuperar a dinâmica das instituições e dos agentes. Nesse sentido, é nosso foco a cultura jurídica vinculada às demandas de escravizados e alforriados a partir da análise de autos cíveis e petições que tocam em pedidos de liberdade, escravização ilegal, pedidos de anulação de alforria e cobranças de dívidas. Esta pesquisa busca ainda compreender a incorporação social e formas de resistência destes sujeitos à medida em que discute sua atuação social. O recorte espacial em torno da cidade se fundamenta na medida em que ela era a sede administrativa e comercial da região. A capitania de São Paulo passou, no século XVIII, por profundas transformações no crescimento demográfico marcado, principalmente, pela intensiva entrada de contingente de escravos africanos, sobretudo na segunda metade do século, com a expansão da lavoura canavieira na esteira da dinamização econômica presente na sociedade paulista.

A SENZALA EM MOVIMENTO: NOTAS SOBRE OS PRIMÓRDIOS DA FAMÍLIA ESCRAVA NOS CAMPOS DE VIAMÃO (1747-1758

O presente texto integra o segundo capítulo de minha dissertação de mestrado que se encontra em desenvolvimento. Nas páginas a seguir versarei sobre as características da família escrava em Viamão, capitania do Rio Grande de São Pedro, entre os anos de 1747 e 1758. As considerações apresentadas não são conclusões definitivas, mas algumas tendências e hipóteses a partir da primeira análise do material levantado, necessitando ainda de um tratamento mais apurado. Antes mesmo da efetivação da colonização portuguesa no atual território do Rio Grande do Sul, os Campos de Viamão já atraiam a atenção e cobiça de muita gente. Interessados no gado selvagem existente naquelas paragens, expedições saíam da vila de Laguna, em Santa Catarina, para arrebanhar vacuns, muares e cavalares a fim de atender as demandas da região das Minas. Os ditos Campos eram um topônimo impreciso, embora usual no século XVIII, que correspondia à porção de terras situadas ao sul do rio Mampituba, tendo como limites oeste e sul o Lago Guaíba e a Lagoa dos Patos e a leste o Atlântico, 2 a grosso modo, a porção nordeste do Rio Grande do Sul, na época capitania do Rio Grande de São Pedro. A fixação de colonizadores de origem lusitana nos Campos de Viamão é anterior à própria fundação da vila de Rio Grande, sendo que os primeiros pedidos de sesmarias na região datam de 1732, enquanto o estabelecimento da vila foi somente cinco anos mais tarde. Com o passar dos anos, mais do que povoados por gado, os Campos de Viamão foram povoados por famílias. Em 1747 é criada a freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão, possibilitando aos habitantes das estâncias casarem e batizarem seus filhos sem precisar se deslocar até Laguna. Ao analisar as estratégias familiares e políticas da elite da América lusa meridional, Fábio Kühn constatou que

PODER E MEMÓRIA NO LIVRO, INCIDENTES DA VIDA DE UMA ESCRAVA

Resumo A identidade, oralidade, memória e tradição estão presentes no livro Incidentes da vida de uma escrava de Harriet Jacobs. O livro tinha como objetivo denunciar a escravidão, fazer um combate histórico. Ao contar suas memórias Harriet de forma sutil acaba por revelar todas as representações simbólicas criadas para a manutenção da escravidão. Este artigo procura analisar esse percurso simbólico que está intimamente ligado ao poder de transformarem seres humanos em escravos e seu combate através da construção de uma nova narrativa contra a escravidão. Abstract Identity, orality, memory and tradition are present in the book Incidents in the life of a slave Harriet Jacobs. The book was intended to denounce slavery, to a combat history. In telling their memories of Harriet subtly turns out all symbolic representations created for the maintenance of slavery. This article analyzes the symbolic walk which is closely connected to the power to transform human beings into slaves and their struggle through the construction of a new narrative against slavery. Introdução A História nada mais é do que a construção de uma narrativa sobre os fatos passados. Há que ser levado em consideração os fatores subjetivos, pois a nossa visão sobre os acontecimentos muda a cada momento. O objeto está sempre plasmado pela individualidade, cultura, costumes, trajetória de vida, e experiências do observador. A

DA ESCRAVIDÃO À LIBERDADE: A história de Maria da Conceição, roubada e escravizada (Nazaré, 1830-1876)

Estudos Históricos (Rio de Janeiro), 2019

Resumo Em 1830, Maria da Conceição, moradora da Vila de Nossa Senhora da Ajuda de Jaguaripe, recôncavo sul da Bahia, foi vítima da prática ilícita de “reduzir pessoa livre à escravidão”. No longo período de 1830 a 1876, permaneceu ilegalmente como escrava. No Brasil, a legislação em vigor poderia ajudar a referida “escrava” na tentativa de obter a sua liberdade de volta, mas o caminho empreendido por ela até a Justiça, na qual teve que provar sua condição de mulher livre, levou longos e penosos 46 anos. Essa história será contada a partir do processo civil de ação de liberdade movido por ela em 1876. Os dados localizados em tal processo e o cruzamento de outras fontes foram o fio condutor para entender as tramas vividas por essa mulher que, na contramão de uma sociedade escravista marcada pela hierarquia de gênero, conseguiu alcançar seus objetivos, revelando, assim, que em diversas situações, o resultado das relações de poder nem sempre foi negativo para as mulheres. Sua história d...

CAVAZZANI, André Luiz M. UM ESTUDO SOBRE A EXPOSIÇÃO E OS EXPOSTOS NA VILA DE NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS DE CURITIBA (Segunda metade do século XVIII). Dissertação de Mestrado. Programa de pós graduação em História da Universidade Federal do Paraná. Curitiba : UFPR,2005

This research is dedicated to the study of some varieties concerning the phenomenon of exposing children. This custom, unfortunately remaining until these days, has been identified by historiography in other times and places, varying only the explanations, the reasons, the circumstances, the relation with the set of births and the social sensibilities about this fact. The background for this study is “Vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba”, during the second half of XVIII th century. Everything indicates, that in most places of colonial Brazil, the village of Curitiba, still in the seven hundred, did not make use of a “Santa Casa de Misericórdia” to support the foundlings. Besides, the analysis of the chamber documentation indicates that the Chamber of the Village of Curitiba did not assume for itself either the incumbency of the foundlings. This did not inhibit the abandonment that was carried through in wild places and mainly to the “fogos” doorsteps. By adding data from the catholic registers - baptisms, deaths and marriages - nominative surveys and documentation like this sort is to try to identify the new born that were abandoned during the second half of XVIIIth century in the Village of Curitiba, to characterize the profile of the homes that received them, to identify, using the marriage certificates, in nominative lists, the nature of the marriage arrangements that involved individuals qualified as abandoned, to characterize the profile of the homes that were commanded by the foundlings and finally to analyze if the social life of the abandoned ones - as a child and as an adult – carried marks of their first condition. All this is to try to recover the life trajectory of these children with the intention to understand how their insertion in society happened and also what was the foundlings role in the complexity of the social relations that occurred in colonial Brazil and, in a more specific way, in the Village of Curitiba in the seven hundred. Key words: child abandonment; early childhood; Brasil colonial history; history of Paraná. 10 A pesquisa ora proposta dedica-se ao estudo de algumas variáveis acerca do fenômeno da exposição de crianças. Este costume, que encontra lamentável recorrência até os dias de hoje, vem sendo identificado pela historiografia, também em outras épocas e lugares, variando apenas, as explicações quanto aos motivos, às circunstâncias, à relação com o conjunto dos nascimentos e as sensibilidades sociais diante deste fato. O pano de fundo para este estudo corresponde à Vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais de Curitiba, à segunda metade do século XVIII. Ao que tudo indica, a exemplo de uma vasta gama de localidades no Brasil colonial, a vila de Curitiba, ainda no setecentos, não dispunha de uma Santa Casa de Misericórdia que pudesse amparar os enjeitados. Paralelamente, a análise da documentação camarária trouxe indicadores de que na vila de Curitiba a Câmara, no decorrer do século XVIII, também não assumiu para si o encargo dos expostos. Isto não inibiu o abandono que era realizado em locais ermos, monturos e, principalmente, “à porta dos fogos”. Nesse quadro, agregando dados provenientes das atas de catolicidade — batismos, óbitos e casamento — levantamentos nominativos e documentação coeva procurou-se: identificar os recém nascidos enjeitados na vila de Curitiba na segunda metade do século XVIII; qualificar o perfil dos domicílios que os receberam; identificar com base nos registros de casamento e nas listas nominativas a natureza dos arranjos matrimoniais que envolveram indivíduos qualificados como expostos; qualificar o perfil dos domicílios que eram chefiados por expostos; e finalmente, analisar se a vida social destes indivíduos – como criança e como adulto – carregava marcas de sua condição ao nascer. Isso tudo para tentar recuperar a trajetória de vida destas crianças com o propósito de entender como teria se dado a sua inserção naquela sociedade e, para além disto, qual teria sido o papel do exposto na complexidade das relações sociais que grassaram no Brasil Colônia e, de maneira mais específica, na Curitiba Setecentista. Palavras-chave: abandono de crianças; expostos; infância; Brasil colônia; história do Paraná.