CIBERCEPÇÃO DA MORTE Luto virtual e misticismo tecnológico (original) (raw)

Morrer conectado: quando a vida virtual se depara com a morte real

2015

Esta tese tem como objetivo principal a análise de algumas formas de narrar e de vivenciar o fim da vida na rede mundial que atualmente conecta computadores, telefones celulares e toda uma variedade de dispositivos digitais. O ponto de partida para esta investigação é a constatação do estranhamento causado pela percepção da morte na internet. Se estamos tão acostumados com os usos da web em nossos cotidianos, porque a presença da morte nesse espaço nos surpreende, fascina e incomoda tanto? Uma primeira pista para responder a essa questão é notar que, de fato, certas práticas que acontecem em ambientes online permitem que, mesmo depois do falecimento no mundo real, uma sorte de vida continue no mundo virtual. A morte, como um instante muito preciso de ruptura entre o que acontece offline e o que se passa online, apresenta-se como o enigma que move esta pesquisa. Acreditamos que, apesar de estar tão estreitamente ligada ao ser humano, nem a morte, nem muito menos a maneira de lidar com ela, podem ser tratadas como temas evidentes ou universais. Sendo assim, o primeiro passo neste estudo é indagar o que seria essa “vida conectada”, que está se tornando parte do cotidiano de tantas pessoas nas sociedades contemporâneas, para apenas depois mergulhar numa busca de entendimento da morte nesses territórios. Nesse sentido, consideramos a internet como um emblema da sociedade contemporânea, e as redes sociais como um ícone da relação que vem sendo estabelecida entre vida e mundo virtual. Por isso, esses sites serão o foco principal deste estudo. Assim, primeiramente, abordamos as redes sociais que foram criadas para a convivência de pessoas vivas, mas foram se tornando territórios nos quais os mortos também se fazem presentes. Em seguida, focamos nossa atenção a espaços online construídos por pessoas vivas, mas dedicados a pessoas que já faleceram, tais como os perfis em redes sociais para pessoas mortas. Por fim, trataremos da divulgação de vídeos-homenagens na internet, fazendo uma análise comparativa com dois documentários autobiográficos produzidos recentemente no Brasil. Nesse último momento também realizamos uma reflexão sobre o potencial mágico que os vestígios deixados por alguém que se foi abrigam, relacionando esse aspecto à tentativa de um filho de trazer o seu falecido pai de volta ao mundo dos vivos como parte de um projeto dito científico.

Tanatociber: Representações de Morte e Luto nos Jogos Digitais

Anais do XIII Simpósio Nacional da ABCiber, 2020

O presente artigo versa sobre as representações de morte e luto em jogos digitais enquanto novas formas de expressão e alargamento de visibilidades na cibercultura. Passando por intra e multidisciplinaridades que envolvem tanatologia, pós-modernidade e jogos digitais, propomos um estudo exploratório a partir de mini casos para que seja possível conceber as convergências e reverberações do lúdico nas disposições afetivas que envolvem a morte e do luto. Nos centramos, portanto, em vislumbrar como esses fenômenos afetam a grande rede vital de certas comunidades de jogadores e jogos, assim como as estratégias vitais e lúdicas inventadas para lidar com esses eventos.

Morte, Imortalidade e Ciberutopias

Neste ensaio, foram percorridas brevemente algumas das abordagens que fazem da morte um problema filosófico por excelência, localizando na atitude de negação o desejo de imortalidade e apresentado-a como motor que perfaz a atividade humana e sua empresa. Ao revisar alguns discursos acerca dos mitos de imortalidade, foram detectadas atualizações no contexto das sociedades tecnologicamente desenvolvidas. Discutiu-se de modo mais pormenorizado, ainda que sumário, as possíveis implicações filosóficas do whole-brain emulation 1 (WBE), também conhecido por mindupload, um projeto que promete a transcendência do corpo através de sistemas computacionais.

A morte do ciberespaço

PORTAIS DA TERRA: Contribuições dos estudos humanistas para a Geografia Contemporânea 1, 2023

Etnopedologia e a Geografia Humanista: a religação dos saberes pela geosofia dos que amanham a terra Valéria Amorim do Carmo Trilhas interpretativas... o caminhar pela imaginação do habitar a Terra

O grotesco na era virtual: Navegando na Web com o barqueiro da morte

Revista Extraprensa, 2015

Em A divina comédia, de Dante Alighieri, Flégias é o barqueiro, responsável por fazer a travessia das almas no inferno, pelo rio Estige. Gil Vicente, em sua “trilogia das barcas”, também evoca o soturno comandante, responsável pela navegação derradeira. Atualmente, o vocábulo “navegar” adquire nova acepção, referindo-se ao acesso à Internet. Neste sentido, pretende-se desenvolver a metáfora do barqueiro da morte que conduz a navegação virtual, em nossos dias, ao investigarmos a fetichização dos crimes, das aberrações e do insólito, na Web, relacionando-a, em linhas gerais, ao grotesco.

Sociabilidade transcendental no ciberespaço: A vida on line após a morte

gitsufba.net

Discutir novas formas de sociabilidade em nossa contemporaneidade implica no abandono do concreto para dar lugar ao abstrato, conceito melhor aplicável ao ciberespaço, pois é nele e a partir dele que surgem novos olhares sobre a vida e consequentemente sobre tudo o que está a ela relacionado, inclusive a morte. Considerando o fato de que o ciberespaço comporta uma dimensão na qual a realidade virtual suprime a necessidade das experiências táteis eximindo a presença do corpo, selecionamos para fins de análise o site Interllitar que oferece o serviço de imortalidade virtual. Diante dessa perspectiva, este artigo se propõe e refletir sobre a forma como a morte vem sendo encarada em tempos de cibercultura pelos indivíduos cada vez mais conectados com a realidade virtual e cada vez mais alheios ao real.

MÁQUINA MORTÍFERA E A CONSTRUÇÃO DO HERÓI VIRTUOSO

RESUMO O herói, como definição geral, é alguém que alcançou uma excelência, no mínimo, na questão combativa. Dessa virtude partem diferentes definições de herói, de uma vertente antiga até outra de consumo. A ideia aqui é analisar a representação da figura do herói, o policial americano, do filme Máquina Mortífera (1987), Martin Riggs. A análise aqui será mobilizada por via das reflexões nietzschianas, a moral do escravo, a moral do guerreiro, e dos procedimentos da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). Como resultado parcial, observa-se que o protagonista possui a virtude do herói para exercer a moral do guerreiro de maneira purificada, através da vingança. Assim, a moral do guerreiro se converte em moral do escravo, porém sem os mesmos julgamentos morais em negativos atribuídos ao vilão fora da lei.

DESCOBERTA DE DESTINO, CASTRAÇÃO E MORTE NA MÁQUINA CIBERNÉTICA

Psicanalise & Barroco em revista, 2012

RESUMO: Lacan faz referência a uma dinâmica cara à filosofia ao propor a tese do inconsciente estruturado como linguagem: a noção de dialética. A dialética proposta pelo psicanalista, no entanto, se distingue da dialética concebida no âmbito da filosofia. A dialética lacaniana se realiza enquanto jogo de significantes que se alternam e se enlaçam a partir da possibilidade conjugar tanto os planos do Simbólico quanto do Real e do Imaginário. Uma das maneiras pelas quais o psicanalista expõe a realização da dialética em questão é junto à exposição do mecanismo em jogo na máquina cibernética. Seguindo a lógica exposta através dessa metáfora, ao se afastar a morte, ela retorna, já na modalidade de sintoma. É preciso dar lugar à fala para que o sintoma possa ser transformado em palavra, de modo que a morte seja inserida no vir a ser do sujeito e passe a se realizar como destinação. PALAVRAS-CHAVE: Máquina cibernética. Muro da linguagem. Destino. * Fabíola Menezes de Araújo. Doutora em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. Possui graduação em Filosofia pela UERJ (2005) e mestrado em Filosofia pela mesma Universidade (2007). Foi professora de filosofia do Estado e do Colégio Pedro II. Apoio institucional: CNPQ; agradecimento: ao Prof. Joel Birman; trabalho originado de pesquisa de tese.

Tecnologia e " Morte Natural " : o Morrer na Contemporaneidade

O desenvolvimento de técnicas voltadas ao prolongamento da vida acarretou mudanças significativas na concepção de morte. Este artigo analisa as representações contemporâneas da "morte natural" e sua relação com o uso de tecnologias médicas. Através de revisão bibliográfica, são examinadas as concepções de "morte natural" e de "morrer bem" construídas pelos diversos atores sociais envolvidos no processo do morrer. A literatura evidencia a construção contemporânea de um ideário e de uma trajetória necessários à realização do modelo da "boa morte". Esse modelo do "morrer bem" é construído em contraposição ao uso de técnicas para o prolongamento da vida. Estudos apontam a complexidade e ambivalência presentes no que seriam a morte natural ou não-natural, pois essas representações se encontram imbricadas com a concepção da "boa morte" como escolhida e produzida pelo doente. Deste modo, a tecnologia médica torna-se intrinsecamente constitutiva do "morrer natural".